Profissionais da Educação do Paraná confirmaram, nesta quinta-feira (11), que não voltam para as salas de aula enquanto o ritmo de contaminação por coronavírus estiver acelerado. O número recorde de casos e mortes por Covid-19, e a falta de estrutura das escolas para manter os protocolos de segurança, pesaram para que os educadores aprovassem a greve, em assembleia no dia 17 de fevereiro. Mesmo assim, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) mantém o retorno presencial das aulas para o dia 15 de março em todo o Paraná.
Segundo o governo do Estado, a posição dos sindicalistas “não reflete o posicionamento da ampla maioria dos profissionais da Educação”, por isso o retorno está mantido. A decisão vem no pior momento da crise sanitária iniciada há um ano com a pandemia do coronavírus. Somente hoje, foram 99 mortes e 4.336 novos casos confirmados no Paraná.
“O momento e difícil, com certeza, devido ao (sic) Covid o momento é muito delicado, mas a Educação não pode mais esperar. O aprendizado é melhor dentro da sala de aula, então precisamos voltar com segurança e estamos preparados. Todas as escolas têm álcool gel, mascaras, termômetro, distanciamento e 30% dos alunos nas salas”, diz o secretário de Educação, Renato Feder.
“Seguindo outros Estados, colocando a escola como prioridade, a escola é muito mais segura que outros lugares que as pessoas frequentam, como bares, restaurantes, shoppings, praças; e a escola é um lugar controlado onde tem segurança, onde todos usam máscara. Se acontecer algum caso de Covid, temos protocolo, a turma será fechada ou a escola será fechada, mas não podemos prejudicar todos os alunos do Paraná de terem o seu futuro e o seu aprendizado comprometido”, afirma Feder.
Pressão e riscos
Para os professores, “é uma pressão tremenda, uma postura extremamente negacionista do secretário, com sustentação do governador. Os protocolos, mesmo seguidos à risca, não irão impedir novas contaminações, o que prova o Inpa, que aponta uma onda ainda mais violenta em breve”, contrapõe o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão.
O estudo, solicitado pelos educadores, foi apresentado ontem (10) na sessão da Câmara dos Vereadores e prevê 100 mortes por dia somente na Capital do Estado caso o isolamento social não seja decretado.
O sindicato busca ainda um debate com os prefeitos, “pois vale a regra mais restritiva, então os municípios que suspenderam as atividades presenciais, o ideal é que se estenda para a Rede Estadual, pois não faz sentido a Municipal fechada e a Estadual trabalhando”.
Os professores, que já aprovaram a greve para as aulas presenciais, pedem a suspensão da retomada, no entanto, “se for mantido de fato, nós estamos indicando a não presença da nossa categoria nas escolas em defesa da vida, pois a situação é muito grave neste momento. Mas há esse terrorismo vindo do Palácio Iguaçu. Estamos juntos ao Ministério Público e aos deputados para que se corrija esse movimento desastroso que vai colocar em risco vidas que podem e devem ser preservadas”, conclui o professor Hermes.
Nos dias em que funcionaram, no início de fevereiro, para reuniões pedagógicas e acolhimento de pais, várias escolas da Rede Estadual registraram casos e até surtos de Covid-19, precisando ser fechadas para desinfecção.