“Esqueceram de pensar nas pessoas”: a luta de Morretes para preservar a cidade contra uma ferrovia

Novo trecho da estrada de ferro pode prejudicar Mata Atlântica e populações do litoral

O Governo do Estado do Paraná divulgou, em janeiro deste ano, que o Ibama havia aprovado o Estudo Ambiental da Ferroeste e publicado o ato no Diário Oficial da União (DOU). A informação, na verdade, está equivocada.

O que foi publicado no DOU foi o aceite do documento. “Quando esse documento é aceito o Ibama diz: ok, todos os itens que precisavam ser estudados estão aqui, agora vamos analisar”, explica a engenheira ambiental Mariana Druszcz, que é membro do Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense (Colit).

De acordo com o Ministério da Economia, após a análise o documento será divulgado para a sociedade para o debate em audiências públicas.

Nesta semana o governador Ratinho Jr. (PSD) discutiu o cronograma correto para as audiências e, ao menos em Morretes, ele vai enfrentar resistência.

A cidade é uma das que vai ser impactadas pela obra. O projeto prevê ampliar o traçado da atual Ferroeste S/A, que tem 248 quilômetros, entre Cascavel e Guarapuava. A ligação deve contar com 1.304 quilômetros de trilhos: além do traçado entre Maracaju e Paranaguá, haverá também um ramal de Cascavel a Foz do Iguaçu.

A pretensão do Governo do Estado é diminuir o fluxo de caminhões na BR-277 e facilitar o escoamento da produção agrícola. “Eu concordo com tudo isso, mas acho que a Mata Atlântica não pode pagar o preço”, lamenta Jaqueline Monteiro, bióloga e membro da comissão criada pelos moradores de Morretes para debater a questão.

O estudo ainda não foi aprovado pelo Ibama e sim aceito | Foto: Reprodução AEN

São 45,47 km de trilhos que vão atravessar o município com uma faixa de domínio de 40 metros de cada lado da ferrovia.

No início do mês uma apresentação foi feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) aos moradores de Morretes. Antes deste encontro, eles se organizaram e destrincharam as mais de centenas de páginas do documento. “Nós encontramos vários pontos que devem ser questionados. O relatório inteiro é voltado para a questão econômica, mas esqueceram de pensar nas pessoas, na fauna e na flora daqui. Eles querem destruir a floresta”, diz.

Além do prejuízo à fauna e à flora, os moradores também apontam a falta de segurança que a construção da ferrovia deve causar. “O que vai segurar esta montanha quando eles alargarem tudo para a construção? E a poluição das nascentes? Só aqui atrás da minha casa tem dezoito nascentes e todas vão ser atingidas. Por isso estamos mobilizados”, contou Jorge Ramalho, que há vinte anos mora em Morretes.

A comissão já protocolou documentos e abaixo-assinados junto ao Ministério Público Federal (MPF) e procurou a prefeitura para impedir a obra. No próximo dia 25 eles vão se reunir novamente para definir as próximas ações a serem tomadas.

Os membros da comissão “traduzem” os termos técnicos contidos nas comunicações sobre a construção da rodovia para os outros moradores de Morretes, que nem sempre conseguem compreender os documentos apresentados pelo Governo do Estado e assim conseguiram levar 300 pessoas a um encontro no ano passado.

Segundo o Governo do Estado, as prefeituras dos 49 municípios abrangidos pelo traçado da Nova Ferroeste, entidades civis e o Ministério Público têm até 4 de abril para solicitar, junto ao Ibama, a realização de audiências públicas e isso deve ser feito pela comissão dos moradores de Morretes.

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20 comentários em ““Esqueceram de pensar nas pessoas”: a luta de Morretes para preservar a cidade contra uma ferrovia”

  1. Os canalhas de sempre tentando barrar o desenvolvimento de uma região inteira. Isso afeta toda a cadeia do agronegócio, cuja eficácia brasileira é tão combatida na Europa e EUA, atrás da falsa defesa do meio-ambiente.

    Aos idiotas-úteis que aqui comentam, alguns falando em “mortes que a ferrovia trará”, peço que fique um dia na BR-277 contando o número de caminhões que serão tirados, depois multipllique isso por milhares de litros de diese, óleo lubrificante, borracha de pneu, amianto do freio, daí pese na balança o que um trem gasta. Fora as vidas que se perdem nas rodovias, em acidentes cotidianos.

    A ferrovia não acabará com a mata, assim como não acabou em países desenvolvidos. É apenas um trilho estreito por onde a composição passará, cheio de passarelas e túneis para a fauna nativa.

    Mas o que pode acabar é a economia do do Paraná e a das cidades litorâneas. Caso a ferrovia não saia, outra para São Paulo ou Santa Catarina escoará as riquezas do Paraná, junto com empregos e renda.

  2. Eu acho super importante essa obra.
    A vida humana causa intervenções na natureza, isso é obvio. Não adianta ser inocente. Pra você ter internet, comida no mercado, energia elétrica e computadores precisa de um monte de intervenções na natureza.

    O que devemos cobrar é que seja construído uma estrada com uma boa tecnologia de forma a amenizar esse problemas. Que a fauna seja preservada com passagens para os animais, que seja evitada a derrubada de árvores centenárias, que os trens façam menos barulho pra não estressar os animais, que as nascentes de água sejam preservadas, etc.

