Escolas públicas de Curitiba ganham 6 mil alunos na pandemia

Maioria veio da Rede Particular para a Pré-escola e os anos iniciais do Ensino Fundamental e Médio

Desde o início da pandemia do coronavírus, as escolas públicas (municipais e estaduais) de Curitiba já receberam, ao menos, 6.057 mil novos estudantes, a maioria (87%) transferida de colégios particulares. A Pré-escola, os 1º e 6º ano do Ensino Fundamental e o 1º ano do Ensino Médio, séries de entrada de ciclos, foram os que mais absorveram novos estudantes.

Os dados levam em conta monitoramentos das secretarias de Educação. Apesar do fluxo, tanto a Rede Municipal quanto a Estadual garantem não haver barreiras para absorver o novo contingente de alunos – que seguem com atividades curriculares remotas por causa da Covid-19.

Em Curitiba, a pasta municipal contabilizou 4.007 matrículas entre 23 de março – quando aulas presenciais foram suspensas – e 2 de outubro. Destas, 87% (3.489) foram de alunos que migraram da Rede Particular de Ensino. O restante veio de escolas municipais de outras cidades.

Já as escolas estaduais, na Capital, receberam 2.050 novos estudantes de março a 2 de outubro – números relativos apenas ao Ensino Básico regular e à Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Os levantamentos são anteriores ao período anual de matrículas e cadastros, iniciado em Curitiba na última segunda-feira (5) e que, nas bases do governo Estadual, ainda não começou. Portanto, não consideram o ingresso de novos alunos de acordo com o previsto pelo calendário escolar, o que pode aumentar ainda mais a demanda para o próximo ano letivo.

Rede Municipal

Nas escolas municipais, das 4.007 matrículas feitas no período, às quais se somam a transferência de alunos de outros municípios, 34% (1.387) foram para a Pré-escola. O 1º ano do Ensino Fundamental vem logo depois, com 632 pedidos (15%), seguido do 2º ano, com 575 (14,3%).

As 3ª, 4ª e 5ª séries, ainda sob competência majoritária do poder municipal, tiveram, respectivamente, 494, 452 e 393 matrículas feitas. Do 6º ao 9º foram 5, e nas classes especiais 17.

A secretária de Educação de Curitiba, Maria Sílvia Bacila, disse em entrevista ao Plural, nesta quinta-feira (8), que a quantidade de novos alunos não deixa a Rede Municipal em saia justa, já que, mesmo com os novos integrados, o sistema de ensino da cidade ainda tem cerca de 10 mil vagas disponíveis.

“Nós estamos preparados porque temos ainda uma quantidade de vagas em aberto”, afirmou a secretária, que garantiu estrutura suficiente para atender ao novo quadro de estudantes, mesmo num possível retorno de aulas presenciais. “Eles foram matriculados em turmas que, se presencialmente elas existirem, eles estão possíveis de serem abrigados. Não foram matriculados em turmas que não são possíveis de absorvê-los”, afirmou.

Foto: Joel Rocha SMCS

Professores

No entanto, o Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal (Sismmac) não vê o cenário com a mesma segurança e diz estar em alerta por causa do déficit de professores. Desde 2015, em cálculos do próprio sindicato, 2.191 profissionais do magistério se aposentaram ou se desligaram do município, mas apenas 1.113 novos professores foram contratados.

“A gente não tem noção como vai ficar. E além de professores, também faltam pedagogos. Isso compromete todo o nosso trabalho em um possível retorno, seja pelo atendimento pedagógico, seja pela estrutura. Se aumenta o número de estudantes, e Curitiba já tem um número alto de alunos por sala, vai ter que ampliar turmas e vai ter que ter mais professores”, analisa Luciana Kopsch, diretora do Sismmac.

A secretária de Educação de Curitiba não respondeu se o conjunto de docentes hoje mantido pela Rede Municipal será suficiente, mas não descartou a possibilidade de abrir novas vagas para suprir a demanda. “Temos aí pela frente um novo tempo e seguiremos com as possibilidades que nos são dadas dentro daquilo que é legal. Se é necessário pedir novo concurso, assim o faremos. Se eu tiver uma demanda maior, eu chamarei mais professores.”

Rede Estadual

Quanto às novas vagas ocupadas nas escolas da Rede Estadual, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) também disse não ter preocupação, “pois as vagas que estão sendo ofertadas condizem com a capacidade presencial conforme a Legislação vigente em relação aos alunos em sala”. Em todo o Paraná, cerca de 14 mil alunos migraram para as escolas geridas pelo Estado.

Foto: Hedeson Alves

Nas escolas estaduais de Curitiba, o maior número matriculados foi no 6º ano do Ensino Fundamental: 290 alunos entre março e o início de outubro. Juntando os 6º, 7º, 8º e 9º anos, normais e integrais, o total chega a 1.004 novos estudantes nesta etapa. No Ensino Médio, foram 624, sendo 42% (265) no 1º ano regular.

Os dados da Seed, no entanto, não são especificamente de transferências da Rede Privada, mas nota-se que foi no início da pandemia, em março, que a houve uma procura massiva por vagas nas escolas estaduais.

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1 comentário em “Escolas públicas de Curitiba ganham 6 mil alunos na pandemia”

  1. Luiz Carlos Heleno

    O Ensino público gratuito e universal é uma das maiores conquistas do conjunto da sociedade brasileira. Os ajustes para a melhora da qualidade no ensino sempre são desafios constantes; é uma das agendas no conjunto de ações. Nenhum governo se tornará viável se se tornar ameaça a essa conquista da escola pública, fortalecida pela Constituição Cidadã. Esforços de representantes da gestão pública e de representantes de classe nesta direção sempre serão bem vindos. Em que pese a gestão duvidosa no Ministério da Educação, o Ensino Público continua sendo um alicerce de resistência.

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