Sob pressão, Ratinho Jr. deve afastar Francischini da Secretaria de Mulheres e Igualdade Racial

Ativistas defendem que pasta deveria ser comandada por uma mulher negra ou indígena, para que haja representatividade

Cassado por fake news, ex-secretário de segurança pública, Fernando Francischini (União Brasil) foi nomeado para equipe da secretaria de Mulheres e Igualdade Racial do Paraná, mas deve ser realocado em outra pasta após pressão dos movimentos sociais.

A nomeação de Francischini chegou a ser publicada no “Diário Oficial” como “chefe de coordenação” em mais um ato desastroso do governador Ratinho Jr. (PSD) na secretaria.

Na última semana, ele chegou a anunciar que a pasta seria comandada por Rogério Carboni, um homem branco.

Os movimentos sociais de negros, indígenas e mulheres reagiram e lançaram uma carta de repúdio (leia a íntegra no fim do texto), endereçada ao governador. Mais de 80 entidades endossaram o documento, inclusive de outros estados do Brasil.

Ratinho Jr. mantém um secretariado alinhado à extrema-direita, mas recuou após a péssima repercussão das nomeações para Mulheres e Igualdade Racial. Agora, o comando da pasta é da deputada federal Leandre Dal Ponte, uma mulher branca e que não tem nenhum histórico de envolvimento em questões raciais.

O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Consepir) chegou a publicar uma nota de apoio à indicação de Dal Ponte, mas os movimentos sociais continuam reticentes.

Fernando Francischini

Francischini sai da Secretaria, mas não sai do governo Ratinho Jr. De acordo com a Casa Civil, ele deve ser nomeado para outra pasta, mas ainda não se sabe qual.

O ex-deputado foi cassado em outubro de 2021 por compartilhar informações falsas sobre adulterações nas urnas eletrônicas – adulterações essas que nunca existiram. Desde então se diz “vítima” de perseguição.

Veja a moção de repúdio

Para: Governador do Estado do Paraná, Ratinho Jr.

As organizações abaixo assinadas, vem a público manifestar repúdio inconteste ao Governador do Estado do Paraná – Ratinho Jr. pela forma como tratou a politica para as Mulheres e Igualdade Racial no Estado do Paraná, primeiro nomeando um homem e branco para Secretaria Estadual de Mulheres e Igualdade Racial do Estado, e em seguida colocando como chefe nessa Secretaria Fernando Francischini, cassado por fake news, inimigo dos direitos humanos. Dos 5 (cinco) nomeados para essa importante pasta, somente uma mulher.

Após indignação e pressão do movimento social e feminista do Paraná e de todo o país, na data de hoje (ontem, 16/01), o governador do Estado publicou nos jornais a indicação de Laeandre Dal Ponte como Secretária.

As conquistas das mulheres até os nossos dias, são resultado de históricas lutas, muitas delas marcadas por suor e sangue. A conquista de espaços revela momentos fundamentais na luta das mulheres trabalhadoras, negras, indígenas, LBTs, com deficiência, na batalha contra as desigualdades entre os gêneros, seja na luta por seus direitos e políticas públicas, as mulheres denunciam a invisibilização imposta pelo patriarcado, colonialismo e capitalismo.

Ficamos estarrecidas ao presenciar a nomeação pelo governador do Estado do Paraná Ratinho Jr., mesmo que interinamente, para ocupar a Secretaria de Mulheres e Igualdade Racial um homem e branco, desrespeitando a luta histórica do movimento feminista e de mulheres e do movimento negro/negra, demonstrando o quanto afronta mais da metade da população paranaense. Nós mulheres somos metade da humanidade, estamos sub representadas em todos os espaços de poder, com a anuência de representantes do poder que deveriam dar o exemplo.

Ratinho Jr. criou a nova Secretaria de Mulheres e Igualdade Racial para o seu segundo mandato, mas na primeira medida desconsidera totalmente as mulheres de seu Estado.

Entendemos que a Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, deva ter como uma das medidas fundamentais o olhar transversal de gênero, classe e raça nas políticas públicas, com orçamento e estrutura próprias. O fortalecimento do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, como instrumento fundamental de controle da execução dessas políticas públicas de gênero, com a adoção de um fundo público.

O movimento social, feminista e de mulheres, continuará firme e vigilante para que essa Secretaria cumpra seu papel para o desenvolvimento das politicas públicas que visem eliminar as desigualdades de gênero, raça, etnia, e que oportunize às mulheres, condição de autonomia e liberdade.

