O Plural aproveita a onda de homenagens ao Dia da Criança para relembrar onde as crianças e adolescentes de Curitiba estão sendo deixadas para trás. Confira nossa cobertura sobre o desrespeito ao direito das crianças de ser prioridade absoluta (como estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente) e protegidas como seres em desenvolvimento.
1. Sem pediatras
A UPAs de de Curitiba estão com menos pediatras (em alguns casos, nenhum) para atender emergências com crianças. A Sociedade Paranaense de Pediatria diz que numa situação de risco, um profissional especializado faz toda diferença, mas o problema tem se mantido na capital.
2. Crianças da rede municipal tratadas como cidadãs de segunda classe
Durante a pandemia, as crianças matriculadas nas escolas da rede municipal ou como parte do convênio da prefeitura com instituições privadas foram tratadas de forma diferente. Enquanto quem pagava mensalidade teve direito a aulas presenciais, os estudantes das instituições públicas permaneceram em casa em 2020 e 2021. A justificativa: o ensino público mobiliza mais gente que o privado, o que agravaria a transmissão durante a pandemia.
Mas no caso de alunos de escolas privadas cuja mensalidade era paga pela prefeitura de Curitiba, as aulas voltaram para os estudantes particulares, mas não para os conveniados. O tratamento diferenciado afetou famílias de crianças de 0 a 3 anos.
3. Máscaras faciais de má qualidade
Ao voltarem para as salas de aula, os alunos das escolas municipais foram orientados a usar máscara facial. Mas as que foram fornecidas pela prefeitura eram tão ruins que nem a fábrica de onde elas foram compradas as oferecia no catálogo.
4. Sem tutores para crianças com necessidades especiais
A lei brasileira estabelece o direito de toda criança com transtorno do espectro autista a ter um tutor na escola. Mas os relatos de famílias de alunos indicando o desrespeito a esse direito são frequentes e já noticiados inúmeras vezes pelo Plural.
5. Vereadores combatem problemas de mentira, ao invés de ajudar de verdade
Os mais de 150 mil alunos da rede municipal de ensino de Curitiba enfrentam problemas reais todos os dias, de falta de professores a necessidade de reparos nos edifícios das escolas. Mas para a Câmara de Curitiba, toda a energia vai para problemas inventados, como a “ideologia de gênero”, um nome criado para combater o ensino de educação sexual. Outra cruzada dos nossos valentes parlamentares é contra o “banheiro unissex”, algo que não existe, mas provoca todo tipo de histeria na Câmara.
6. Preconceito contra o “diferente”
Falando em problemas inventados, um vereador atuou para constranger uma criança trans e sua mãe após ambas aparecerem num post da prefeitura de Curitiba no dia da Visibilidade Trans.
7. Autoridades e escolas não respeitam o direito de imagem das crianças
Enquanto sob a responsabilidade de adultos, as crianças têm pouco ou nenhum poder sobre a própria imagem. Mas com popularidade de redes sociais e a internet como um todo, os pequeninos de hoje vão conviver a vida toda com as consequências de terem fotos e vídeos seus circulando na web. A escola e as autoridades deveriam ser os primeiros a protegê-los, mas muitas vezes são justamente os que ignoram os direitos das crianças.
8. Crianças estão na rua, trabalhando
Falando em problemas reais, a FAS não tem levantamentos específicos sobre o número de crianças trabalhando nas ruas. Mas o problema cresceu o suficiente para merecer um programa próprio, o Anjos da Guarda, inaugurado pela FAS durante a pandemia, em setembro de 2020.
9. As problemáticas escolas “modelo” do Governo do Estado
Nas escolas militarizadas, modelo que está na vitrine da política educacional do Paraná sob Ratinho Junior, a realidade é cheia de problemas, com denúncias de violência e falta de políciais.
10. Incentivo a modelo de ensino para poucos
Num país de 200 milhões de pessoas, cerca de 30 mil famílias aderiram ao ensino familiar. Apesar da fatia pequena, o assunto mobiliza centenas de parlamentares no país inteiro. No Paraná, o tema preencheu horas e horas tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Municipal, enquanto a grande maioria que está nas escolas públicas do país ficam em segundo plano.
Ótima pauta, afinal só um jornal como o plural pra investigar e nos informar o que se passa. Realmente é um descaso total com o ensino fundamental anos iniciais. Espero que tome se uma atitude principalmente no que diz respeito ao direito das crianças com necessidade de ter atendimento individual seja atendido.
Mais uma excelente matéria.
As crianças são seres de direitos. Compete a nós, adultos, cuidar delas. Curitiba é propaganda demais e cuidados de menos
É por esta e outras que sou assinante do Plural.