Eleição tem operação contra transporte de eleitores

Prática é ilegal, assim como a campanha por whatsapp e a distribuição de santinhos

Os eleitores e candidatos que participam da nova eleição para o Conselho Tutelar de Curitiba foram surpreendidos pela fiscalização que tenta coibir irregularidades. Membros do Ministério Público estão registrando placas e dados de carros suspeitos de transporte irregular de eleitores como parte de uma tentativa de coibir e investigar a prática.

Na Regional Santa Felicidade, promotores anotavam as placas dos carros em torno do local de votação. As informações serão usadas na identificação de eventuais crimes eleitorais. No local, grupos chegavam para votar vindos das igrejas da região, logo após o fim da celebração dominical. O primeiro caso de transporte ilegal foi flagrado por volta das 11 horas.

Na regional do Boqueirão a chuva atrapalhou o fluxo de eleitores . Não houve denúncias e poucos candidatos enviaram fiscais para acompanhar o pleito. Uma Kombi foi flagrada depois de estacionar próximo ao local de votação pela segunda vez, trazendo um grupo de pessoas. O flagrante foi feito por um representante do Ministério Público e policiais militares.

Outros casos flagrados pela equipe do Plural incluem o envio, pelo Whatsapp de santinhos e colas com nomes e números de candidatos e a distribuição de santinhos dentros dos locais de votação. As irregularidades registradas em locais de votação são registradas em ata pelos promotores que acompanham o pleito e deverão ser investigadas.

Cajuru

Nem a chuva impediu que os eleitores da regional Cajuru, a que mais teve problemas na primeira eleição, comparecessem em peso para o pleito. Desde os primeiros minutos da eleição, a população ocupou os corredores da Escola Municipal Prefeito Omar Sabbag. Famílias inteiras, pessoas em cadeiras de roda e até animais de estimação marcaram presença. “Ué, não era pra trazer todo mundo?”, brincou uma eleitora ao ser questionada sobre a presença de seu cachorro.

As denúncias de irregularidades, porém, foram constantes. Casos de transporte irregular e de boca de urna foram constantemente relatados às autoridades do Ministério Público, que fiscalizavam o local. Algumas denúncias resultaram, inclusive, em advertências escritas pelo MP.
A Guarda Municipal também auxiliou na segurança dos eleitores e os fiscais estavam atentos, denunciando qualquer caso suspeito.

Houve casos de exaltação por parte de alguns eleitores, que se recusavam a entregar documentos para a fiscalização do Ministério Público que ocorria em casos de suspeita de irregularidades. Outros, quando pegos envolvidos com transporte irregular, gaguejavam e desconversavam, fugindo do assunto para despistar as autoridades.

Os fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus estavam em peso no pleito. Apareciam em grupos e comentavam sobre as ações da igreja e sobre o culto do dia.

Tatuquara

A movimentação de eleitores na regional do Tatuquara foi bem distribuída durante toda a manhã. Para prevenir as irregularidades que impugnaram a eleição anterior, houve um aumento na equipe de trabalho e no número de fiscais de candidatos.

Na primeira eleição, cada candidato tinha direito a um fiscal por regional; hoje, era permitido um fiscal por sala (totalizando o máximo de quatro fiscais por candidato no Tatuquara). Segundo Alexandre da Costa Filho, conselheiro do Comtiba, funcionários de outras regionais foram deslocados para as que estão refazendo a eleição hoje, incluindo o Tatuquara. Outra mudança foi o aumento no número de sessões, por conta da reclamação dos eleitores da vez passada.

Durante a manhã, o fiscal Antônio Damazo, que representava a candidata Ivone Conceição Damazo, foi repreendido pelo coordenador do Comtiba por estar cumprimentando eleitores na porta da regional. O fiscal se alterou e acabou deixando o local.

Durante a manhã foram levantadas várias suspeitas de transporte de eleitores, mas nenhuma resultou em denúncia formal. O procedimento da Guarda Municipal para registro incluía consultar o documento do motorista e fotografar o carro. Uma mulher que estava com a sobrinha e uma criança se irritou com a fiscalização e com a forma que foi abordada, e após discutir com a promotoria do MP, se recusou a votar e foi embora.

A promotora de Justiça do Ministério Público Fernanda Nagl Garciaz, comentou que o trabalho do MP é preventivo e não repressivo, e visa garantir a liberdade de voto e isonomia entre os candidatos.

Uma das polêmicas registradas no Tatuquara na primeira eleição dizia respeito à candidata Roseli Campos, que indicou como fiscal seu marido e vereador Rogério Campos (PSC). Ele permaneceu como fiscal na eleição de hoje, de acordo com a assinatura nos registros do Comtiba.

Colaboraram os alunos Aline Taveira, Isadora Deip, Marina Prata, Andrey Ribeiro e Mariana Scavassin, do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica sob a orientação do professor Renan Colombo.

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