Samuel Ramos Lago: o gênio criativo do grupo Positivo

Admirado por Rubem Alves, o ex-professor do Colégio Estadual do Paraná vendeu 40 milhões de livros didáticos e inspirou muitos estudantes com suas aulas e apostilas

No Cemitério Parque Iguaçu, Curitiba se despediu, neste domingo (14), de Samuel Ramos Lago, 79 anos, autor, professor e um dos fundadores do grupo educacional Positivo, em 1972. Ele lutava contra um câncer. Paulista, chegou na Capital paranaense, aos 17 anos, para estudar.

É um dos maiores nomes nacionais em livros didáticos de Ciências, tendo mais de 40 milhões de exemplares vendidos. Dizia ter feito “lipoaspiração no livro didático”, com uma técnica agradável que encantou e inspirou muitos estudantes.

“Ele foi o primeiro autor que eu conheci pessoalmente. Foi emocionante. Samuel era o gênio criativo do grupo Positivo e, como tal, não se encaixava tão bem na burocracia de uma grande empresa. Amava os livros e as artes e aproximou-se de homens importantes que também o admiravam, como Rubem Alves, José Pacheco, Elifas Andreato, Ziraldo, entre outros”, conta o também professor e amigo, Daniel Medeiros.

“Samuel era obcecado pelo didatismo e dizia ser o inventor das apostilas. Pode não ser exatamente assim, mas ninguém conseguia fazer a Zoologia parecer fácil como ele. Investia contra o conhecimento penduricalho, que enchia a cabeça dos estudantes e deixava pouco tempo pra criar, brincar e sonhar. Era um homem incrivelmente amável e generoso e sempre alegre, embora constantemente insatisfeito com o mundo”, recorda o amigo.

Antes de se tornar empresário, Samuel foi professor do Colégio Estadual do Paraná. “Uma ponte entre escola pública e privada. Faltam mais pontes como ele. A Educação ganharia bastante se muita gente parasse de ver tantas diferenças entre os sistemas e olhasse as possibilidades de contribuição e aprendizado que Samuel aproveitou como poucos”, avalia Daniel Medeiros.

Inquieto na busca pelo conhecimento, foi de Samuel a ideia da mãozinha, símbolo do Positivo até hoje. Penhorou a própria casa para comprar as primeiras 300 carteiras do curso. Em 2007, afastou-se da sociedade do grupo, passando parte da administração dos negócios para os filhos. “Uma perda para a Educação.”

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima