Foi numa sessão da Câmara de Curitiba que um vereador eleito defendeu a ideia de que é “preciso dar voz a maioria”. Claro, é o tipo de declaração de efeito que garante mídia gratuita para os promotores da ideia de que tudo bem termos uma sociedade desigual. A ideia de que a desigualdade é natural e não uma violência que todos deveriam combater.
O Plural não vê nada de natural na desigualdade. Para nós, a democracia pressupõe que todos possam ter representantes capazes de representá-los. E que todos tenham a chance de lutar por seus sonhos e um futuro melhor nas mesmas condições.
É por isso que decidimos tomar uma decisão editorial: a de focar parte do nosso esforço de cobertura na produção de perfis de candidatos e candidatas negros de Curitiba.
[Clique aqui para ajudar o Plural a cobrir as eleições 2022.]
Na eleição estadual de 2018, os candidatos negros e pardos representavam 14,05% no Paraná. Este ano esse total subiu para 24% em todo estado. São 317 candidatos e candidatas negros ou pardos em todo Paraná.
Mas como em outras eleições, sabemos como a maioria dos candidatos e candidatas novatos têm dificuldade para divulgar sua candidatura e ter espaço. O Plural pode ajudar.
Nós somos um jornal, não temos uma concessão pública de rádio ou tv. Dessa forma, não se aplica a nós a regra de ter que dar espaço igual a todos os candidatos, muito embora a gente sempre tente.
Mas este ano faremos algo diferente. Além da cobertura da disputa pelos cargos do executivo, vamos priorizar a produção de conteúdo sobre os candidatos negros e negras que declararam Curitiba como domicílio eleitoral.
Não será um feito fácil. A estimativa é que sejam mais de 110 candidatos. São mais de 300 mil caracteres de texto, além, claro, do trabalho de apuração e edição. Não é propaganda. É jornalismo. Vai conter aquilo que a gente apurar (o que pode incluir coisas que o candidato ou candidata não queiram ver publicado).
No que isso ajuda? Bem, é informação para que quem busque esses candidatos ou um candidato a deputado estadual ou federal no Paraná, encontre um perfil bem feito, bem escrito sobre esses candidatos.
Mas não é discriminação? Não, é uma opção editorial. Um bocado de veículos dá espaço a políticos e políticas que defendem remédio sem eficácia, falam que a Terra é plano, defendem políticas racistas e discursos preconceituosos sobre homossexuais, bissexuais e transexuais. Por quê? Porque gera clique, gera receita de publicidade, gera engajamento.
Nós estamos fazendo uma opção editorial em prol da ideia de que precisamos de negros e negras no Legislativo. Porque temos uma dívida histórica com a população negra, pela violência absurda da escravidão, pelo racismo que permeia as relações sociais no Brasil e pela desigualdade que fere tanto a sociedade brasileira.
Mas precisamos da sua ajuda. O Plural precisa levantar recursos para garantir sua cobertura de eleições até o dia 30 de agosto. Se você acredita que o jornalismo deve ser independente, deve ser Plural, considere fazer uma contribuição. Clique aqui para saber mais.
Sobre o/a autor/a
Matéria muito bem feita e que revela o cerne do jornal : pluralidade ! Que coisa boa ! Já diz minha doação e estarei sempre apoiando esta linha editorial .
E é por isso que o Plural Jornal é meu jornal favorito!