Eleições OAB-PR: candidata da XI de Agosto defende perspectiva de gênero na advocacia

Marilena Winter fala sobre o processo de candidatura e propostas da chapa XI de Agosto

Em quase 90 anos de história, a seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nunca teve uma mulher em sua presidência. Em 2021, pode ser a primeira vez que uma pessoa do gênero feminino ocupe o cargo. Nestas eleições, a procuradora de Curitiba e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Marilena Winter, concorre pela chapa XI de Agosto. Em entrevista ao Plural, a candidata comentou sobre e as propostas da chapa e a importância de uma abordagem de gênero na advocacia.

Perspectiva de gênero

“Nós temos uma atuação muito consciente e forte em relação a um tema muito contemporâneo. Acho que é preciso modernizar muitas pautas, não só da advocacia, mas da sociedade como um todo. Uma delas é a inserção da perspectiva de gênero, tanto nas decisões judiciais, como no âmbito administrativo e da atuação de um modo geral do Poder Público. Isso é dizer que as mulheres, muitas vezes, têm demandas que necessitam um olhar muito atento para esse universo singular que é o feminino”, afirma Marilena, que exemplifica a fala com o veto de Jair Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes para estudantes, mulheres em situação de vulnerabilidade e privadas de liberdade.

Marilena explica que, frequentemente, por a legislação ser “formal e abstrata”, é preciso uma certa flexibilização para que ela seja aplicada de forma equitativa. “Trazer a perspectiva de gênero para os debates em um diálogo cooperativo com as demais esferas da Justiça e dos Poderes Públicos é algo que nós podemos fazer. Mas nós também temos outras parcelas dentro da própria advocacia que precisam de uma atenção especial, pessoas com deficiência, por exemplo. Nem todos os processos e procedimentos estão adaptados para elas.”

No total, a OAB-PR teve 30 presidentes, todos homens brancos. Se eleita, Marilena será a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto da Ordem no estado. A candidata, que encara o processo como algo natural, entende que sua trajetória profissional lhe habilita para a função de presidenta da entidade. “Vejo isso como um reconhecimento da profissional e mulher que eu sou. Mas também como uma quebra de paradigma simbólica muito significativa. Fazer esta passagem de um momento de pouca participação feminina para uma maior participação é um processo que marcará a história”, afirma.

Esse crescimento da presença feminina nos pleitos da OAB já pode ser sentido em todo o país. Não só no Paraná, mas em outras seccionais, mulheres estão concorrendo à presidência dos órgãos. “É muito justo e necessário que esse momento acontecesse. Eu vejo esse movimento com muita vibração e otimismo. Esse processo da OAB do Brasil é algo que pode inspirar muito a sociedade e inspirar outras profissionais e outras mulheres para este caminho. Eu acredito muito que a presença, participação e competência feminina vêm para colaborar e cooperar para ótimos resultados.”

Propostas da chapa

A candidata adianta que, embora a plataforma de propostas da chapa ainda esteja em construção, as diretrizes gerais que serão seguidas já estão definidas. Entre os principais projetos da XI de Agosto estão a modernização da OAB-PR, oportunidades para a advocacia iniciante, o aperfeiçoamento na advocacia dativa, o acesso digital, inclusão e defesa das prerrogativas, além da criação da Diretoria da Jovem Advocacia. “A gente parte de uma diretriz fundamental que é a ideia de elevar a advocacia paranaense a um nível de excelência e trazer a vigilância constante pela democracia e pelas liberdades. Além disso, queremos que a OAB-PR amplie ainda mais a sua aproximação com a sociedade, que ela seja um instrumento de aprendizado para as pessoas dos seus próprios direitos”, destaca Marilena.

As eleições no Paraná ocorrerão de forma online, no dia 25 de novembro, das 8h às 18h. A chapa de oposição à XI de Agosto será a Algo Novo, formada por Marcelo Trindade de Almeida (presidente), Thais Takahashi (vice-presidente), Juliana Bertholdi (secretária-geral), Isadora Vier Machado (secretária-geral adjunta) e Antonio Leandro da Silva Filho (tesoureiro). Além disso, a XI de Agosto também disputa os votos com a chapa Artigo 5º, composta por Romulo Quenehen (presidente), Rafaela Almeida Noble (vice-presidente), Luci Terezinha Rodrigues de Jesus (secretária-geral), Otoniel Oliveira Santos (secretário-geral adjunto) e Marcio Isfer Marcondes de Albuquerque (tesoureiro).

Reportagem sob orientação de João Frey

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2 comentários em “Eleições OAB-PR: candidata da XI de Agosto defende perspectiva de gênero na advocacia”

  1. Quem garante que, nos bastidores, eles não estimulem essas pautas de todas, todos, todes e todxs aqui no ocidente? Enquanto estamos discutindo questões desse jaez, eles estão crescendo economicamente!

  2. Enquanto perde-se tempo com questões de gênero, raça e modess “de grátis”, os chineses estão trabalhando, estudando e agindo com disciplina e determinação, como que preparando-se para o combate. Chegarão aqui e nos atropelarão com seu rolo compressor econômico. Seremos dominados com facilidade, pois a geração nutella, que se ofende com tudo, não terá forças para resistir.

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