Assembleia paga salários de até R$ 24 mil a deputados não eleitos

Derrotados nas eleições, ex-parlamentares ganham cargos comissionados. Ouvidoria é o destino mais comum dos sem-voto

No Paraná, um deputado estadual que concorre à reeleição tem dois possíveis resultados. No primeiro cenário, ganha mais quatro anos de mandato. No segundo, sem votos suficientes, ganha um cargo em comissão no governo ou na Assembleia.

No total, os salários dos ex-deputados somam R$ 60 mil mensais, ou R$ 780 mil anuais. Nos quatro anos de legislatura, os salários dos quatro ex-parlamentares podem chegar a R$ 3,1 milhões.

Levantamento feito pelo podcast Política em Prosa, dos jornalistas Rodrigo Silva e Marcos Guérios, revelou que atualmente são quatro os ex-deputados derrotados nas urnas que trabalham como comissionados na própria Assembleia Legislativa.

Três deles foram contratados pela mesa executiva da Assembleia para trabalhar na Ouvidoria. O salário mais alto nesse caso cabe a Elio Rusch, primeiro suplente pelo DEM. O ex-deputado recebe R$ 24 mil mensais para comandar o setor que ouve reclamações e é responsável pela transparência da Assembleia.

Também na Ouvidoria está Péricles de Mello, do PT, que não renovou o mandato mas garantiu um cargo de R$ 18 mil. Além deles, Cláudia Pereira (PSC), da bancada evangélica e esposa do ex-prefeito de Foz do Iguaçu Reni Pereira (PSB), que acabou preso no meio do mandato por denúncias de corrupção, está na Ouvidoria, recebendo R$ 9,1 mil mensais.

Segundo o primeiro-secretário da Assembleia, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), as contratações foram feitas para que a Ouvidoria dê mais transparência para o Legislativo estadual.

“São pessoas experientes, que conhecem bem o Legislativo e que podem contribuir bastante. A ideia não é beneficiar ex-deputados, mas ajudar a Assembleia a funcionar melhor”, afirma. Romanelli diz acreditar ainda que a nomeação de ex-deputados para cargos bem remunerados não traz problemas para a imagem do Legislativo.

O quarto ex-deputado comissionado atualmente é Nereu Moura (MDB), que atua na liderança de seu partido. Com salário de R$ 9,6 mil, o deputado diz que dá uma mão na recuperação do partido e que precisa trabalhar porque não roubou. “Ajudo com projetos, com ideias para reerguer o partido”, afirma.

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