Da catadora de papel ao CEO do EBANX: Melhor de Curitiba foi o retrato de uma cidade plural

Atriz Simone Spoladore disse ter a sensação de que enfim estava chegando a Curitiba

Quando a atriz Simone Spoladore subiu ao palco do Teatro da Reitoria na quinta-feira (25), já haviam sido entregues os troféus de 22 das 23 categorias do prêmio Melhor de Curitiba, criado neste ano pelo Plural. Ela estava encarregada de anunciar quem havia vencido o troféu mais importante da noite, de Cidadão/Cidadã do Ano. Antes de ler os nomes dos indicados, ela disse que voltou há pouco tempo a morar em Curitiba. “Mas a minha impressão é que eu só hoje voltei para Curitiba de verdade”.

A sensação não foi só dela. “A frase da Simone no fim definiu bem o sentimento. Era como se a gente estivesse chegando numa nova Curitiba”, disse o diretor da cerimônia de entrega do prêmio, Paulo Biscaia Filho.

A nova Curitiba presente ao teatro era visivelmente multifacetada. A entrega dos troféus contou com representantes dos movimentos negros, pessoas LGBTI+, feministas, empresários, advogados militantes de causas sociais, gente das artes e da educação.

João del Valle, CEO do EBANX, anunciou prêmio da startup mais promissora. Foto: Isa Lanave/Plural

Subiram ao palco tanto João Del Valle, CEO do EBANX, uma das startups mais bem sucedidas do país, quanto Katherine Bittencourt, catadora de recicláveis que levou o troféu como Melhor Prestadora de Serviços e que foi aplaudida de pé pelas 700 pessoas presentes.

Katherine, uma jovem negra que faz sucesso na Internet com os vídeos em que mostra como é sua vida de coletora de materiais, estava visivelmente emocionada com o prêmio. Disse que não imaginava que uma pessoa com a sua ocupação fosse receber uma homenagem do gênero.

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Houve explosões de glitter e gritos também quando Kandiero apresentou o troféu de melhor escola, vencido pela Escola Municipal Campo Mourão. A plateia se manifestou com gritos em favor da educação pública enquanto a diretora e a vice subiam ao palco para receber o troféu.

Katherine Bittencourt, vencedora de Melhor Profissional de serviço, é catadora de recicláveis. Foto: Isa Lanave/Plural

A música incluiu o jazz do Nicholas Trezi Trio e também o som negro de Wes Ventura, premiado como Melhor Artista de Rua. MC Samuca também subiu ao palco recitando poemas cantados sobre a situação dos negros e dos indígenas, num tom inflamado.

“A ideia era essa mesma, um caldeirão de gente de todas as origens, de todas as lutas”, diz Rogerio Galindo, coordenador do Plural. “A gente quer mostrar que apesar dessa imagem de que Curitiba é uma cidade retrógrada, um monolito conservador, existe muita vida, muita gente bonita, muitos projetos relevantes e transformadores sendo feitos aqui.”

Os políticos indicados nas categorias de Melhor Parlamentar também compareceram em peso. Dois vereadores, três deputados estaduais e uma deputada federal estiveram presentes à Reitoria da UFPR.

O prêmio, que terá edições anuais, pretende ter uma rotação de categorias, para homenagear pessoas de diversas ocupações e projetos que atuem em diferentes áreas.

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1 comentário em “Da catadora de papel ao CEO do EBANX: Melhor de Curitiba foi o retrato de uma cidade plural”

  1. Acho importante que a diversidade social presente nesse evento atue politicamente na cidade.

    Pois, do contrário, a política elitista vigente – a partir da sobretaxação das tarifas e tributos municipais, como a tarifa do transporte coletivo, a taxa de coleta de lixo e o IPTU – manterá como moradores curitibanos apenas os “riquinhos” e os “metidos a rico”, o que será uma chatice completa.

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