Só três cidades da RMC fecham atividades não essenciais

Outras duas apenas reduziram a lotação de shoppings, academias, cabeleireiros, igrejas e comércios, que continuarão abertos

É fato que grande parte dos pacientes que ocupam leitos nos hospitais de Curitiba vêm da Região Metropolitana, onde muitas cidades não possuem nem atendimento para casos graves de Covid-19. À beira do colapso nas Redes Pública e Particular, a Capital decretou Bandeira Vermelha, e pediu apoio para que os demais prefeitos seguissem as regras de restrição de circulação de pessoas, na tentativa de reduzir a transmissão do vírus. No entanto, apenas três das 25 cidades decretaram medidas rígidas até esta segunda-feira (15).

A informação e da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), que chegou a aprovar, pela manhã, uma minuta de decreto-base para todos municípios da Grande Curitiba ampliarem as restrições. “Somos uma cidade só e precisamos ter responsabilidade comum”, disse o prefeito Rafael Greca, que é presidente da Assomec. egundo ele, quanto mais alinhadas estiverem as ações da RMC melhores serão os resultados no combate à pandemia. “Será uma demonstração de amor à vida e ao nosso povo.”

Apesar do clamor de Greca, já feito na sexta-feira (12) após decretar Bandeira Vermelha em Curitiba, até agora, apenas três prefeitos seguiram Greca e mandaram fechar serviços e comércios não essenciais, como shoppings, salões de beleza, comércio, academias e igrejas.

Foram eles: Araucária, Pinhais e Campo Magro. Em Quatro Barras e São José dos Pinhais (maior cidade da RMC, com 330 mil habitantes e apenas 10 leitos de UTI, todos ocupados) até houve decreto, mas eles apenas reduzem a lotação e os horários de funcionamento dos estabelecimentos não essenciais, permitindo que muitos continuem abertos ao público. Nenhum prefeito explicou como pretende manter a fiscalização apropriada, visto que o efetivo já não dá conta de atender o número excessivo de demandas que chegam diariamente.

Roleta Russa

“É bem importante que os municípios adotem as medidas restritivas da Capital, pois estamos rumo ao colapso da Saúde em todo o Brasil, então é fundamental proibir atividades não essenciais que ajudam a propagar o coronavírus”, avalia a médica infectologista Camila Ahrens, do Hospital Marcelino Champagnat, que há dias está com as UTIs e Enfermarias lotadas, chegando ao ponto de suspender o Pronto Atendimento para a população.

“Estão faltando medicamentos básicos, ventilação, mão de obra de profissionais, especialmente para o tratamento intensivo. Temos que colocar menos pessoas possíveis em circulação para evitar acidente, pois não vai ter vaga para este paciente, nem vaga nem Centro Cirúrgico, tanto para tratar Covid como para outras doenças”, alerta.

A médica conta que hoje passou pela RMC e viu o comercio todo aberto, várias pessoas nas ruas. “Parecia que nada tava acontecendo, que as mortes não são verdade, parece um filme, uma novela. Não podemos viver assim. Parece que as pessoas negam a realidade e ela não está longe de acontecer com você ou com seu ente querido, que podem ser as próximas vítimas. Isso é uma roleta russa, as novas cepas estão pegando mais jovens, não tem vacina pra todos. Aquele sentimento de ‘posso tudo’ e ‘nada acontece comigo’ não pode existir, não dá pra pensar só agora, tem que pensar a longo prazo. O que não for essencial tem que deixar em segundo plano, pois a vida não tem preço”, conclui a infectologista.

Ajustes em Curitiba

Após apertar as regras conta a Covid-19, no dia 12 de março, o prefeito Rafael Greca (DEM) já voltou atrás. Nesta segunda (15) ele publicou novo decreto que afrouxa as medidas e estende o horário de funcionamento de restaurantes e lanchonetes – que passam a funcionar todos os dias das 10h às 22h (e não mais até 20h), apenas para entregas. Consumo no local está proibido.

Também o horário de outras atividades essenciais foi estendido e, assim, elas passam a funcionar de segunda a sábado das 7h às 20h – e não mais até 18h, como anteriormente estabelecido. No domingo, apenas entregas. São eles: comércio varejista de hortifrutigranjeiros, quitandas, mercearias, distribuidoras de bebidas, peixarias e açougues; mercados, supermercados e hipermercados; comércio de produtos e alimentos para animais. Confira o decreto na íntegra.

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