Paulinho da Viola: seis décadas de carreira em seis sucessos

Paulinho da Viola, o príncipe do samba. (Foto de: Nay Klym/Cult! Produções.)
Confira quais músicas do sambista, que retorna a Curitiba para show em outubro, são o elo entre passado e presente do samba

O sambista Paulinho da Viola retorna a Curitiba em 5 de outubro, a pouco mais de um mês de completar 82 anos. A ocasião, certamente, é um presente dado pelo aniversariante à capital, prometendo trazer uma composição inédita em seu repertório. O ano é também um marco na carreira do artista: há 60 anos, ele recebia seu primeiro pagamento enquanto músico.

Embora modesto, o valor carregava um grande peso para além do bolso. Ninguém menos que o rei do samba, Cartola, passava para as mãos do ainda bancário Paulo o pagamento por uma de suas apresentações no Zicartola. O restaurante servia os pratos de Dona Zica e os sambas de Cartola e sua turma, que passou a receber o jovem Paulo César Batista de Faria. O simbólico pagamento, “para pagar a passagem”, era também o reconhecimento do rei ao futuro príncipe do samba.

Além de Cartola, o samba carioca dos anos 1960 foi capaz de reunir Paulinho junto dos mestres Hermínio Bello de Carvalho, Elton Medeiros e Zé Keti. A reverência do músico àqueles antes dele vem da admiração e do carinho por quem o colocou no caminho da viola. 

Em junho passado, mais de 2 mil pessoas acompanharam em silêncio a entrada do sambista no palco do Teatro Positivo. Sacudia entre os dedos uma caixa de fósforos, “nem cheia, nem vazia”, conforme indicação de Medeiros ao imberbe Paulinho. Era o primeiro homenageado da noite, logo na primeira música, em apresentação que fazia parte da comemoração dos 80 anos de Paulinho. O espetáculo foi realizado pela CULT! Produções, novamente encarregada do show do sambista.

“Ele é um sambista que cultua a memória viva. […] Tem esse papel de encontrar esses tesouros, essas relíquias [do samba], fazer as releituras e criar coisas novas”, comentou a pesquisadora de samba Juliana dos Santos Barbosa quando questionada sobre o legado do músico.

Instigado desde então pela afirmação, a coluna Cultura para Todos vasculhou o repertório do sambista para encontrar seis músicas, uma para década de carreira, que fazem das criações próprias de Paulinho da Viola o elo entre passado e presente do samba.

Memórias de um sargento de milícias (1966)

Composta por Paulinho, “Memórias” foi gravada por Martinho da Vila”

    A escolha de um samba-enredo poderia soar deslocada, mas não para Paulinho, portelense de alma e carteirinha. O sambista integrou a ala de compositores da Portela tão cedo quanto do início de suas composições. Para o desfile de carnaval de 1966, a escola optou por apresentar a adaptação do romance de Manuel Antônio de Almeida. O enredo foi o grande campeão daquele ano, e a composição de Paulinho não ficou para trás: ganhou nota máxima do júri.

    Pecado capital (1975)

    A experiência com os sambas de enredo facilitou a composição dessa que é uma das faixas mais conhecidas de Paulinho. A composição foi encomendada para a telenovela global de mesmo nome, exibida no então nobre “horário das oito”. Bastaram uma breve sinopse e 24 horas para que o músico concluísse a composição, que embalou a abertura e o encerramento da produção. Vendaval nenhum foi o mesmo após o sucesso.

    Brancas e pretas (1982)

    Parceiro sempre citado pelo cantor, Sérgio Natureza dividiu a composição dessa faixa. Paulinho põe à prova a elegância de suas letras ao descrever uma cena específica que alterna entre os detalhes de um tabuleiro e angústias humanas. Uma partida de xadrez, um grande amor, a vida e a morte.

    Timoneiro (1996)

    Por falar em reverência e parceria, uma das composições com Hermínio não poderia ficar de fora. A canção é uma das preferidas dos ouvintes de Paulinho e do samba como um todo, voltando a reverenciar o mar e a beleza do acaso. O verso “Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar” está entre os mais célebres da música brasileira.

    Vai dizer ao vento (2007)

    Grande sucesso quando lançada, a canção conquistou prêmios e comprovou a longevidade de Paulinho. A voz suave e a melodia alegre fazem da letra trágica uma pequena história de rancor feito superação.

    Ela sabe quem eu sou (2020)

    Aqui, uma leve trapaça. A música é cantada desde 2006, mas só foi eternizada em disco em 2020, durante a pandemia. O álbum que comporta a canção, “Sempre se pode sonhar”, reúne 22 faixas ao vivo de quando o sambista realizou uma série de apresentações em São Paulo e dividiu o palco com Marisa Monte e Arnaldo Antunes.

    De qualquer forma, a lista poderá ser atualizada em outubro, com a promessa da apresentação de uma faixa inédita aos curitibanos.

    Show de Paulinho da Viola, no Teatro Positivo

    Quando: 5 de outubro de 2024 (sábado), 21h

    Onde: Teatro Positivo (Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido)

    Abertura da casa: 20h

    Ingressos: Disk Ingressos (a partir de R$ 60)

    Classificação: Livre

    Realização: CULT! Produções

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