Você pode ajudar os migrantes haitianos

Projeto de extensão da UFPR auxilia famílias que enfrentam situação difícil no Brasil

Maria Cristina Figueiredo Silva, Maria Gabriel, Cláudia Helena Daher e Viviane Pereira

No final de fevereiro, Thiago Amparo publicou uma matéria na Folha de S.Paulo que deixou estarrecido quem tem qualquer relação com migrantes no Brasil – e mesmo quem não tenha, mas tenha apego à civilidade. Era um relato do que acontecia naquele momento na fronteira do Acre. A impressão de quem leu o artigo foi que a única interpretação a dar ao evento era tratar-se de perversão pura e simples: não bastassem a epidemia de dengue, a pandemia de Covid 19 e as cheias no Acre, os migrantes na fronteira ainda teriam que enfrentar o sadismo do governo federal. Não, o governo não se resumiu a simplesmente não ajudar em nada: entrou na Justiça pedindo a reintegração de posse da ponte onde os haitianos aguardavam autorização para entrar no Peru, rumo aos Estados Unidos…

Nessa e em outras ocasiões, vemos o Brasil se comportar como se não tivesse responsabilidade com a presença de migrantes aqui. No caso dos haitianos em particular, é como se eles tivessem amanhecido um dia lá no Haiti assaltados por um desejo incontido de vir para o Brasil, sem promessa de trabalho e de um visto com todas as garantias; é como se não tivesse havido nenhum tipo de propaganda ou oferta tentadora de emprego e remuneração decentes, condições melhores do que os países europeus ou os EUA poderiam oferecer. Sim, eram outros tempos, outro governo, outro Brasil… Contudo, não é demais lembrar que a mesma legislação ainda protege essas pessoas e afirma o nosso compromisso com elas em solo brasileiro.

Olhando daqui de Curitiba, pensamos que podemos fazer pouco pelos haitianos que estão no Acre. E temos a certeza (ou pelo menos a esperança) de que as organizações humanitárias locais estão tentando fazer alguma coisa para impedir o massacre que parece estar se anunciando. A pergunta então é: e o que nós, aqui, podemos fazer pelos migrantes que estão na nossa cidade? O que podemos fazer para impedir que eles amanhã estejam na fronteira do Acre? Não se trata apenas de migrantes haitianos, mas também venezuelanos, sírios, …

A Universidade Federal do Paraná tem um projeto de extensão – o PBMIH (Português brasileiro para migração humanitária) – que, dentre várias outras ações, oferecia nos tempos pré-pandemia um curso de português gratuito a todos os migrantes de Curitiba e região metropolitana com visto humanitário ou de vulnerabilidade social. Agora que não podemos oferecer cursos de língua enquanto projeto, ainda podemos enquanto pessoas fazer o melhor para tentar manter acesa nos migrantes que recebemos a esperança por um país acolhedor, que é o que os migrantes achavam que tinham encontrado aqui. Durante todo esse ano de pandemia, temos distribuído cestas básicas para membros das famílias migrantes com crianças que tinham aulas conosco, sejam eles sírios, haitianos ou venezuelanos. Por meio de uma vaquinha virtual na plataforma Abacashi, desde junho de 2020 entregamos uma média de 50 cestas básicas por mês, num total de 450 até o momento, além de frutas, verduras, legumes, cobertores, brinquedos e outros itens arrecadados junto aos nossos parceiros. No Instagram (https://www.instagram.com/solidariedade.namesa/) e também no Facebook (https://www.facebook.com/solidariedade.namesa/) estão disponibilizadas as prestações de conta de todo o valor arrecadado na primeira fase da campanha, quando pensávamos que a pandemia seria matéria vencida ao final de 2020…

Mas como a pandemia não passou e os dias continuam sendo difíceis para brasileiros e migrantes, estamos dando continuidade a essa vaquinha virtual, agora com o objetivo de garantir essas 50 cestas básicas por mês pelos próximos quatro meses, o que nos coloca como meta a arrecadação de 15 mil reais. Se você se sensibiliza com essa demanda, não deixe de visitar nossas páginas e fazer a sua doação no link https://abacashi.com/p/solidariedade-na-mesa-2021. As cestas básicas custam em torno de 75 reais (porque têm leite em pó para as crianças), mas qualquer valor é bem-vindo!

Não é só alimento que está sendo distribuído agora: é um pouco de confiança na espécie humana, em particular nesse povo que parecia tão aberto e gentil…

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