Coronel Teixeira, o primeiro comandante-geral negro da Polícia Militar do Paraná

Com a escolha do coronel Sérgio Almir Teixeira, PM tem seu primeiro oficial negro no comando em 168 anos de história

A Polícia Militar do Paraná tem um novo comandante-geral: o coronel Sérgio Almir Teixeira, que completa 51 anos no próximo domingo (22). O militar é o primeiro negro a ocupar o posto na corporação.

Embora seja bisneto de escravizados, coronel Teixeira adota uma postura embasada na meritocracia e tenta diminuir a simbologia de ser o primeiro homem negro a ocupar o posto.

No dia em que assumiu o comando, no início do ano, o governador Ratinho Jr. (PSD) disse que escolheu Teixeira para comandar a PM por seu histórico e competência, mas lembrou da importância da simbologia (interessante anotar que apesar disso, o mesmo Ratinho Jr. nomeou pessoas brancas para a pasta da Igualdade Racial).

Coronel Teixeira atuava na região Oeste, em Cascavel, até receber a ligação do governador, no primeiro dia de férias. A ligação ocorreu bem cedo, ele havia acabado de acordar e não titubeou em assumir o posto, apesar do momento conturbado.

No Brasil inteiro, as PMs vêm sendo questionadas acerca da conivência com os atos golpistas ocorridos após as eleições, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado. Ao longo do mandato, Bolsonaro flertou com o golpe e após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) incentivou ataques às instituições democráticas, que culminaram na ação terrorista ocorrida em Brasília.

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Entre as eleições e o atentado, golpistas tomaram diversas rodovias do Brasil. No Paraná, o ex-comandante-geral da PM, agora secretário de Segurança Pública, coronel Hudson Leôncio Teixeira, afirmou que estava prevaricando ao permitir que bolsonaristas interrompessem as vias.

Além disso, a disputa partidária também reflete na percepção que população tem da Polícia Militar – muito alinhada aos discursos conservadores.

Coronel Teixeira terá a missão de apaziguar as coisas, conduzir a separação do Corpo de Bombeiros e resolver questões como violação de direitos humanos na Academia Militar do Guatupê.

Fazer a diferença

Quando o avô de Teixeira deixou a roça de café em São Paulo, no pós-abolição, e chegou à Curitiba, ele pretendia ter uma vida menos sofrida.

Veja a entrevista:

O pai, por sua vez, ingressou na Polícia Militar como praça e não gostou de saber que o filho seguiria esse caminho. “Ele não gostou nadinha, por tudo aquilo que ele tinha enfrentado na vida de policial”, diz o coronel.

Apesar da reprovação inicial, a carreira bem-sucedida de Teixeira deixou o pai orgulhoso e o levou ao posto que permitirá cumprir uma meta. “Quando entrei [na PM], apesar do meu pai não querer, pensei que poderia fazer a diferença de alguma forma”, diz.

A hora é apropriada para fazer a diferença. Mais polido que o antecessor, o coronel Teixeira pondera questões espinhosas dentro da corporação, como a dos milhares de armamentos parados.

O governador Ratinho Jr. gastou R$ 10 milhões para adquirir novas pistolas que estão guardadas desde 2021. A delonga na entrega do armamento para tropa ocorre porque o Estado ainda não comprou coldres adequados – embora o processo licitatório esteja em andamento.

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O governador promete enviar para a corporação mais efetivo, mais viaturas e “novos equipamentos tecnológicos”. O aumento de efetivo é uma bandeira defendida pelo novo comandante.

Meritocracia

A Polícia Militar do Paraná tem 168 anos de existência. De acordo com a assessoria de imprensa esta é a primeira vez na história que o comandante-geral é negro.

Apesar do fato, Teixeira prefere se concentrar na competência e na meritocracia. “Ninguém vai dizer que sou comandante porque precisavam colocar uma pessoa negra”, diz.

Antes de assumir o posto, coronel Teixeira foi comandante de tropa e atuou em setores de inteligência em batalhões e comandos regionais do Estado.

Agora contará com o auxílio do coronel Paulo Henrique Semmer, que anteriormente respondia pelo Comando de Missões Especiais (CME), como subcomandante-geral para a nova etapa da carreira.

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4 comentários em “Coronel Teixeira, o primeiro comandante-geral negro da Polícia Militar do Paraná”

  1. Celebrar o Cel Teixeira como primeiro comandate negro da PMPR é a mesma coisa que celebrar Carol Dartora como primeira vereadora negra de Curitiba – ambos servem à agendas brancas – e a Carol fez ainda pior, mentiu que entrou na igreja e ficou assistindo Renato Freitas queimar na fogueira o ano inteirinho de 2022.

  2. Com todo o respeito, acho que toda a imprensa erra ao informar que o Cel. Teixeira será o primeiro oficial negro no comando em 168 anos de história, pois o coronel Nemésio Xavier de França Filho, que comandou a PM de 16 de janeiro de 2006 a 5 de abril de 2008 era negro. Por favor, verifique isso melhor, em prol da verdade.

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