Assinam:

1 – Frente Feminista de Curitiba e Região Metropolitana

2 – União Brasileira de Mulheres – UBM Seção – PR

3 – Coletivo Cassia

4 – Marcha Mundial das Mulheres – PR

5 – Mandata Preta – Vereadora Giorgia Prates

6 – Federação de Mulheres do Paraná

7- Vereadora Maria Leticia (PV) – Procuradora da Mulher da CMC

8 – União Nacional de Lésbicas Gays Bissexuais Travestis e Transexuais – UNALGBT

9 – Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência (RNMN)

10 – Liga Brasileira de Lésbicas – LBL

11 – Ayomidê Yalodê Coletiva de Mulheres Negras e LBTs

12 – Associação Rock Camp Curitiba

13 – Coletivo Luzia

14 – Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos – RFS – Regional – PR

15 – Rede Mulheres Negras – PR – RMN-PR

16 – Movimento Nacional População de Rua-MNPR

17 – Centro Popular da Mulher – CPM/UBM-Goiás

18 – Kurandeiiras Saberes Ancestrais: Juventudes Vivas

19 – Rede Nacional de Lésbicas Bissexuais Negras Feministas Candaces

20 – Fenapar

21 – SindSaúde-PR

22 – Movimento Nacional População de Rua-MNPR

23- Rede Nacional de Promoção e Controle Social da Saúde Cultura e dos direitos das Lésbicas e Mulheres Bissexuais Negras – Sapatà

24 – Juventude Manifesta – PR

25 – Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – RJ

26 – Movimento Negro Unificado

27 – Mulheres do Coletivo Nacional de Mulheres da CUT

28 – Coletivo Advogadas do Brasil

29 – Coletivo Filhas da Mãe – DF Coordenadoria Especial da Mulher de Paraty

30 – União Brasileira de Mulheres – UBM (DF)

31 – União Brasileira de Mulheres – UBM (RJ)

32 – União de Mulheres de Vitória da Conquista – UMVC/UBM

33 – AMEAS – Associação de Mulheres Empreendedoras Acontecendo em Saquarema

34 – Conselho Estadual de Direitos da Mulher Tio de Janeiro – CEDIM-RJ

35 – Federação de Mulheres Fluminenses – FMF

36 – AMAZOESTERJ e Expansões

37 – União brasileira de MULHERES do Amapá

38 – União Brasileira de Mulheres/Pará

39 – Fórum Popular de Mulheres-PR

40 – União Brasileira de Mulheres do Amapá

41 – Fórum Nacional de Mulheres Negras BA

42 – União de Mulheres de Vitória da Conquista – UMVC/UBM

43 – Associação de Travestis, Transexuais e Transgênero de Goiás – ASTRAL GOIÁS

44 – UNEGRO SAMAVI

45 – UBM SAMAVI

46 – Secretaria da Mulher do PCdoB – PR

47 – Secretaria de Mulheres do PT -PR

48 – PSOL – Curitiba

49 – Instituto de Mulheres Negras de Vera Cruz- IVELCRUZ

50 – Secretaria de Mulheres do PCdoB de Vera Cruz – BA

51 – Fórum Popular de Saúde do Paraná – FOPS

52 – SINDIJUS-PR

53 – Sismmac

54 – Secretaria da Mulher do PCdoB – SAMAVI

55 – Ação da Mulher Trabalhista PDT-PR

56 – Secretaria de Mulheres do PV -PR

57 – Secretaria de Mulheres do PSB -PR

58 – Sinditest-PR

59 – Associação Brasileira de Psicologia Social – ABRAPSO Paraná

60 – Sindicato dos Professores e Servidores Municipais de Almirante Tamandaré – SINPROSMAT

61 – Secretaria Nacional de Mulheres da UNEGRO

62 – Movimento É Tempo de Diálogo

63 – Igualdade e Diversidade – Sindicato dos bancários e financiarios de Curitiba e Região

64 – Coletivo LGBTI+ Paranavaí

65 – Associação Rede Unida

66 – Realidade Street – Núcleo Cultural Urbano

67 – Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – ADUNIOESTE

68 – Associação dos professores da Unioeste de Francisco Beltrão – subseção Adunioeste –

ADUFBE

69 – Coletivo Filhas da Mãe -DF

70 – Parada LGBTI+ Apucarana -PR

71 – Associação Nacional de Travestis e Transexuais – Antra

72 – Instituto Mulher Paranaense

73 – Movimento do PDT AXÉ PR

74 – Grupo de Pesquisa Gênero, Trabalho e Políticas Públicas – UNESPAR Paranavaí

75 – UBM- Paraíba

76 – APP – Sindicato – PR

77 – NEAB/UNIFAP

78 – Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras – ABENFO

79 – Ana Júlia Ribeiro – Deputada Estadual PT

80 – Secretaria Nacional de Mulheres do PSB

81 – Secretaria Estadual de Mulheres da CUT-PR

Sobre o/a autor/a

6 comentários em “Sob pressão, Ratinho Jr. deve afastar Francischini da Secretaria de Mulheres e Igualdade Racial”

  1. Mário Miranda Dias

    A nomeação, para a Secretaria de Mulheres e Igualdade Racial, de um sujeito de extrema direita, inimigo dos direitos humanos, que teve o mandato de deputado cassado pelo cometimento de crimes contra a democracia, não demonstra apenas falta de sensibilidade do governador. É escárnio mesmo. Puro e simples. Quem apoia fascista, fascista é.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima