PUCPR terá aulas presenciais mas se isenta por contágio de Covid-19

Aos alunos, universidade se desresponsabiliza por “possível exposição ao coronavírus”

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) se prepara para a volta às aulas presenciais. Ela inclui cursos com aulas práticas, como Medicina, Odontologia, Farmácia e Fisioterapia. A data exata ainda não foi definida mas os alunos têm até esta sexta-feira (21) para decidir pelo retorno. Ele é opcional, mas os que não voltarem terão que repor as aulas em 2021.

Desta forma, muitos sentem-se forçados a retornar. Para isso, no entanto, precisam assinar um “Termo de Ciência e Responsabilidade”, no qual a universidade se exime de “qualquer responsabilidade em razão de possível exposição ao coronavírus.”

“Acho errado, eles teriam que assumir a culpa”, avalia um aluno do curso de Medicina, que preferiu não se identificar. “Penso que não é o ideal mas, infelizmente, para não sobrecarregar mais ainda lá na frente, irei voltar. O único motivo da maioria dos alunos preferirem voltar agora é para não sobrecarregar ano que vem.”

Outra estudante de Medicina – ouvida anonimamente pelo Plural – diz estar se sentindo coagida a voltar. “Nos mandaram um vídeo dizendo que esse momento de pandemia pode ser uma oportunidade para os estudantes vivenciarem novas oportunidades que marcarão as suas histórias como profissionais e pessoas. Como se fosse uma coisa muito boa e quem não voltar vai perder a oportunidade.”

“Eles não estão nos obrigando a voltar, mas ao mesmo tempo estão, pois não deixaram as opções claras. Só dizem que não é obrigatório mas em nenhum momento falaram como será para quem não repor agora. Também não falaram nada de como vai ser se um aluno for infectado, mas nos fizeram assinar esse termo.”

Mais uma preocupação entre os estudantes é com relação aos valores pagos, especialmente no curso de Medicina, que hoje custa R$ 9,2 mil mensais. “O maior erro da PUCPR foi não realizar a redução da mensalidade, pois agora eles se veem obrigados a repor o quanto antes e não com a calma devida, para se manter dentro do calendário de seis anos.”

Segundo os entrevistados, houve uma tentativa de redução das mensalidades por meio do Departamento Acadêmico, mas o processo ainda segue na Justiça. “O que a instituição propôs foi uma renegociação, mas não desconto. Você poderia pagar menos agora, mas teria que pagar o restante em outro momento. Usaram o argumento de que não seríamos prejudicados em relação à perda de horas-aula para não reduzir a mensalidade, mas pelo jeito não irão repor integralmente tudo que foi perdido.”

Protocolo aprovado

Questionada pelo Plural, a PUCPR informou que o “Termo de Ciência e Reponsabilidade” integra um “protocolo avaliado e aprovado pela Secretaria Municipal de Saúde, que também definiu a estruturação de treinamentos, cujo conteúdo principal será voltado aos cuidados com a saúde e prevenção.”

De acordo com a universidade, as disciplinas teóricas continuarão a ser ministradas remotamente. “Para as disciplinas que requerem atividades práticas presenciais, o conteúdo teórico será lecionado de forma remota, enquanto o conteúdo prático presencial será provido conforme a possibilidade de abertura do campus durante o 2º semestre de 2020”, destacando que “informará oportunamente a data de retorno aos estudantes”.

O protocolo de segurança prevê: desinfecção de ambientes, instalação de totem inteligente, demarcação do piso com distanciamento de 1,5 metro nas áreas comuns, restrição ao número de pessoas por ambiente, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e aferição de temperatura.

“A universidade reitera que o retorno às atividades práticas durante a situação de pandemia é totalmente facultativo. Aos estudantes pertencentes ao grupo de risco e àqueles que optarem por não retomar as atividades práticas neste momento, serão asseguradas novas oportunidades para a realização da reposição, não havendo qualquer prejuízo acadêmico.”

A instituição se diz “atenta aos rumos da pandemia e reforça que se encontra preparada para cumprir e dar andamento às atividades práticas que exigem a presença dos estudantes”.

Mais informações sobre a retomada do 2º semestre podem ser acessadas aqui. O vestibular 2021 não será afetado.

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4 comentários em “PUCPR terá aulas presenciais mas se isenta por contágio de Covid-19”

  1. Na segunda quinzena de março (2020), quando as universidades públicas – com destaque para o protagonismo da UFPR e UTFPR – suspenderam seus calendários, a PUC (e outras privadas) havia(m) inicialmente sinalizado pela continuidade das aulas. Dada a gravidade da situação, tanto as universidades privadas quanto as redes estadual e municipais – para o bem da saúde pública paranaense e da vida de nossos conterrâneos – acabaram por aderir à suspensão de atividades presenciais.

    Fica aqui o registro da importância das universidades públicas a estabelecer o tom inicial do enfrentamento à pandemia no Paraná.
    Agora, com este novo lance da PUC e de outros agentes (p. ex. escolas de educação infantil), assistimos à (re)emergência de um movimento que, no fundo, busca “relativizar” a pandemia e que reforça os discursos visando ao enfraquecimento das medidas de distanciamento.

    Alguns agentes públicos insistem em dizer que há uma “estabilização”, para emendar que “a situação está melhorando” (vide a bandeira amarela iniciada nesta semana em Curitiba).

    Pois a “estabilização” é tal que, desde julho, Curitiba assiste a mais de dez mortes diárias por COVID-19. Mais de 10 mortes TODOS os dias…

    Pergunta: quem opera esta normalização que nos trouxe ao novo mundo das mortes diárias aceitáveis? Até tu, PUC?

    Mas não nos preocupemos: eles vão tomar “todas as medidas”, inclusive medir a temperatura das pessoas (é verdade esse bilhete!).

    PS. O “C” de “PUC” significa “Católica”.

    1. Desculpe, mas isso q vc falou não é verdade …a UFPR foi a última a parar. Suspendeu as aulas num domingo enqto a PUC já estava com as aulas suspensas desde terça. A própria secretária de saúde conversou com os reitores, o único q até então estava acatando os conselhos da secretária era o da UFPR que acabou parando por pressão da sociedade .

    2. Secretária de saúde de Curitiba: “Começamos a quarentena cedo demais” Para a secretária, o fechamento generalizado, feito em março, foi cedo demais: “Dia 15 de março eu pedi na reunião com os reitores que para que as universidades não fechassem. A gente tinha ponderações a fazer, mas eles fecharam e todo mundo foi atrás. Curitiba fechou antes da hora. Não era hora de fechar. Agora, ninguém aguenta mais”.

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