CMEI fecha por Covid-19 entre professoras

Centro de Educação Infantil de Curitiba está isolado e outros três têm profissionais com a doença; veja as denúncias

Com 26 profissionais e cerca de 130 alunos matriculados, o Centro de Educação Infantil Marechal Rondon II, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), não abriu as portas nesta segunda-feira (22), dia de retorno dos alunos às aulas presenciais. O fechamento, que isola a escola por 10 dias, se deu após a confirmação de casos de coronavírus entre duas professoras da instituição. Outros três CMEIs da Capital registram profissionais com a doença e sete deles têm dificuldades para seguir as regras de proteção à saúde.

O balanço foi realizado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sismuc) e Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal (Sismmac), ambos de Curitiba. De acordo com as entidades, além das duas professoras na CIC, há mais quatro profissionais confirmados (2 professores, 1 pedagoga, 1 diretora), além de três professores com suspeita da doença.

As contaminações aumentaram em fevereiro, após o retorno presencial dos profissionais da Educação para as escolas e CMEIs. Durante a semana pedagógica, várias escolas registraram casos, surtos e quarentena por causa do vírus, inclusive na Rede Pública Estadual de Ensino.

“Estamos alertando estas situações há muito tempo e a Prefeitura está pagando pra ver o que acontece. Esse é o primeiro CMEI que ficou em isolamento, porém temos casos já confirmados em várias unidades”, afirma Fabiana Caputti, diretora do Sismuc, reforçando a importância das denúncias nos canais dos sindicatos. “Essas denúncias serão levadas aos Ministério Público do Trabalho (MPT/PR)”, lembra. Elas podem ser relatadas pelo WhatsApp do sindicato, no fone  (41) 99988-2680.

“As situações podem ser desde falta de ventilação ou falta de espaço adequado para o distanciamento social, descumprimento do número de alunos por sala, e até mesmo casos de crianças ou trabalhadores com sintomas que não foram isolados. Se a sua escola ou CMEI se manteve aberto mesmo depois de ter um caso confirmado que esteve na unidade antes do diagnóstico, a chefia direta deverá avisar o Núcleo Regional. O NR precisa entrar em contato com o Distrito Sanitário para tomar as medidas necessárias em cada caso. Se isso não ocorrer, faça a denúncia.”

Decisão compartilhada

A Secretaria Municipal de Educação (SME) confirmou o fechamento do CMEI na CIC e disse que seguiu as orientações das autoridades de saúde, sendo que a escola “passará por sanitização (desinfecção com amônia quaternária) antes de ser reaberto (a) novamente”. Quando houver caso confirmado em alguma unidade, “a princípio o grupo será isolado”, diz a SME, em nota. “A decisão por isolamento ou fechamento de escola é tomada com base na avaliação do Distrito Sanitário”, destacando que “cada escola tem seu próprio comitê interno para organizar a rotina, dentro das orientações do Protocolo de Retorno das Atividades Presenciais”.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o tempo de quarentena do CMEI Marechal Rondon II será de 10 dias, quando haverá uma reavaliação. A pasta informou que a decisão pelo isolamento de uma instituição de ensino é tomada de forma compartilhada entre as Secretarias Municipais de Saúde e Educação.

Serão 10 dias de fechamento para desinfecção da unidade. Foto: Sismuc

Denúncias

O levantamento do Sismuc e do Sismmac aponta as seguintes situações diagnosticadas em instituições da Rede Municipal de Ensino de Curitiba:

*CMEI José Carlos Pizani (Tatuquara) – diretora com Covid;

* CMEI Flora Munhoz da Rocha (Tatuquara), uma professora com Covid;

* CMEI Vila Camargo (Cajuru) – salas pequenas, paredes emboloradas e sem ventilação;

* CMEI Cajuru – sala no meio do Cmei sem janelas, que chamam de ‘sala aquário’ vai receber 12 crianças;

