Para baratear serviço, Greca terceiriza enfermeiros do Samu

Enfermeiros do Samu vão para unidades de saúde, mas dizem não saber fazer esse tipo de trabalho

Em meio à pandemia, a prefeitura de Curitiba vai trocar os enfermeiros que fazem o serviço de atendimento pré-hospitalar no Samu por outros profissionais mais baratos. Os enfermeiros e técnicos de enfermagem que trabalham hoje nas ambulâncias em sua maioria são concursados. Agora, o trabalho será feito por terceirizados, que não têm nem o mesmo salário nem o mesmo número de folgas.

A mudança será feita porque os enfermeiros que hoje trabalham no Samu serão redirecionados para as Unidades Básicas de Saúde e para as Unidades de Pronto-Atendimento. Eles vão substituir os profissionais que ficaram doentes de Covid e, segundo a prefeitura, também para “expandir os serviços”.

Os novos enfermeiros do Samu são contratados via Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), uma instituição que a prefeitura usa para terceirizar serviços de saúde, em geral tentando barateá-los. Serão cerca de 200 novos enfermeiros e técnicos de enfermagem nas dez bases do Samu espalhadas pela cidade: são 27 ambulâncias, divididas em duas categorias, as mais simples e as mais avançadas.

Além do salário mais baixo, sem direito às mesmas promoções e progressões, os terceirizados têm um esquema bem diferente de trabalho. Enquanto os concursados fazem uma escala de 12 horas de plantão para 60 horas de descanso, os contratados pela Feas fazem 12h por 36h, com uma folga a cada cinco plantões.

Desde 2012, na gestão Luciano Ducci, a prefeitura vem terceirizando os médicos do Samu. Hoje só os médicos que fazem a regulação (a triagem para saber que tipo de atendimento mandar quando alguém liga) são concursados e têm estabilidade. Os médicos das ambulâncias já são contratados via Feas.

Agora, a gestão Rafael Greca anunciou a mudança na enfermagem. Os profissionais foram avisados de sua saída na semana passada: souberam que dentro de três semanas serão lotados em uma das unidades de saúde da cidade. Os enfermeiros do Samu, no entanto, além de reclamarem do anúncio súbito, dizem não estar preparados para a nova função.

“Eu trabalho há 15 anos no Samu”, disse uma enfermeira que não quis se identificar em entrevista ao Plural. “Me preparei para isso, fiz todo tipo de curso de urgência e emergência. E agora vão em mandar para uma unidade de saúde, onde eu não sei nem fazer um preventivo numa paciente”, afirma.

Por outro lado, os enfermeiros também reclamam de um possível sucateamento do Samu. “Esses enfermeiros que vêm para cá não estão sendo treinados por nós”, diz uma profissional que está hoje nas ambulâncias.

A prefeitura diz que “a Feas conta com o Centro de Capacitação e Desenvolvimento Humano (Cecadeh), responsável pelo aprimoramento contínuo dos colaboradores da fundação nas mais diversas áreas, incluindo a urgência e emergência”.

O Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren/PR) afirmou ao Plural que, vai apoiar o sindicato que representa a enfermagem do município (Sismec) nas reivindicações que serão feitas quanto à terceirização do Samu.

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8 comentários em “Para baratear serviço, Greca terceiriza enfermeiros do Samu”

  1. ROSANGEL CASTELLANO CHAGAS

    Se vc tem profissionais capacitados, q há mais de uma década aprenderam gerenciar o trabalho sob de stress, com uma escala mais humana e substitui por outros sem experiência, alguns recem formados e coloca um salário baixo e uma escala de trabalho desumana , me diga onde esta o erro.

  2. Tenho Santa paciência porque não faz o inverso coloca os enfermeiros é técnico terceirizados nas universidades básicas e largam os profissionais do SAMU aonde estão a várias anos com certeza além das capacitações e experiência ao longo dos anos irão fazer falta pra população esses políticos só pensam em retorno financeiro essas OS servem de gargalo pra meterem a mão em dinheiro ? público mais Deus tarda mais não falha a população é quem paga um preço pela ambição humana

  3. Salário mais baixo e um absurdo eu trabalho na área da saúde e diminuir o meu salário eu sairia no outro dia .l,vamos valorizar o trabalho do ser humano diminuir salário não adianta nem certo .

