Negros e jovens são as principais vítimas de homicídio, aponta Ipea

Segundo dados do Atlas da Violência, para cada três negros, morre um branco

Jovens e negros estão entre as principais vítimas de homicídio no país nos últimos anos. Segundo dados da recém publicada edição do Atlas da Violência, 75% das mortes por assassinatos no Brasil em 2017 foram de negros, e 54% das vítimas tinham entre 15 e 29 anos. Os dados do relatório, editado anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontam a continuidade do processo de aprofundamento da desigualdade racial nos indicadores de violência letal no Brasil, denunciado nas publicações anteriores do atlas.

A taxa de homicídio de negros por 100 mil habitantes no ano de referência do levantamento foi de 43,1 mortes, mais que o dobro da mesma taxa calculada para não negros, que foi de 16 mortes. Conforme aponta o relatório do atlas, “proporcionalmente às respectivas populações, para cada indivíduo não negro que sofreu homicídio em 2017, aproximadamente, 2,7 negros foram mortos”.

O quadro é drástico também quando se comparam dados da última década. Desde 2007, a taxa de negros assassinados aumentou em mais de 33%, sendo que a variação de não negros aumentou dez vezes menos, ou seja, apresentando uma variação de 3%. O estudo do Ipea e do FBSP usam como referência os dados do DataSus de 2017, base mais atual do sistema de saúde brasileira.

Um dos estados com a menor taxa de homicídio de negros, o Paraná, segundo o relatório do atlas, é também a única unidade da federação em que a taxa de assassinatos de não negros, de 26,5 por 100 mil habitantes, é superior à de negros, de 19 mortes por 100 mil habitantes em 2017. Na outra ponta, cabe ressaltar que, conforme dados do Censo do IBGE, o Paraná é o terceiro estado com maior percentual de população não branca do país.

Juventude perdida

Entre 2016 e 2017 a taxa de homicídio de jovens no país aumentou em 6,7%. De acordo com os dados do Atlas da Violência, a taxa de assassinatos de jovens no país em 2017 atingiu o maior patamar dos últimos dez anos, com quase 70 homicídios a cada 100 mil jovens.

De acordo com o levantamento do Ipea e da FBSP, 50% da morte de adolescentes com idade entre 15 e 19 anos foi por homicídio. O percentual não varia muito entre os jovens com idade entre 20 e 24 anos, e reduz para 38% entre pessoas com 25 e 29 anos. “Esse recorde nos índices da juventude perdida se dá exatamente no momento em que o país passa pela maior transição demográfica de sua história, rumo ao envelhecimento, o que impõe maior gravidade ao fenômeno”, analisa as instituições no relatório. Clique aqui e confira a íntegra do Atlas no site do Ipea.  

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