Sabe até quando vai faltar água em sua casa? Pelo menos até dezembro

Índice de chuvas em Curitiba continua abaixo da média; com pior seca em quarenta anos, expectativa da Sanepar é voltar ao normal só no ano que vem

A seca que Curitiba enfrenta hoje é a pior em 40 anos. Em alguns aspectos, ela bate as secas mais violentas do século passado.  Apesar de os rodízios de água terem começado há mais de quatro meses na capital e na Região Metropolitana, a situação dos reservatórios continua ruim. E a escassez de água deve se arrastar até o fim do ano. Nesse cenário, os rodízios devem se estender até dezembro, segundo previsões da Sanepar. 

Num primeiro momento, a empresa diminuiu a vazão da água fornecida. Depois, adotou cortes com duração de 24 horas. Agora, os intervalos sem água duram um dia e meio: 24 horas sem água e 12 para o que a Sanepar chama de “regularização” do fluxo. 

Na prática, muitos curitibanos têm ficado sem água por até dois dias. 

“Nossa expectativa, lá em maio, era de manter esse rodízio até setembro, no mínimo, se as chuvas voltassem a acontecer [com números] pelo menos próximos da média”, diz Fabio Basso, gerente de produção da Sanepar. A previsão se baseava na expectativa de que a primavera traria chuvas. “Mas tudo indica que teremos que seguir com o rodízio até o fim deste ano, pelo menos, porque essas chuvas não aconteceram”, afirma Basso.

Em junho, o índice pluviométrico na cidade foi de 128,8 milímetros, acima da média de 108,6 milímetros registrada pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Em julho, no entanto, a precipitação voltou a rarear. Até esta sexta-feira (24), foram registrados apenas 8,2 milímetros, contra uma média histórica de 94,9. 

Os 20,2 milímetros acima da média do mês passado ajudaram a aliviar temporariamente a situação do abastecimento de água na região. “Foi um volume bom de chuva. Conseguimos, inclusive, suspender o rodízio que acontecia de maneira bastante intensa em São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande”, diz Basso. 

No entanto, com a variação negativa de 86,7 milímetros no mês de julho, a situação voltou ao mesmo ponto crítico de antes. Com o nível reduzido dos reservatórios, o sistema de abastecimento da região tem funcionado com 33% da capacidade – um número considerado bastante baixo. 

Segundo Basso, as melhores projeções no atual cenário seriam de chuvas próximas da média esperada. “E nós precisaríamos muito mais do que a média para recuperar esse déficit hídrico”, afirma. 

Campo Magro

No início de julho, a companhia começou a drenar a água da pedreira Orleans, mais conhecida como pedreira Maringá, em Campo Magro. 

Anteriormente, a empresa já havia utilizado a água da pedreira Malhada, em São José dos Pinhais. Há também obras de transposição de água para o rio Miringuava, que teve sua vazão reduzida em 60%. 

Tarifa

A companhia também avalia a possibilidade de aplicar descontos e multas por consumo. “Estamos estudando, vendo o impacto disso. Mas a nossa própria modalidade de tarifa já tem, digamos, esse ‘prêmio’ para quem consome menos”, afirma o gerente. 

A tarifa é composta: quem gasta até 5 metros cúbicos (m3) de água paga R$ 38,77; acima desse valor, gastando entre 6 e 10 m3 há um adicional de 1,20 por cada metro cúbico consumido, de 11 a 15, essa taxa extra por metro cúbico sobe para R$ 6,68; e assim por diante com tarifas adicionais definidas em intervalos de metros cúbicos gastos.

Para ficar mais claro: uma residência que gasta 13 m3 de água, por exemplo, terá sua conta calculada da seguinte forma: os R$ 38,77 dos cinco metros cúbicos iniciais, mais uma cobrança de R$ 6 (1,20 por metro cúbico) pelo avanço na segunda faixa de consumo, e mais uma cobrança de R$ 20,04 pelos três metros cúbicos que a encaixam dentro da faixa de consumo de 11 a 15 (R$ 6,68 por metro).

A avaliação segue a mesma do início de maio: para resolver o problema de falta de água em Curitiba, é preciso chuvas acima da média – e nos locais corretos, ao longo da bacia hidrográfica da região. “Não resolve, por exemplo, uma pancada, uma chuva torrencial no Centro de Curitiba”, diz Basso. 

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2 comentários em “Sabe até quando vai faltar água em sua casa? Pelo menos até dezembro”

  1. Boa Noite Ana ! Poderia haver rodízio de fornecimento de energia, já que nossa(paranaense) matriz energética é hidráulica? Existe algum comentário ou ” falatório” sobre isso?

    Grato.

    Marluz Jönsson

    1. Oi Marluz! Por hora, não se fala em impactos na geração de energia, mas é algo que podemos olhar a fundo para tentar verificar quais são as possibilidades. Vou anotar aqui como sugestão. Obrigada pelo questionamento!

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