Com Ratinho Jr., vêm aí obras polêmicas, pedágios e privatizações

Governador do Paraná conta com uma base parlamentar forte na Assembleia Legislativa para aprovar projetos controversos

Reeleito, reempossado e apto para continuar seu plano para o Paraná, o governador Ratinho Jr. (PSD) deve usar o primeiro ano do segundo mandato para propor mais privatizações, retomar o pedágio e seguir com obras um tanto quanto polêmicas.

No entanto, ele não deve ter dificuldade para aprovar projetos porque tem uma base parlamentar forte na Assembleia Legislativa.

Uma das questões que devem ter mais celeridade é a do pedágio. Nesta quinta-feira (19), Ratinho Jr. se reuniu com o ministro  Renan Filho, no Ministério da Infraestrutura para tratar da questão.

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Pedágios

Na última semana, o coordenador da Frente Parlamentar sobre o Pedágio da Assembleia Legislativa do Paraná, Arilson Chiorato (PT), esteve em Brasília com a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) para debater o modelo do pedágio.

Desde novembro de 2021, terminada a concessão do governo do estado, as praças de pedágio das rodovias estaduais foram fechadas.

Ratinho Jr. defende o modelo aprovado pelo governo Jair Bolsonaro (PL), que previa 15 novas praças de cobrança, duplicação, viadutos e contornos em 3 mil quilômetros de concessão divididos em seis lotes.

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Com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o modelo deve ser alterado – como defendem petistas –, o que tecnicamente deixaria a taxa mais barata para os usuários.

Engorda no litoral

Em outubro do ano passado, o governo estadual concluiu a engorda da faixa de areia na praia de Matinhos. A ação faz parte do que Ratinho Jr. chamou de “Projeto de Recuperação da Orla de Matinhos”, que no total vai receber investimentos de R$ 314,9 milhões.

Ao todo, foram depositados 3 milhões de metros cúbicos de areia, retirados do fundo do mar pela draga Galileo Galilei. O volume é equivalente a 220 mil caminhões.

Apesar da magnitude da obra, a engorda durou apenas 12 dias antes de estragar. Antes mesmo da conclusão, pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) já alertavam para problemas existentes no projeto, além de falta de licenças ambientais. O Ministério Público do Paraná chegou a pedir a interrupção da obra, mas a Justiça não analisou o documento a tempo.

Apesar dos problemas, o governador usa as redes sociais para comemorar a engorda de Matinhos e também na praia de Guaratuba.

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Os problemas no litoral não param por aí: a Ferroeste deve facilitar o escoamento da produção agrícola do interior para o porto de Paranaguá, mas não sem impactar os moradores.

Moradores de Morretes protocolaram um abaixo-assinado para impedir a obra junto ao Ministério Público Federal (MPF) porque, além dos impactos ambientais, também estão preocupados com a segurança e com os riscos de desabamento.

Privatizações

No apagar das luzes de 2022, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), cuja maioria dos deputados é da base do governador – e para a nova legislatura o cenário não mudará – aprovou o projeto de Ratinho Jr. para a venda de ações da Copel.

O texto aprovado pelos deputados diz que nenhum dos acionistas ou grupos deve ter mais de 10% da quantidade do total de votos. Segundo o governo, “a condição caracteriza uma corporação na medida em que o controle é pulverizado em milhares, dezenas ou centenas de milhares de acionistas, o que se apresenta, inclusive como uma medida de proteção ao Estado do Paraná, uma vez que impede a figura do acionista controlador ou do bloco de controle”.  Todavia, o BNDESPAR, braço financeiro do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), tem 12% das ações e não deve vender o excedente, o que cria um problema jurídico para o governador.

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Na prática, a abertura significa que o Paraná, que tem 51% das ações, deixa de ser o maior acionista da empresa que fornece energia elétrica ao povo paranaense. A empresa é a menina dos olhos do mercado, depois de anunciar a maior distribuição de lucros desde 2017.

Já a Compagás teve o contrato de distribuição de gás encanado no Paraná renovado por 30 anos, o que é excelente para acionistas que devem participar do leilão de vendas da Copel. O mercado financeiro também está atento às ações da Sanepar.

Na saúde, Ratinho pretende privatizar hospitais públicos de Telêmaco Borba, Ivaiporã e Guarapuava, além de retirar a autonomia de hospitais universitários.

