Curitiba tem 925 professores idosos na Educação Básica

EJA e Ensino Especial concentram o maior número, que envolve as Redes Pública e Privada

A retomada do ano letivo em Curitiba não será em setembro, divulgou na última sexta-feira (28) a Prefeitura. A data exata ainda é incerta, e sequer há como prever. O que se sabe, no entanto, é que os alunos não encontrarão o quadro completo de professores titulares no retorno às escolas. Na Capital paranaense, pelo menos 925 docentes do Ensino Básico das Redes Pública e Privada não devem voltar às atividades presenciais por terem mais de 60 anos.

O recorte é do Censo Escolar de 2019 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inpe), pasta vinculada ao Ministério da Educação (MEC). O levantamento não segmenta faixa etária por Rede e, por isso, não há como saber quantos destes idosos estão lotados em escolas públicas e quantos em particulares. Por ser um raio-x geral, também não traz informações sobre outros fatores que podem sujeitar profissionais da Educação ao  grupo de risco da Covid-19 – o que indica um universo de afastamento bem maior do que apenas 925 profissionais.

De acordo com o Censo, as modalidades Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Ensino Especial em Classes Exclusivas são as que mais concentram professores idosos em Curitiba. Eles representam, respectivamente, 9,2% (121) e 8% (86) da fatia de docentes lotados nestas etapas.

Nos anos iniciais (1º ao 5ª) e finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º), são 535 professores. No Ensino Médio, 275. Os números brutos por etapa não podem ser somados porque não excluem professores que lecionam em mais de uma fase do ensino básico ao mesmo tempo. A etapa com menos docentes idosos é a Educação Infantil (pré-escola), que tem 77 profissionais nesta faixa etária.

A Secretaria Municipal de Educação de Curitiba (SME) não informou detalhes da lista de professores da Rede Municipal considerados parte do grupo de risco. Mas, segundo a pasta, os que devem se manter afastados chegam a 5% do total de 15 mil docentes, ou seja, 750. No entanto, não se sabe em qual categoria de risco cada um deles se enquadra.

Pela Rede Estadual, a Secretaria de Estado da Educação e Esporte (Seed) informou que 7.792 professores da Educação Básica são do grupo de risco, mas também não repassou detalhes.

A Prefeitura de Curitiba reforça que professores e servidores mais suscetíveis ao coronavírus não voltarão às salas de aula. A Seed, por sua vez, diz que qualquer decisão neste sentido dependerá do cenário de retorno.

Retomada

Tanto na Capital paranaense quanto nas demais cidades do Estado, alunos do último ano do Ensino Médio e do 9º ano do Ensino Fundamental serão os primeiros a regressar às escolas, em data ainda não definida pelas autoridades sanitárias. Logo depois, vêm as turmas do Ensino Médio, seguidas pelas demais séries.

Salas preparadas para o retorno. Foto: Seed

Embora professores idosos ou pertencentes a outros grupos de risco devam ser poupados do trabalho presencial, sindicatos defendem que estas aulas não sejam retomadas neste ano. Eles acreditam que, mesmo regras de controle mais rígidas podem não ser suficientes para impedir a transmissão do coronavírus, que já matou mais de 118 mil pessoas em todo Brasil desde março, sendo pelo menos mil óbitos em Curitiba.

“Em países onde a pandemia teve pico e já voltaram às aulas, mesmo com todos os protocolos, o nível de contaminação de trabalhadores da Educação cresceu. A gente sabe da dificuldade que é manter crianças e adolescentes em casa, pois pais têm que trabalhar, alguns dependem da escola para alimentar os filhos, mas esta atividade deve estar na última etapa de retomada”, afirma Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato.

Lineu Ferreira Ribas, presidente do Sindicato dos Professores no Estado do Paraná (Sinpropar), que representa a categoria vinculada a instituições particulares, acredita que o retorno não é a melhor opção. O protocolo ideal seria aguardar a chegada de uma vacina comprovadamente eficaz –  o que é pouco provável ainda este ano.

Contudo, em caso de consentimento dos órgãos de saúde, o sindicato diz trabalhar para que, além de treinamento intensivo para a nova rotina nas salas de aula, o regresso dos professores seja parcial. “Não defendemos, de forma alguma, o retorno. Agora, se as autoridades disserem o contrário, defendemos que enquanto não houver vacina os professores idosos e do grupo de risco não voltem em hipótese alguma.”

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