Mia Hansen-Løve fala sobre cinema e mulheres em “A ilha de Bergman”

Filme da cineasta francesa, que acaba de estrear na MUBI, passeia por paisagens impressionantes da ilha de Fårö, na Suécia

Embora seja escrito e dirigido pela francesa Mia Hansen-Løve, “A ilha de Bergman” é um daqueles casos em que o filme parece ser de vários lugares ao mesmo tempo – e não só da França, nesse caso.

Para começar, o título se refere à ilha de Fårö, na Suécia, onde o cineasta Ingmar Bergman (1918–2007) rodou alguns fins e viveu um tanto de sua vida. Foi também o lugar em que ele morreu.

Dois dos personagens mais importantes são interpretados pela luxemburguesa Vicky Krieps e pelo inglês Tim Roth. Na história, ambos escrevem e dirigem filmes, e viajam para Fårö a fim de conhecer a ilha – uma espécie de meca para fãs de Bergman – e passar uma temporada trabalhando num lugar remoto e tranquilo.

“A ilha de Bergman”

Logo se percebe que a peça central da história é Chris (Vicky Krieps). Ela está com dificuldade para produzir um roteiro e, sutilmente, inveja o marido Tony (Tim Roth) que parece escrever com mais facilidade. Essa discrepância acaba gerando maneiras diferentes de trabalhar e também uma certa tensão entre os dois.

Aos poucos, Chris vai descobrindo a ilha e elaborando a história do seu filme-dentro-do-filme. Uma história que parece refletir um pouco a sua. Uma das coisas legais a respeito de “A ilha de Bergman” é que, na segunda metade, Mia Hansen-Løve mostra qual é o filme que Chris estava imaginando.

Primeiro, as duas narrativas seguem caminhos distintos e o único ponto de contato é o fato de Chris estar narrando a história para o marido. Porém, as coisas caminham para um desfecho inusitado.

Temas

De forma inteligente e quase afetuosa, o filme de Mia Hansen-Løve trata de temas como o conflito entre a vida e a arte, sobretudo para uma mulher (Bergman, famosamente, teve nove filhos com cinco mulheres diferentes e não criou nenhum deles); critica o culto a Bergman (numa cena engraçada, um sueco cansado de ouvir a lengalenga a respeito do diretor de “O sétimo selo” resolve dizer umas verdades); e fala ainda de cinema, talvez o maior tema de todos.

Você não precisa ser fã de Bergman para curtir o filme – eu mesmo não sou –, mas ajuda saber quem ele foi. E, para mim, a maior estrela de “A ilha de Bergman” é, justamente, a ilha de Fårö.

Onde assistir

“A ilha de Bergman” está em cartaz na MUBI.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima