“A gente é acostumado ao sofrimento”, diz Juliana Teixeira, de 37 anos, moradora e parte da liderança na comunidade 29 de Março, no CIC. Instaladas à beira da Estrada Velha do Barigui, nas proximidades da fábrica da Toshiba, as quatro comunidades – Primavera, Tiradentes, 29 de Março e Dona Cida – enfrentam problemas com o abastecimento de água há pelo menos dois dias.
Em meio ao desabastecimento, pelo qual toda a capital paranaense passa, o fluxo de água na região voltou – em volume reduzido – apenas em parte das comunidades. “É muito pouca água”, relata Edna Elaine Bacili, de 31 anos, moradora e líder na comunidade Dona Cida. “A água vem, mas é bem pouquinha”, salienta Juliana. Algumas família chegaram a comprar galões, na tentativa de amenizar a situação, já que boa parte dos moradores não possui caixas d’água: “Não temos aonde armazenar, estamos sem água”, explica Edna.
Atividades que exigem um maior volume de água, como lavar roupas, tem sido feitas de madrugada – quando há menos pessoas utilizando o recurso escasso. “Como você vai fazer o enfrentamento do Covid-19 sem água?”, questiona a consultora e auditora, Denise Campos. Voluntária nas comunidades, Denise agora organiza uma reclamação formal ao município, pedindo apoio, informação e recursos para o enfrentamento da pandemia por parte das populações mais vulneráveis.
A preocupação maior é que, mais para frente, o problema se agrave quando a quarentena se estender: “Muitas famílias aqui são autônomas, precisam do trabalho do dia para receber. Qual vai ser a atitude das autoridades diante das famílias que não têm condições?”, pergunta Edna.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Sanepar informou que houve a diminuição do fluxo da água liberada, em razão dos níveis baixos nos reservatórios, mas que a orientação é procurar atendimento via 0800 quando não houver aviso de desligamento na região.