Michelle Obama diz não gostar de política, mas sabe usá-la como poucos

Netflix exibe o documentário “Minha história”, inspirado no livro de memórias da ex-primeira-dama dos EUA

“Eu não queria ser um acessório nos sonhos dele”, diz Michelle Obama, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos, referindo-se ao presidente Barack Obama no documentário “Minha história”, produzido pela Netflix. O filme acompanha a turnê de Michelle na promoção de seu livro homônimo e autobiográfico.

Ao longo de uma viagem que passou por 34 cidades, o espectador conhece um lado da advogada e escritora Michelle Obama que talvez não tenha tido a oportunidade de conhecer antes.

Do convívio e da história de sua família, à recepção dos fãs, passando pela relação com o marido, a maternidade, a segurança, a moda, as eleições e até o racismo, o documentário parece seguir o mesmo fio condutor do livro de Michelle, contando sua própria história e expondo seus medos, na sua voz.

Mesmo ao dizer que não gosta de política, Michelle é política. Ela fala de empoderamento (das mulheres negras e não negras), da imprensa, da eleição de Trump, da pressão de agir perfeitamente, de ser o centro das atenções… Ela acolhe homens, mulheres, jovens, senhoras, brancos e negros.

O roteiro é bem amarrado. Michelle costura histórias como quase ninguém e um fato mais público se liga a algo mais pessoal, e a narrativa flui. Ela é sagaz. Ao contar sua própria história, não só retoma a voz e os fatos sobre si mesma, mas também mostra – com bom humor, e muito carisma – que é como qualquer outro ser humano.

Michelle faz piada sobre uma suposta preferência da mãe pelo irmão mais velho, Craig; conta seus dramas e traumas de adolescência, quando uma orientadora da escola lhe disse que ela jamais chegaria a estudar na Universidade de Princeton (na qual fez parte dos estudos superiores, para depois se formar em direito pela Universidade de Harvard); relembra a convivência com o pai, sentado na poltrona da sala, ouvindo jazz; mostra as músicas que ouve no carro. É pessoal, mas é político – como tudo na vida.

Se ter um marido eleito à presidência dos Estados Unidos mudou sua vida, e de sua família, sair da Casa Branca não foi sinônimo de “retorno à normalidade”. Mais do que afirmar isso, Michelle sabe bem a diferença que pode fazer (e que ela já faz) na vida das pessoas, e certamente não terá medo de assumir essa responsabilidade.

Serviço
O documentário “Minha Vida” está disponível na Netflix.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima