RMC em colapso: 12 dos 17 maiores hospitais estão lotados

Ocupação real já passa de 100% enquanto ambulâncias fazem fila e pacientes esperam por leitos nas instituições públicas e privadas

A população de mais de três milhões de pessoas da Região Metropolitana de Curitiba tem apenas 15 leitos de UTI e Enfermaria Covid disponíveis nos 17 maiores hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Região, além das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que também estão superlotadas. Dos 1.951 leitos Covid (UTI e Enfermaria), 95% estão ocupados. O Hospital Angelina Caron (Campina Grande do Sul), o Hospital do Idoso, o Trabalhador (HT), o Erasto Gaertner e o Hospital de Clínicas (HC) são alguns dos que estão com suas UTIs 100% lotadas.

A situação é um exemplo claro de como o colapso do sistema de Saúde do Paraná está acontecendo na RMC, onde a maior parte dos municípios não decretou Bandeira Vermelha, como Curitiba, e mantém os serviços não essenciais abertos.

Na última quinta-feira (12), quando a Capital registrou o recorde de mortes (34) por coronavírus, uma fila de ambulância se formava em frente do maior hospital de Curitiba, o Hospital de Clínicas (HC). Eram cinco pacientes encaminhados das UPAs que aguardavam um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pelo SUS para tratar complicações causadas pela Covid-19.

Ambulâncias aguardam na porta do HC, em Curitiba. Reprodução: Plural.jor

Assim como o HC, os principais hospitais de Curitiba, tanto públicos quanto privados, estão sem nenhuma vaga para receber novos pacientes, seja pelo SUS ou por plano de saúde. Nos hospitais 100% SUS – caso do HC e do Hospital do Trabalhador – a situação dramática se agrava porque, ao contrário de hospitais privados que atendem o Sistema Público, estes não podem fechar as portas do PA, como fazem as instituições privadas.

A lotação entre os leitos SUS Covid adulto (UTI e Enfermaria) na Capital chegou a 97% nesta segunda-feira (15). Muitos já enfrentam lotação também na Pediatria, como é o caso do HC. Instituições de Saúde de Curitiba e Região Metropolitana 100% ocupadas nesta segunda, 15 de março, são: Hospital de Clínicas (HC), Hospital do Trabalhador (HT), Evangélico Mackenzie, Erasto Gaertner, Oswaldo Cruz, São Lucas e Angelina Caron (em Campina Grande do Sul). O Hospital Regional do Litoral também está sem vagas, assim como o “complexo de UPAs” – que inclui as unidades do Boa Vista, Cajuru, Campo Comprido, CIC, Pinheirinho e Sítio Cercado.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), com lotação próxima de 100% estão hoje: Reabilitação (98%), São Vicente-CIC (95%), Cruz Vermelha (87%), Hospital do Rocio (80%).

Entre os hospitais particulares de Curitiba, ao menos cinco já confirmaram lotação máxima e também o fechamento do Pronto Atendimento. São eles: Nossa Senhora das Graças, Marcelino Champagnat, São Vicente (Centro), Instituto de Neurologia e Cardiologia de Curitiba (INC) e Pilar.

Sobre a fila de ambulâncias em frente ao HC, o hospital informou que: “Entre 19h e 20h30 de quinta-feira (11), fomos avisados da transferência de cinco pacientes com Covid, vindos de diferentes UPAS da Capital. Nossas equipes estavam aguardando a chegada destes pacientes na quinta-feira (11), entretanto, as cinco ambulâncias chegaram no mesmo horário, na sexta-feira (12), por volta das 1h30 da madrugada. Por tratarem-se de pacientes em estado grave, intubados, a transferência das ambulâncias para o Hospital exige maior cuidado. Nenhum paciente ficou sem atendimento, pois já havia leitos para recebê-los. Nenhum paciente ficou sem oxigênio. Essa quantidade de ambulâncias não havia sido anteriormente registrada no HC e trata-se de um caso isolado.”

Ocupação real

Mesmo onde há vagas, a situação não é mais tranquila. É que além dos pacientes que já estão internados em leitos exclusivos para Covid-19, a RMC tem outros 471 pacientes que estão na fila aguardando um leito e 88 que foram diagnosticados com Covid, mas estão internados em leitos comuns. Com isso, a região tem 2.358 pacientes Covid necessitando de internação e 1.951 leitos Covid-19 ativados, ou seja, há, na realidade, um déficit de 407 leitos ou 21% do total da estrutura instalada.

A situação não é diferente no restante do Estado. Em todo Paraná, há 4.323 leitos Covid ativados e 5.910 pacientes necessitando de internação. No momento, a ocupação real da estrutura é de 136,7% e o déficit é de 1.587 vagas. A fila de pessoas aguardando vagas em hospitais chegou a 1.320 e outros 1.334 pacientes Covid estão em leitos de UTI e Clínicos da rede hospitalar privada.

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1 comentário em “RMC em colapso: 12 dos 17 maiores hospitais estão lotados”

  1. Ainda que com uma enorme tristeza de saber que Curitiba e o Paraná estão passando por esses momentos funestos, há que se reconhecer e elogiar o trabalho que o Plural vem fazendo de registro da realidade factual.

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