Atualizado: Manifestante é ferido em protesto na Repar

Guardas municipais atiraram contra grevistas; vítima foi levada ao hospital

Um homem foi ferido por um tiro de borracha na BR-476, em frente a Refinaria de Araucária, na região de metropolitana de Curitiba na manhã dessa sexta, dia 14 de junho. O tiro foi disparado por guardas municipais na contenção de uma manifestação que bloqueou o trânsito no local. A vítima, Sandro José de Lima, de 44 anos, foi levada para o Hospital do Trabalhador pelos próprios colegas.

Atualização às 16:29: A Secretaria de Estado da Saúde informou que Sandro teve uma fratura na mandíbula, no lado direito da face e está sendo operado neste instante.

Atualização às 17h57: o Movimento Sem Terra identificou o homem ferido como um dos integrantes do movimento. Em nota, o grupo repudiou a violência da reação dos guardas municipais e informou que outras duas pessoas foram atingidas pelos disparos, mas só Sandro foi ferido com gravidade. A íntegra da nota do MST está abaixo.

A confusão teria acontecido por volta das 8h30. Manifestantes tomaram parte da via e estavam ateando fogo em pneus. Policiais rodoviários, militares e a guarda municipal tentavam desocupar a rodovia.

Na tentativa de evitar a ampliação do fogo, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Araucária, os guardas dispararam três tiros de granilha, de alerta, para dispersar o grupo de manifestantes, mas as pessoas permaneceram na via. Em seguida, fizeram quatro disparos de bala de borracha.

Com isso, os manifestantes deixaram parte da rodovia. Mais tarde, a Polícia Rodoviária Federal, que coordenava a ação, e os manifestantes entraram num acordo para liberar o trânsito e manter o protesto.

Confira a nota da Prefeitura de Araucária sobre o incidente:

NOTA (Prefeitura de Araucária)

A Guarda Municipal de Araucária foi solicitada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dar apoio visando garantir a desobstrução da BR 476 na manhã desta sexta-feira (14). De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Pública (SMSP), os manifestantes bloquearam a via e colocaram fogo em pneus. Com a aproximação da Guarda e da PRF, os manifestantes lançaram mais gasolina para aumentar o fogo e em direção às forças de segurança. Neste momento houve a intervenção com 3 tiros de granilha que, por não causar impacto, serve apenas para dispersar. Com a resistência, houve disparo de 4 tiros de bala de borracha. É preciso esclarecer que os tiros de borracha são sempre direcionados para, no máximo, a altura da cintura; jamais em direção ao rosto. A SMSP esclareceu ainda que os tiros de borracha foram direcionados exclusivamente a um grupo específico que estava na via e fazia uso da gasolina na direção das equipes de segurança. Para ser atingida no rosto pode ter ocorrido de a bala ricochetear ou de a pessoa estar agachada.
A grande maioria das pessoas da manifestação estava de um outro lado (mais próximo à Repar). Manifestantes afirmaram à Guarda não reconhecer aquele grupo que portava galão de gasolina como parte da manifestação.
Por volta das 9 horas, representantes da Guarda Municipal e da PRF negociaram a liberação da via com os manifestantes. Foi recolhido um caminhão e meio de pneus utilizados no bloqueio. No local, não houve relato de ferido com bala de borracha (as informações surgiram depois pela imprensa). Se a Guarda Municipal tivesse sido informada, teria encaminhado a pessoa para atendimento médico imediatamente. A Secretaria Municipal de Segurança Pública informou que em todos os casos em que há disparo de arma de fogo (letal ou não) o procedimento é abrir sindicância para verificar todos os procedimentos.

NOTA DE REPÚDIO (MST)

Durante a Greve Geral, do dia 14 de junho, trabalhadores foram violentamente atacados pela Guarda Municipal na rodovia federal BR 426 (do Xisto), em Araucária, região Metropolitana de Curitiba (PR). O ataque ocorreu a cerca de 1 km das unidades da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), ambas da Petrobras, onde ocorria a mobilização.
Como parte dos protestos da Greve Geral, houve um trancamento parcial da rodovia do Xisto. Impedidos pelo aparato policial de trancar a via, os trabalhadores se retiravam do local quando foram atacados pela Guarda com tiros de bala de borracha, o que caracteriza o ataque como covarde e criminoso contra trabalhadores em seu direito à greve. Os tiros acertaram três pessoas, entre eles um companheiro do MST, atingido com uma bala de borracha no rosto. O ferido encontra-se hospitalizado.
A repressão atenta contra a democracia e o direito de greve. A Rodovia Federal BR 426, está sob jurisdição da Polícia Rodoviária Federal, no entanto os tiros foram disparados pela Guarda Municipal de Araucária, agravando a situação, uma vez que não compete a uma guarda municipal atuar em área federal.
A responsabilidade pelo ataque violento é do Secretário de Segurança  pública, Antônio João Franceschi Neto, e do Prefeito de Araucária, Hissam Hussein Dehain (PPS), que precisam ser responsabilizados pela ação.
Nós trabalhadores, neste momento político em que o Estado tenta retirar direitos mínimos conquistados pela classe trabalhadora, lutaremos pelo direito à aposentadoria, à educação pública e pela soberania nacional.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Frente Brasil Popular, Sindipetro, Sindiquímica, professores e caminhoneiros que participavam da atividade repudiam qualquer ataque contra a classe trabalhadora.
Repudiamos a opressão policial contra trabalhadores, denunciaremos qualquer violência contra aqueles que lutam por direitos.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PR)
Araucária (PR), 14 de junho de 2019.

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