    Eu vejo uma grande hipocrisia nesses ambientalistas. Criticam o agronegócio, mas comem carne. Falam mal da estrada de ferro, mas andam de carro. Quer dizer, não tem como você ter todas as comodidades da vida moderna sem algum dano na natureza, isso é óbvio.

    O que temos que lutar é pra construir o que é necessário com o menor dano possível, usando todas as tecnologias que temos disponível.

  3. Caroline Scremin

    Eu gostaria de saber do que o Sr. José Ramalho se alimenta, uma vez que é exatamente esse “agro” que ele tanto repudia que coloca comida na mesa do brasileiro. Sem contar que mais trens significa menos caminhões, menos acidentes e MUITO MENOS poluição. Falsos ambientalistas SIM…

  4. José A. Ramalho Forni

    Falsos ambientalistas? Falsidade se encontra em quem defende o “progresso” dessa forma. O maior beneficiado com essa obra é o agro negócio, sabidamente um destruidor da natureza para produzir comida para gado.
    Afirmações como essas esquecem que as dificuldades que as pessoas e cidades enfrentam estão baseadas numa política genocida de um governo que não escolheu as pessoas. Nem escolheu o Brasil. Ferroeste-Traçado 5 NÂO!!

  5. Alguns comentários me fazem lembrar o filme Não olhe para cima, inclusive essa jornalista por deixar passar tamanha falta de informação e burrice. Vai fazer 30 anos que aconteceu a ECO92, e não escutaram os ambientalistas, quantas pessoas mais terão que morrer em desastres ambientais para os ambientalistas serem ouvidos?

  6. Edmilson Onolis Carvalho

    SC está 100 anos à frente do PR por causas de ongs ambientalistas. Praias lindas com edifícios fabulosos. O turismos exala por lá. Sou morador e vejo com bons olhos esse empreendimento. Cito tbem a Rodovia para tirar caminhões bi-trens q passam pelo centro de Morretes ate o porto de Antonina, causando acidentes com mortes, até desmoronamento de prédio por conta de uma carreta. Mas foi engavetado por causa de “crimes ambientais”. Aí sim, esqueceram das pessoas de Morretes.

  7. Morretes é uma cidade morta…Antônia pior ainda tomara que o progresso chegue lá…assim como a ponte em guaratuba… por falsos profetas morre o futuro das pessoas…

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Oi Neuza, a mata é importante para o solo ter condições de produzir comida. Comida que alimenta as pessoas não só na beira da linha férrea. Abraço

  8. Fico imaginando como seria se existissem tantas preocupações ambientais no tempo em que foi construída a estrada de ferro original Curitiba-Paranaguá, ou mesmo a BR277. Naquela época também se estava pensando na “economia”. Talvez embargassem tudo e até hoje estaríamos utilizando a Estrada da Graciosa como ligação ao litoral para transportarmos a erva mate em lombos de mula. Há um imenso meio termo entre “destruir” a mata atlântica e usar uma faixa controlada dela. Poderíamos também transformar todo o litoral num imenso parque, acessível a barcos a remo ou veleiros… Que tal?

  9. Jefferson Eckelberg

    Como sempre o ônus imediato é do meio ambiente, mas depois todos pagam o preço! Já temos amostras suficientes que o planeta não aguenta mais tanta intervenção humana na natureza. Já passou da hora de pensarmos mais no meio ambiente e menos no nosso umbigo. Chega de destruição.

  10. Cícero Aurelio Rodrigues

    Com um país como o nosso com uma taxa de crescimento de menos de 1 dígito tem que se pensar nas pessoas sim. Pergunte para um morador dessa cidade, pois vão se benificiar com o crescimento da economia local. Menos caminhões se convertem em menos acidentes mortais na 277. Que façam acordos com os empresários pra que compensem o impacto protegendo a mata Atlântica, como fiscalizar os caçadores que acabam com a fauna local. Se nós ficarmos dando ouvidos pra essas ONGs estrangeiras e interesseiras o país não vai crescer nunca. Eles acabaram com a natureza deles e querem lucrar com a nossa.

  11. Precisamos defender o meio ambiente e as pessoas que serão prejudicadas com a construção dessa ferrovia. Trará algum benefício para a população das cidades que serão afetadas? Quem será o beneficiado com essa ferrovia? Os grandes latifundiários produtores de grãos para exportação?

  12. Fátima Ap Barison Brumati

    Absurdo.
    Fiz o passeio de Curitiba a morretes.
    É lindo e assustador.
    Qtas vidas se perderam para esta obra.

    Será que vale a pena ????

  13. Os falsos ambientalistas, q torram combustíveis fósseis em seus carrões e vivem de comida industrializada, isso qdo não são sustentados pelos pais.
    Quero ver esse pessoal na roça, plantando o próprio alimento e andando de jegue.
    Opsss, andando no lombo do Lula.

  14. Roberto Carlos Brotto

    Eu sou favorável pois é preciso de modernização para o crescimento do nosso estado , não dá para fazer um omelete se não quebramos alguns ovos !!!

  15. PAULO WAVGENHAK SOBRINHO

    O Brasil não vai pra frente por vai destes falsos alarmes ambientais. Os mesmos que são contra o travado de alguma rodovia, sempre são os primeiros a desfrutar dela.

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