Medir temperatura corporal no pulso é incorreto

Local tem menos circulação de sangue e por isso é mais frio; correto é na testa

Como medida para conter o avanço da transmissão do coronavírus, diversos Estados brasileiros aderiram à aferição, ou medição, de temperatura para a entrada em locais públicos, comércios e escolas – já que a febre é um é sintoma recorrente em pessoas infectadas pela Covid-19.

No Paraná, o projeto de lei 321/2020 aprovado na Assembleia Legislativa obriga, desde junho de 2020, a aferição da temperatura de pessoas para acessar repartições públicas e estabelecimentos de uso coletivo como comércios, hotéis, igrejas, escolas e indústrias.

Não demorou muito para que a aferição de temperatura realizada na testa, por meio de termômetro infravermelho, fosse alvo de fake news. Mensagens informavam que esse tipo de aferição poderia causar danos no cérebro dos usuários, fazendo com que os estabelecimentos começassem a medir a temperatura das pessoas no punho.

Uma série de vídeos e imagens circulavam nas redes sociais e WhatsApp, informando que o raio infravermelho que sai dos termômetros atingiria a glândula pineal no cérebro e causaria sérias consequências para a Saúde. Outra fake news dizia que o termômetro infravermelho não poderia ser colocado na cabeça por transmitir radiação e causar câncer.

Tal repercussão fez com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária fizesse uma carta em esclarecimento. A Anvisa informou que “é falsa a notícia de que o uso de termômetros infravermelhos direcionados para a testa pode fazer mal ao ser humano, em especial à região da glândula pineal” e que “o termômetro não emite radiação, ele somente detecta a radiação emitida pelo corpo”, diz a carta.

O jeito correto

Mesmo com diversas fontes desmentindo as notícias falsas sobre o risco de medir a temperatura pela testa, ainda é comum ver a aferição sendo feita pelo pulso em escolas, supermercados e outros estabelecimentos. Viviane de Macedo, infectologista da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, doutora em Ciências e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), ressalta que a testa é a região ideal para fazer essa aferição e que as especificações de cada termômetro devem ser respeitadas.

“Os estudos desses termômetros infravermelhos foram realizados para aferir a temperatura nessa região (testa) e não outras, portanto não tem como padronizar aquela aferição que foi feita na região da face para uma outra região corporal”, explica.

A especialista comenta ainda que a região da testa foi escolhida por ser a área de maior superfície corporal na região da face, garantir menos risco de exposição ao vírus ou a uma pessoa infectada, e também por ser uma região que garante maior precisão da medida. “Na região de membros como o pulso, nós temos uma menor circulação de sangue, sendo uma região mais fria, e por isso não devemos utilizá-la, pois a aferição da temperatura será menor”, completa.

É importante ressaltar que o jeito correto de fazer a medição é frente a frente, entre quem está utilizando o equipamento e a testa, e não de forma lateralizada. A distância mínima deve ser de um a dois centímetros entre e o equipamento e o corpo, ou conforme especificação expressa do fabricante do termômetro. Para a região da testa, acima de 37,5 °C pode ser considerado temperatura febril e medidas podem ser tomadas frente à situação, como a não permissão de entrada da pessoa no local ou solicitação de atendimento médico.

Colaborou: Carolina Ghilardi

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