  4. Ninguém sabe o quanto custava, muito menos o quanto custará o sistema de saúde de Curitiba. Os números da Prefeitura são um mistério. Entretanto, o prefeito recebe todos os dia um relatório sobre a execução orçamentária. Os dados são entregues também à auditoria do Tribunal de Contas e à Comissão de Orçamento da Câmara de Vereadores? Provavelmente. Um pedido do Plural, em nome dos curitibanos, será atendido? Creio que sim. A publicidade dos gastos públicos é o melhor meio de melhorar nossa democracia.

  5. E muito triste saber que os políticos não importa com a saúde e muito menos com profissionais qualificado para o trabalho pq eles não aumenta o efetivo junto com as equipes experientes que já estão no SAMU ? Mas uma coisa e certa isso e dinheiro rolando pelo ralo!!! Terceirização e um meio dos políticos abocanhar o deles !!!!!

  6. A taxa de ocupação de leitos em Curitiba está acima de 80% há semanas.
    O Plural já mostrou, em outras matérias, que o sistema de saúde curitibano está tensionado para além dos limites do razoável. Enfermeiros e técnicos de enfermagem são os profissionais da saúde mais afetados pela pandemia.

    A terceirização por meio da FEAS (essas siglas matam…) faz parte dos movimentos de sucateamento do serviço público, ainda tão em voga – e que encontram apoio em amplos segmentos da população. Contudo, no presente momento, a contratação de 200 (!) enfermeiros e técnicos não seria consequência do “esgotamento” desses profissionais em decorrência da Covid-19 que, em última análise, não está sob controle em Curitiba? Haveria alguma relação entre essas contratações e um possível risco de colapso do sistema municipal de saúde? (Por falta de funcionários em condições de bem desempenhar suas funções). É só uma pergunta de alguém que se importa.

    1. Aposto que Os leitos nao estao lotados. Parece que hospitais onde emprezas administram Mais da da metade dos leitos estao oceósos nunca funcionaram . sao parece que O que acontece é que de cada cem leitos existentes no hospital colocam em funcionamenta apenas uns 30 que dizem que é exclusivo para covid. O restante fica fica fechado. Prova disso é que leitos para todas as outras cormobidades Ficaram fechados o ano todo. . vc lembra? E dai quando esses 30 leitos enchem ai dizem que esta na lotacao maxima. Tire a prova real. Pesquise quantos hospitais tem em curitiba e quantos leitos geral tem em cada hospital. E qual hospital nao é administrado por empresas em alguns que vcs pensam ser pubkicos tem andares inteiros fechados. E por fim pesquise quantas pessoas tem hoje internadas nesses leitos .vai ver que nos mais de 2 mil leitos gerais existentes tem apenas perto de 400 pessoas internadas. E pior .na maioria das vezes essas empresas enchem os leitos de uti com pct bom para nao receberem os realmente grave . porque assim economizam mais . e tanto faz se o pct que esta na uti covid esta grave ou bom. O dinheiro recebido é o mesmo. A diferenca é quanto melhor o pct estiver menos a empresa gasta . entende. ?? Conhece algum idozo grave que ficou dias num leito precorio de uma upa por falta de leitos enquanto via muitas pessoas sem tanta gravidade serem transferidas para hodpitais para a custo de uti somente para realizar exames??É so pesquisar. Parabenizo as santas casas. E reso para que vc nunca fique um doente grave. Porque a saude hoje. Nao passa de um balcao de negocios. Em todos os setores. Onde tem recursos publicos.

    2. ROSANGEL CASTELLANO CHAGAS

      Se vc tem profissionais capacitados, q há mais de uma década aprenderam gerenciar o trabalho sob de stress, com uma escala mais humana e substitui por outros sem experiência, alguns recem formados e coloca um salário baixo e uma escala de trabalho desumana , me diga onde esta o erro.

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