Eleições OAB-PR: chapa Algo Novo defende mudanças na gestão e administração da entidade

Em entrevista ao Plural, Marcelo Trindade fez críticas à direção da entidade e comentou as propostas da chapa

Há mais de 50 anos a seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é administrada pelo mesmo grupo de advogados. Nas eleições deste ano, com o objetivo de redirecionar a gestão da instituição, concorre a chapa de oposição Algo Novo, presidida pelo sócio-fundador do escritório Trindade e Arzeno Advogados Associados, Marcelo Trindade. Em entrevista ao Plural, o candidato antecipou os planos de campanha da chapa e fez críticas à atual gestão, que, em sua visão, não representa mais a categoria.

Alternância de gestão 

De acordo com Marcelo, a grande insatisfação da categoria em relação à forma como a OAB-PR vinha sido conduzida nos últimos anos fez com que, em 2018, surgisse a chapa Algo Novo – que saiu das eleições daquele ano com 31% dos votos. “Eu não me sentia representado pela OAB-PR e achava que ela não representava de fato a advocacia paranaense como deveria. Apesar de a chapa ter sido feita na última hora, com muita dificuldade, obtivemos uma quantidade significativa de votos, o que prova a própria insatisfação dos advogados e advogadas do Paraná.”

Para o candidato, é preciso fazer com que a OAB-PR volte a ter o protagonismo que possuía nas discussões sociais anos atrás. E, para isso, é necessário uma mudança na gestão da entidade. “A sociedade queria saber o que a OAB-PR pensava. Hoje, a instituição não é reconhecida nem mesmo pelos advogados. Ouço que muitos deles só estão inscritos porque é obrigação e pagam a entidade porque se não correm o risco de serem proibidos de advogar. Quando você chega nesse ponto que as pessoas veem a entidade, que deveria representar e defender elas, como algo meramente cartorial, tem algo muito grave que precisa ser mudado”, afirma.

O representante da chapa de oposição critica o “marketing” feito pelo atual mandato que, segundo ele, defende a advocacia iniciante e as prerrogativas dos advogados apenas na teoria. “Os advogados não têm espaço de participação dentro da Ordem e não vemos um respaldo nas pautas que são de interesse dos jovens advogados, que são os que mais necessitam do apoio da OAB”, analisa Marcelo. Um exemplo dado pelo candidato para ilustrar a crítica é o valor da anuidade que a categoria deve pagar à seccional paranaense, uma das mais caras do país. “Hoje, o que nós temos é uma OAB rica e uma advocacia empobrecida.”

Propostas da chapa

Além da redução da anuidade, a chapa Algo Novo propõe atenção especial aos jovens advogados e aos advogados autônomos; defesa das prerrogativas e garantias na atuação dos advogados; dignidade da profissão; e medidas para a retomada dos profissionais que perderam clientes e renda durante a pandemia.

“A Algo Novo dá um valor muito grande à pluralidade, participação das mulheres, de negros e todos os feitores da sociedade.” Segundo Marcelo, a candidatura lançada em 2018 fez algo inédito até então: defendeu a paridade de gênero dentro das chapas. A partir deste ano, essa condição – ter ao menos 50% da chapa composta por mulheres e 30% por pessoas pretas – passou a ser regra nas eleições das seccionais da Ordem de todo o Brasil.

“A OAB-PR precisa ter uma gestão mais democrática e descentralizada para que as subseções tenham mais autonomia. Isso tudo precisa mudar e nós sabemos que não vai porque senão esse pessoal que está lá há quase 50 anos já teria feito isso. É necessário que tenhamos algo novo e é por isso que nós estamos aqui”, finaliza.

As eleições no Paraná ocorrerão de forma online, no dia 25 de novembro, das 8h às 18h. Além de concorrer contra a chapa da situação, a XI de Agosto, encabeçada por Marilena Winter (presidente), Fernando Deneka (vice-presidente), Henrique Gaede (secretário-geral), Roberta Santiago Sarmento (secretária-geral adjunta) e Luiz Fernando Casagrande Pereira (tesoureiro); a Algo Novo disputará a presidência da instituição com a chapa Artigo 5º, composta por Romulo Quenehen (presidente), Rafaela Almeida Noble (vice-presidente), Luci Terezinha Rodrigues de Jesus (secretária-geral), Otoniel Oliveira Santos (secretário-geral adjunto) e Marcio Isfer Marcondes de Albuquerque (tesoureiro).

Reportagem sob orientação de João Frey

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