UFPR alega falta de segurança e adia prova da Polícia Civil

Anúncio do adiamento foi feito na madrugada deste domingo (21), horas antes do início das provas

O Núcleo de Concursos (NC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) suspendeu de última hora a aplicação do concurso público da Polícia Civil do estado (PCPR), marcada para este domingo (21). O comunicado foi publicado às 5h42, cerca de oito horas antes do início das provas – que atraíram para Curitiba mais de 50 mil candidatos, em um momento crítico da pandemia do coronavírus.

A comissão organizadora do NC alegou que a decisão foi tomada depois de constatada “ausência de requisitos indispensáveis de segurança para a aplicação das provas do Concurso Público em todos os locais previstos na capital e nas cidades da Região Metropolitana de Curitiba”. Segundo a nota, as falhas poderiam “colocar em risco a integridade das avaliações e o tratamento isonômico dos candidatos, bem como a saúde e a biossegurança de todos os envolvidos na realização das provas”.

Ainda conforme o comunicado, trata-se de um adiamento, e uma nova data será anunciada quando for possível –  ao que a Polícia Civil reagiu.

Em nota, o órgão do governo do Paraná afirmou ter sido “surpreendida” pela decisão do NC e que já encaminhou ofício para entender os motivos do adiamento, “pois, até então, era reportado por esta sobre a plena viabilidade de aplicação dessas provas”.

“A retomada do andamento desse concurso é muito aguardada pela Instituição Policial Civil e pela sociedade paranaense, na medida em que visa a recomposição urgente do deficitário quadro de servidores para atender as demandas de área essencial, que é a segurança pública”, diz o texto publicado no site da PCPR pouco depois das 7h deste domingo. O processo, aberto em maio, estabelece 50 vagas para delegado, 300 para investigador e 50 para papiloscopista.

Procurada, a Polícia não informou se entrou com algum recurso jurídico para tentar assegurar a realização do concurso, que ocorre em um momento crítico de ocupação de UTIs no Paraná por causa da Covid-19.

Diante da pandemia – em alerta maior por causa da circulação de novas variantes – e da movimentação intensa provocada pelo concurso, a possibilidade de adiamento já havia sido levantada depois que a Defensoria Pública do Paraná (DPE-PR) e o Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) entraram com ação judicial solicitando um deslocamento da data da prova.

O recurso foi mobilizado depois que a organização do concurso decidiu não seguir recomendação conjunta para adiar a data das provas.

“São mais de 100 mil candidatos inscritos, dos quais mais de 50% virão de outras regiões do país, fomentando a aglomeração em aeroportos, aviões, rodoviárias e ônibus e, repentinamente, aportarão em Curitiba, estimando-se uma duplicação da movimentação diária no Aeroporto Afonso Pena. Com isso, explodirá a lotação em hotéis, pensões e a circulação de pessoas em restaurantes, bares e shoppings, sem olvidar a demanda por transportes públicos e de aplicativo”, destacou o coordenador do Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos da DPE-PR, Julio Salem.

Diante da negativa da recomendação, os órgãos ajuizaram, em 12 de fevereiro, Ação Civil Pública “para garantir a observância das medidas de cautela recomendadas ou, na sua impossibilidade, o adiamento da prova para momento de maior segurança sanitária”.

O pedido foi negado na quarta-feira (17), mas no dia seguinte (18), o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) foi acionado. A decisão ficou a cargo da desembargadora Astrid Maranhão de Carvalho Ruthes. A magistrada negou ao longo da semana o pedido de adiamento protocolado por um candidato.

Por causa da pandemia, a especulação no mercado de hospedagem explodiu. Como mostrou o Plural, alguns lugares divulgados aos candidatos de fora como sendo em Curitiba ficam a mais de 100 quilômetros de distância. Desde meados da semana passada, outros quartos ofertados já não estavam mais disponíveis nos hotéis para a data da prova, e o valor das diárias também subiu nos sites de busca: de R$ 150 para R$ 7 mil.

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6 comentários em “UFPR alega falta de segurança e adia prova da Polícia Civil”

  1. João Batista Soares Gonçalves Júnior

    Tremenda falta de respeito! A pandemia é “apenas” um álibi para a incompetência da banca, pois se a justificativa foi a pandemia, qual diferença faria em suspender a prova novamente após todos terem se deslocado para a cidade!? Isso deve ter sido algum problema logístico com os locais de prova ou até mesmo algum vazamento de questões nessa correria. Além disso, se o motivo fosse somente a pandemia, por que eles colocaram todos os cargos no mesmo dia para fazer a prova e ter ainda mais aglomerações!? Diferentemente de antes (em julho) que as provas seriam em dias separados. Enfim, cancelem essa banca e devolvam nossos custos com estadia, viagem e etc.

  2. Sim, é desrespeito aos candidatos, mas entendo que o maior culpado se chama Ratinho Jr., o governador, que insiste em plena pandemia em forçar aglomerações.
    Poderia durante a semana o próprio Ratinho Jr. ter suspenso, mas não ele é como Bolsonaro: autoritário, fascista e genocida,.

  3. Célia Ribeiro da Silva

    Só uma observação “alega”, embora seja sinônimo de “argumenta”, passa a ideia de que foi uma “desculpa”…até me assustei ao ler o título da matéria ( pensei que fosse de algum jornal de direita) – não condiz com a ideologia do Plural e nem da UFPR…estamos em uma fase CRÍTICA DA PANDEMIA.

  4. Absurdo sem tamanho. Uma grande falta de respeito com os candidatos. Não houve tempo para noticiarem isso antes? Centenas viajaram, gastaram, arriscaram-se em meio à pandemia para poderem investir em seu futuro profissional.

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