Oscar 2020: na música não houve surpresas

Elton John levou a estatueta de Melhor Canção Original e a compositora Hildur Gudnadotti o troféu de Melhor Trilha Sonora com Coringa/Joker

Enquanto o mundo vibrou com a inesperada vitória de Parasita, nas categorias musicais não houve surpresas: Hildur Gudnadottir sagrou-se a primeira mulher vencedora pela Melhor Trilha Sonora, devido ao seu trabalho inovador em Joker. Ela desbancou veteranos como John Williams e Randy Newman. A Melhor Canção Original foi “I’m gonna love me again”, composição de Elton John e Bernie Taupin para o filme Rocketman. Esses resultados repetiram os de janeiro, no Golden Globe.

A trilha de Joker

Foi mais do que coerente a premiação a Hildur, além de ser um reconhecimento às mulheres e sua sensibilidade composicional. O universo da música de concerto, especialmente, sempre foi bastante masculino e, raras vezes, ouvem-se peças compostas por mulheres. Também são poucas as regentes à frente das orquestras. O prêmio de domingo (9) é uma feliz evidência de que esse cenário tende a mudar. Tanto que, antes de ser anunciada a trilha sonora vencedora, a orquestra tocou um medley com trechos dos temas musicais dos filmes indicados. A regência foi da maestrina e compositora irlandesa Eímerar Noone. Foi a primeira vez em toda a história do Oscar que uma mulher regeu a orquestra. 

Analisei a trilha sonora de Joker quando o filme foi lançado e deixo aqui o link para o texto, por isso não vou me alongar muito naquilo que já foi dito. Preciso salientar apenas que o processo de produção da trilha seguiu um caminho inverso. Normalmente a música é uma das etapas finais, porém, neste caso, foi escrita primeiro, servindo de referência no set de filmagens para a performance de Joaquin Phoenix no papel principal.

A canção de Rocketman

Quanto à Melhor Canção Original não há muito o que dizer, os nomes dos autores são a referência. Claro que o fato de constar a marca Elton John nos créditos dá a qualquer música o ar de grife, não que seja este o caso. As outras canções concorrentes eram belíssimas, porém a de Elton e Taupin supera qualquer outra no que concerne à linguagem da canção, que é a soma dos elementos musicais com os textuais. Daí não tem, a bagagem dessa dupla de compositores sempre vai ser um fator de desequilíbrio.

Performances musicais

Houve, como de costume, números musicais durante a festa, além das apresentações das canções concorrentes. Num deles, a jovem Billie Eilish, que há poucas semanas quebrou a banca e levou os principais prêmios do Grammy Awards, cantou “Yesterday”, em homenagem aos artistas do cinema que morreram no último ano. Não creio que tenha sido sua melhor exibição. A escolha da tonalidade da canção não foi feliz. A melodia perdia completamente o seu contorno nos trechos mais graves. Claro que devem ser levados em conta, entre outros fatores, a emoção do momento e as características pessoais da intérprete. Contudo, como estamos falando de uma canção que dispensa qualquer nova versão, porque a original de Paul McCartney pode ser considerada “definitiva” desde o dia em que soou pela primeira vez no violão do beatle, há que se dizer: Billie Eilish sobrou.

Para ir além

Trilha sonora de Joker:

A melhor canção original do Oscar 2020:

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