* CMEI Santa Schier (Portão/Vila Guaíra) – pedagoga estava afastada com Covid, retornou bem debilitada, passou mal no Cmei e foi levada pelo Samu;

* CMEI Trindade (Cajuru) – um caso confirmado de professor com Covid;

* CMEI São João Operário (Alto Boqueirão) – a medição de temperatura das professoras não está sendo feita para entrarem no CMEI;

*CMEI Érico Veríssimo (Alto Boqueirão), CMEI Colombo (Fazendinha), CMEI Nossa Senhora da Luz II (CIC) – faltam condições para o distanciamento;

*CMEI São Carlos (Pinheirinho) – falhas nos protocolos e três professores com suspeita de Covid-19.

A Secretaria Municipal de Educação foi questionada pelo Plural sobre todos os casos acima, denunciados pelos sindicatos, mas se manifestou apenas sobre o CMEI fechado na CIC.

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2 comentários em “CMEI fecha por Covid-19 entre professoras”

  1. Suas matérias têm sido muito informativas. O Plural continua realizando jornalismo de primeira.

    Gostaria de fazer um comentário com respeito ao comunicado da SME de que a escola “passará por sanitização (desinfecção com amônia quaternária) antes de ser reaberto (a) novamente”.

    O conhecimento atual com relação às formas de transmissão da Covid-19 aponta para a prevalência da contaminação “pelo ar”, que ocorre por conta de gotículas e aerosóis exalados por pessoas infectadas (mesmo as assintomáticas). Quando essas gotículas são depositadas em superfícies, os riscos de contaminação são muito baixos. Além disso, quando há boa ventilação dos ambientes, essas gotículas e aerosóis são dissipados. Ou seja, uma vez que as pessoas se ausentem dos ambientes e que estes sejam bem ventilados, o vírus não fica disponível para infectar gente. Se uma escola não for frequentada por alguns dias, desde que haja boa circulação de ar, não é necessário realizar “desinfecção”. Aparentemente, a prefeitura tem uma fixação pela “amônia quaternária”. Ocorre que, objetivamente, de pouco serve a “sanitização”. Objetivamente, o que produzirá a circulação do vírus e a contaminação das pessoas é o contato contínuo e prolongado entre indivíduos, particularmente quando os ambientes forem mal ventilados, quando não for possível o distanciamento, quando forem usadas máscaras de baixa qualidade, ou quando máscaras forem usadas incorretamente.
    No caso das escolas, se não houver espaço físico suficiente para o distanciamento entre as pessoas e se as crianças e professores compartilharem de espaços mal ventilados por longos períodos de tempo, então, estará dada a receita para o alastramento do vírus – ainda mais se as máscaras utilizadas forem de baixa qualidade.

    Ao colocar ênfase na desinfecção de ambientes, a prefeitura e suas secretarias estão desviando a atenção das pessoas. Estes atos de desinformação (que não passam de peças de propaganda) são uma afronta à razão e, por isso, um atentado contra a saúde pública.

    É urgente cobrar da prefeitura projetos concretos para melhorar a ventilação e circulação de ar nas escolas, para realizar filtragem de ar e para disponibilizar máscaras mais eficientes (do tipo PFF2 e N95) aos estudantes, professores e demais membros da comunidade escolar.

    Além disso, os números de novos casos continuam altíssimos em Curitiba, de modo que é passada a hora de a prefeitura atuar para reduzir as taxas de contaminação na comunidade. A reabertura de escolas neste cenário é um jogo arriscado demais, quando se trata da saúde e da vida de nossas crianças.

    Seria o caso de insistir em que devamos intensificar a vacinação e organizar protocolos de testagem, rastreamento de casos e isolamento de pessoas infectadas, pra estancar a propagação.

    É chocante termos o conhecimento e os métodos, mas optarmos por agir de forma tão ignorante e incauta. Do jeito que navegamos, aos que rezam, resta rezar; aos demais, torcer pela boa sorte.

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