Sete Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba deverão deixar de contar com atendimento médico por pediatras nas próximas semanas. Alguns profissionais já foram comunicados da transferência e no caso de pelo menos uma UPA, a do Tatuquara, a mudança já aconteceu.
Na UPA Pinheirinho, o processo está em andamento.
Ao Plural, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou, via assessoria de imprensa, que não houve alterações e que os pediatras continuam atendendo nas UPAs normalmente.
Esta semana a SMS anunciou alterações no funcionamento das UPAs, com a ativação de leitos Covid-19 em sete unidades (Fazendinha e Boqueirão já estavam funcionando como leito Covid ou de retaguarda). Esses locais passaram a fazer uma triagem mais rigorosa na entrada e a encaminhar casos leves e menor gravidade para atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Também esta semana a prefeitura de Curitiba publicou uma portaria estabelecendo que qualquer funcionário da SMS poderá ser convocado a atuar no enfrentamento da Covid-19, independente de cargo ou lotação. Isso porque muitos profissionais das UPAs são concursados para vagas no Pronto Atendimento, e não nas UBSs.
A transferência de pediatras para as Unidades de Saúde Básica também vão de encontro a uma tendência dentro do governo municipal, a de manter as UPAs sem pediatras, como já acontecia na UPA CIC. A medida, no entanto, é criticada por profissionais e entidades de classe, uma vez que o atendimento de emergências de crianças tem desafios próprios a faixa etária.
Há uma preocupação também com a perda, nas UPAs, de profissionais acostumados com o atendimento de emergência, que passam a atuar nas UBS. Isso porque dentro da medicina, a urgência e emergência é uma especialidade que pressupõe formação específica.
Pouco tempo atrás, a prefeitura iniciou terceirização dos profissionais do SAMU
(https://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/para-baratear-servico-greca-terceiriza-enfermeiros-do-samu/).
Mais recentemente, a decisão de transformar as UPAS em hospitais para atendimento de Covid-19 aprofundou ainda mais a precarização dos serviços de saúde em Curitiba.
Agora, a ausência de pediatras na linha de frente. Num momento em que aumenta o número de crianças afetadas pela Covid-19 (https://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/nova-variante-do-coronavirus-atinge-mais-jovens/). Preocupante.
Até quando a prefeitura insistirá em medidas paliativas e provisórias? Difícil antever todos os cenários possíveis. Se o prefeito não decretar lockdown, visitaremos esses cenários.