Maurício Borges é empresário da área de publicidade e pai de Maria Glória Poltronieri Borges – a Magó, bailarina assassinada em janeiro de 2020 em uma cachoeira, em Mandaguari. Os olhos se enchem de lágrima e a voz embarga quando o pai relembra momentos felizes da filha, coisas boas que fez por outras pessoas; e também quando tudo na nossa conversa o faz lembrar de tudo aquilo que perdeu: não vai mais vê-la dançar, sorrir, casar, ter filhos…
Na última terça-feira (10), Maurício esteve no plenário da Câmara de Vereadores de Curitiba para fazer um discurso. A fala fazia parte da proposta de homenagear Magó dando seu nome a um jardinete na capital paranaense. A família não tem laços diretos com a cidade, apenas amigos maringaenses que hoje moram em Curitiba, ou conhecidos de profissão. Ainda assim, Borges classifica a aprovação do nome como uma vitória.
O motivo é simples: “Ajuda a dar visibilidade para a causa”, explica. A causa a que Borges se refere não é mais o feminismo da filha, mas sim a causa de todas as mulheres que podem ser simbolizadas pela morte de Magó. “Tudo o que estamos fazendo – usando o nome da Magó – não é para ela, é para todas as mulheres. Nada vai trazer a Magó de volta”, diz o pai ao falar que o esforço, agora, é para que todas as mulheres do país possam contar com um futuro melhor.
O segundo motivo dado por Borges é mais pessoal, mas não menos simbólico. Ligada às artes e à natureza, a homenagem em um jardim lhe parece a coisa mais apropriada, uma forma de não deixar o legado da luta das mulheres se apagar. Um jardim para plantar a semente de Magó.