A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed) terá de responder se está a par de possíveis outras denúncias relacionadas a crimes contra estudantes cometidos dentro das escolas cívico-militares do Paraná. O requerimento de informação foi protocolado pelo deputado Tadeu Veneri (PT), nesta segunda-feira (13), na esteira do escândalo registrado em uma escola do modelo no interior do estado.
Na sexta-feira (10), o Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou dois policiais militares aposentados pelos crimes de ameaça, vias de fato, violência arbitrária, submissão de adolescente a constrangimento, corrupção passiva e prevaricação. Um deles socou um aluno e ameaçou matá-lo depois de descoberto o desenho de uma folha de maconha e da inscrição da frase “vida loca” em uma carteira escolar. O caso foi em Imbituva, na região Centro-Sul do estado, onde os denunciados atuavam como monitor e diretor militar.
No documento, o deputado pede esclarecimentos à pasta sobre quais medidas foram tomadas pelo governo em relação aos crimes apontados pelo MPPR e também sobre o destino dos policiais e a consequência dos atos. Desde o dia do episódio até hoje, não há registros de movimentação dos militares no Diário Oficial do Estado. Pede-se ainda detalhes da manifestação da Seed perante a Promotoria de Justiça de Imbituva e sobre o que prevê o protocolo da secretaria em casos como este no modelo de ensino cívico-militar – um dos principais laços entre o governo Ratinho Jr. e o presidente Jair Bolsonaro.
Por fim, o documento quer saber ainda de outras possíveis denúncias que tenham alunos como vítimas nas instituições que operam hoje sob este modelo. Em todo o Paraná, desde o ano passado, 206 instituições passaram a ter um sistema de ensino compartilhado com valores da Polícia Militar.
Este é o segundo caso recente envolvendo violência de militares contra os alunos. Em agosto, outro policial foi preso por assediar alunas de uma escola de Francisco Beltrão.
Na lição dos doutos em educação a Escola deve ter o aluno como centro do processo ensino aprendizado e de inclusão. Mas a verdade, é que, não diferente de outras coisas públicas, estão ali para servirem aos seus operadores e profissionais. Tem que implementar um controle externo da gestão pública na escola, formado por notáveis em educação fora da escola gerida, sob pena de institucionalizar a mediocridade, como vem acontecendo com toda coisa pública.