Espetáculo de dança destaca as dores e a potência feminina

Usando a violência como ponto de partida, “Físico, verbal e emocional” tenta mostrar o poder da união e do empoderamento de mulheres

Ao longo dos 42 minutos de “Físico, verbal, emocional”, sete bailarinas sobem ao palco: em cena, aparecem amarradas e escapam; em grupo, trançam um cabelo. O espetáculo narra, por meio de imagens, uma história que, mais do que falar das violências contra a mulher, tenta mostrar uma saída. “Tem muitas imagens no trabalho em si que trazem essa relação de união. E também dessa questão da sociedade – como ela nos vê e nos coloca”, diz a diretora, coreógrafa e bailarina do espetáculo Juliana Kis. 

A ideia é partir da questão da violência para um outro lugar, que fala do poder da união, do empoderamento, da sororiedade. “Sempre trazendo essa imagem de que a gente pode sair disso, se unir, acordar para isso”, explica Kis. A proposta é, por meio da arte, ajudar a ocupar espaços dialogando com o público e buscando diminuir as marcas da diferença de gênero.

O projeto nasceu de uma releitura de um espetáculo do repertório da própria companhia, a Brainstorm Dance Company. Inicialmente, a obra tratava sobretudo da violência. Nessa nova versão, o foco é levar a reflexão para um lugar menos pesado. “Queremos falar, de forma mais sutil, do empoderamento, não só da violência”, diz a diretora ao falar que entende que o processo de recuperação vem da união entre mulheres. 

Usando dança, texto e música, o espetáculo quer que o público tenha sua própria interpretação do que será apresentado no palco. “A minha ideia era trazer a consciência de todos os tipos de violência”, diz. O próprio título, além de fazer referência às várias violências, procura trazer uma ressignificação. “Essas palavras também podem descrever uma dança que é física, do corpo; que é verbal, porque comunica; e que é também emocional, porque queremos alcançar as pessoas”, explica Kis. 

Além da violência, a ideia é mostrar o poder da união entre mulheres. Foto: Guillaume Baudusseau

A escolha por danças mais urbanas também não é aleatória. Além da especialização das profissionais de dança envolvidas, os estilos escolhidos (dancehallkrumpinghousehip hop e contemporânea) são espaços em que ainda há poucas mulheres. “A dança urbana é uma dança subjugada pela sociedade, que por muito tempo foi uma dança muito masculinizada, uma dança de homens”, diz a diretora e coreógrafa. 

Realizado por meio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice), o projeto passará, a partir desta quinta-feira (12), por dez cidades paranaenses. Integram a lista: Fazenda Rio Grande, Piraquara, União da Vitória, Pato Branco, Paranaguá, Pinhais, Campo Largo, Araucária, Telêmaco Borba e Curitiba. Na capital paranaense, o espetáculo acontece no dia 29 deste mês (domingo), no Teatro Fernanda Montenegro, às 19h. Exceto em Curitiba, todas as apresentações são gratuitas. Para detalhes como data, local e horário, vale acessar a página da companhia de dança no Instagram.

Serviço
“Físico, verbal e emocional”, em Curitiba
Quando: 29 de março (domingo), às 19h
Onde: Teatro Fernanda Montenegro
Ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), e podem ser adquiridos pelo site Olha o Ingresso

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