“O poder de Diane” olha a beleza na banalidade da rotina

Filme francês faz crônica da vida em um roteiro simples, mas cheio de simbolismos

Diane é uma mulher independente, do tipo que não se importa muito com a opinião alheia. Não fica exatamente claro, mas talvez seja isso que a faz aceitar ser a barriga de aluguel para um casal gay de amigos. Em “O poder de Diane”, acompanhamos todo o percurso e os percalços dessa gravidez: dos primeiros meses, quando a protagonista encontra Fabrizio, até o nascimento da criança.

Você poderia dizer que, ao longo filme, “nada acontece”. Eu contestaria essa ideia perguntando: o que de mais fantástico poderia acontecer, ao longo de uma história, do que a própria vida?

Dos enjoos matinais, quando a barriga mal aparece, e Diane ainda sai para se divertir; até as dificuldades de estar com um barrigão redondo, que a impede de pintar as unhas dos pés, há uma beleza única na banalidade da rotina.

É como uma crônica que, ao descrever pequenos acontecimentos, lança luz sobre questões maiores.

Não é só o corpo de Diane que muda, são também suas prioridades, suas atitudes, sua forma de pensar, e o seu sentir. Conforme os meses avançam, também evoluem seus pensamentos, relacionamentos e sensações.

Se no início conhecemos uma Diane de humor ácido, flertando na balada, e fazendo um ultrassom no dia seguinte; finalizamos com outra Diane, saindo de uma casa noturna para visitar o bebê ao qual deu à luz.

A vida é outra, Diane é outra

O mais interessante nesse filme de 2017, dirigido por Fabien Gorgeart, é que nada é muito certo. Não há grandes monólogos, ou conversas profundas que tentem impor ao expectador os sentimentos de Diane. A sequência de ações apenas se desenrola, uma de cada vez, diante da câmera, da mesma forma que a vida vai acontecendo aos poucos. Cabe ao espectador se envolver com cada nova situação e conhecer, passo a passo, essa vida que se transforma. Afinal, talvez essa capacidade de transformação seja o maior poder que todos temos.

Serviço
“O poder de Diane” é um drama leve francês, com classificação indicativa de 12 anos. O filme está disponível gratuitamente na plataforma Looke, no catálogo do “Festival Varilux de Cinema Francês em Casa”.

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