“Museu não é um espaço de guardar coisas”, diz diretora do MIS-PR

Para Cristiane Senn, que assumiu a diretoria do Museu em abril de 2019, é preciso que o acervo dialogue com o presente

Nascida em Cuiabá (MT), mas criada no Paraná desde os três anos, Cristine Senn veio da área do cinema para assumir, em abril de 2019, a direção do Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS). Segundo MIS, mais antigo do país, este ano o museu completou – em meio a um histórico de mudanças – 50 anos. O desafio, agora, para a nova diretora, é povoá-lo: “O mais importante é fazer o espaço circular, arejar. Fazer com que as pessoas venham, conheçam. Fazer quem nunca veio ao MIS aparecer aqui”, declara.

Formada em publicidade e em cinema, Cristiane Senn quer diversificar o público do MIS. Foto: Kraw Penas/SEEC

Ao longo do meio século de existência, muitas foram as mudanças do museu: o acervo já ficou exposto em uma sala na Biblioteca Pública do Paraná, depois mudou-se para a Secretaria de Estado da Cultura, passou um período no Museu de Arte Contemporânea (MAC), e já esteve em endereços pelas ruas XV de Novembro e Martim Afonso. Só mais tarde as linhas do angulo Palácio da Liberdade, na altura do 395 na Barão do Rio Branco, se tornariam a casa do MIS – mas não sem antes passar por uma longa reforma, finalizada apenas em 2014.

“Queremos que seja uma casa aberta. O prédio foi construído como uma casa, e a gente quer que ele acolha as pessoas”, explica Senn ao falar desse período mais estável do museu. A ideia é – enquanto o acervo é, aos poucos, disponibilizado – procurar traçar diálogos com o presente, mostrando possíveis conexões entre a memória, guardada pelo acervo do museu, e os tempos atuais. “É um museu histórico, mas não é um museu fechado no passado. Essa é uma ideia que a gente quer trazer: que as pessoas não venham aqui apenas uma vez e não voltem mais”, ressalta.

O trabalho é, segundo a diretora, simples e complexo ao mesmo tempo. A complexidade vem pela vasta gama de atividades do dia a dia, que vão das questões administrativas à programação e divulgação, passando pelos cuidados com o acervo e a estrutura do prédio. Já a parte simples é mais clara: “É difícil, pela parte prática, do dia a dia, mas é simples ao pensar que o sentido é difundir o que está aqui dentro”, salienta.

Palácio da Liberdade: prédio histórico abriga o Museu da Imagem e do Som (MIS). Foto: Kraw Penas/SEEC

Para Senn, a importância desse processo de difusão é a essência do museu: “A coisa da memória e da identidade é menos um bairrismo e mais uma ideia de entender onde estamos, de onde viemos e pra onde podemos ir a partir disso”, destaca. Nesse sentido, a diretora vê no Paraná o potencial de olhar para as próprias raízes, refletindo sua identidade e preservando sua memória por meio do diálogo.

Mais estabilizado, em 2019 o MIS reabriu sua biblioteca e voltou a abrigar os clubes de cinema. Propor parcerias e novos projetos também é uma das prioridades da nova gestão: “Isso é importante, não adianta só a gente ficar pensando aqui, uma coisa de dentro pra fora.”

“Diálogo” e “acolhimento” são as palavras que o MIS busca nesse novo período. Recém chegada à área dos museus, a diretora relembra uma das primeiras coisas que aprendeu: “Museu não é um espaço de guardar coisas, é um espaço que traz coisas para a comunidade. Aqui tem a memória, mas também tem essa contrapartida, que é fazer essa memória ser ressignificada”, diz.  

Serviço
Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR)
Onde: Rua Barão do Rio Branco, 395 (Centro)
O quê: Oficinas, visitas guiadas, palestras, consultas ao acervo, Cineclubes, e eventos culturais
Contato: (41) 3232-9113
Vale conferir a programação pelas notícias no site do museu

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