Educação

Ratinho Jr. passou um mandato inteiro em conflito com o funcionalismo público e, ao que parece, terá mais quatro anos difíceis.

Em 2022, houve protestos de policiais militares, servidores da saúde, policiais civis e, claro, professores. O último ataque à educação pública foi a retirada das aulas de Arte do currículo do oitavo e do nono ano do ensino fundamental. No lugar, diz a Secretaria de Educação, seriam incluídas aulas de “Pensamento Computacional”.

Depois da mobilização de educadores e pais, o secretário Roni Miranda, discípulo do agora secretário de São Paulo, Renato Feder, publicou uma instrução normativa que recoloca as aulas de Arte na grade curricular. No entanto, o texto diz que as direções escolares devem organizar a logística pedagógica para que isso ocorra, o que, segundo a APP-Sindicato, inviabiliza as aulas.

O Ministério Público do Paraná emitiu uma recomendação administrativa para que a disciplina fosse mantida. Porém, até a publicação desta matéria, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) não havia respondido o documento.

Confortável

Apesar de enfrentar oposição de alguns setores, Ratinho Jr. está confortável para continuar quatro anos sem dificuldades no Paraná.

Pelo interior a maioria das prefeituras está alinhada com o governador, sobretudo as menores, que dependente de verbas estaduais.

Além disso, o controle da Assembleia Legislativa garante ao governador a aprovação de projetos que são de interesse dele e do seu grupo político.

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5 comentários em “Com Ratinho Jr., vêm aí obras polêmicas, pedágios e privatizações”

  1. Votei em Ratinho Júnior por falta de outro bom candidato, assim como pensou a maioria dos paranaenses, e o elegemos em 1º turno, mas recebo com muita tristeza essa aprovação da venda da melhor e mais barata empresa de energia do Brasil. Os paranaenses ainda sofrerão muito com essa atitude impensada do Governador. Pra que vender um empresa tão organizada e lucrativa para o governo como a Copel?

  2. Estranho como o Plural nunca menciona a forma como o PT PR, via Arilson Chiorato, COLABORA ATIVAMENTE, para que a ultra direita se mantenha no poder. Chiorato deu aval pra candidatura nati-morta do Roberto Requião justamente para que Ratinho Jr ganhasse sem problemas. Em 2022, Roberto não era somente rejeitado pelos Paranaenses, ele era DETESTADO! Curitiba e o Paraná conhecem bem esse sujeito, de esquerda ELE NUNCA FOI E NUNCA SERÁ! Chiorato e Zeca Dirceu insistiram em vender gato por lebre imaginando que o povo não conversa. Em qualquer ponto de ônibus de Curitiba todo mundo sabe uma história do Roberto Requião – seja boato ou verídico, a realidade é que no resto do Brasil o pessoal acha ele um cara legal, mas aqui a gente conhece ele de MUITAS primaveras e das tia Polaca ao rapaz vendendo pipoca, NINGUÉM gosta dele! Extra oficialmente, o PT PR do Chiorato, estava apoiando o Álvaro Dias pro Senado – aquele que comandou o massacre dos professores na década de 80.
    É evidente que existem GRAVES problemas dentro do PT PARANÁ. E também é evidente a censura que membros do PT PR vem sofrendo por tentarem denunciar isso.
    Uma coisa é certa: Arilson Chiorato, Roberto Requião, Zeca Dirceu e Carol Dartora precisam ser expulsos do partido.
    Então quando o Plural for denunciar o Ratinho Jr, por favor, denunciem tbm quem mantém o Ratinho Jr no poder. Pq o PT PR sob a Presidência do Arilson Chiorato, NUNCA foi e NUNCA SERÁ oposição ao Ratinho Jr.

  3. Tem todfa razão, eu sinto pelo meu estado, a maioria dos paranaenses desde collor votam com ausencia de cérebro, e isso se reflete em tods as esferas, vejam o nivel das camaras de vereadores, deputados estaduais e federais,, é sofrivel.

  4. Infelizmente pros Ratos, e pro Rato não importa mais mexer no bolso, só com prisão, mas como a justiça é devagar, vai sair impune. Triste pelo Paraná, não pelos paranaenses que elegeram esse traste no primeiro turno duas vezes.

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