A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) também terá que funcionar com recursos escassos nos próximos meses. Segundo o reitor da instituição, professor Luiz Alberto Pilatti, o contingenciamento das verbas de custeio e investimento anunciado foi de R$ 43,8 milhões. “Mas há um erro na planilha, então acredito que contingenciamento real chegue a R$ 37 milhões”, informou ao Plural.
O corte atinge principalmente os recursos de custeio, usados na manutenção dos campi da UTFPR em 13 cidades do Paraná e com despesas como diárias de viagens de pesquisadores a eventos, conta de luz, água, telefone etc. Isso porque, segundo Pilatti, os valores de investimento do orçamento da instituição já são bastante restritos. “A universidade chegou a ter R$ 100 milhões de orçamento de investimento, em 2013, mas hoje esse valor está na casa dos R$ 10 milhões”, aponta.
https://www.plural.jor.br/mec-corta-r-48-milhoes-da-ufpr-e-pode-inviabilizar-universidade/
O reitor explica que desde o início do ano já existia um contingenciamento de 20%. “Desde o governo da Dilma existia um contigenciamento, mas o governo acabava liberando os recursos no fim do ano”, relata. A esperança é que o mesmo aconteça dessa vez. Porém, mesmo que seja o caso, o trabalho da instituição já está prejudicado.
Segundo Pilatti, a UTFPR já não tem condições de fazer os investimentos necessários para dar conta das pesquisas de ponta produzidas na instituição. A redução na verba de custeio também prejudicará a participação da universidade em eventos acadêmicos. E o esforço que vem sendo feito para colocar a instituição nos principais rankings do ensino superior do mundo.
Por outro lado, há preocupações mais mundanas. Para dar conta dos campi com verba reduzida, a universidade poderá ver redução na limpeza e manutenção. “Podemos ficar sem recursos para pagar a luz”, adianta.
O caso da UTFPR é peculiar. A instituição está sendo afetada por um corte que começou dentro da retórica do ministro da educação, Abraham Weintraub, que tem defendido a redução da participação do Estado em cursos de “humanas”. A universidade paranaense, no entanto, é um centro de excelência de engenharia e a que oferta mais vagas na área no país.
Para o reitor, o discurso também vai na contramão do que ele tem acompanhado como reitor. “No Japão, que foi citado como exemplo, a política de redução da produção nas humanidades está sendo revista e é considerada um erro. Na Holanda, numa das melhores universidade tecnológicas do mundo, ouvi de um reitor que cada vez mais será necessária a inserção das humanidades em áreas técnicas. Hoje se sabe que não adianta só pensar na máquina”, completa.