Grande parte das famílias que viviam na região conhecida como Prainha, em Pontal do Paraná, e que foram despejadas na última semana, ainda estão desamparadas pela prefeitura. Falta realocação das pessoas e pagamento de auxílio para custeio de aluguel.
A reintegração de posse foi assinada pela juíza Cristiane Dias Bonfim Godinho e ocorreu dias após o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen, afirmou que não era o momento para despejos por conta do Natal e que era preciso “resolver os conflitos com respeito à dignidade humana”.
Moradores apontam a suposta retomada do Porto de Pontal do Paraná, anunciada no ano passado pelo empresário João Carlos Ribeiro, como motivo para despejos às vésperas do Natal.
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Ariele Alves da Silva e os filhos dormiram três dias em uma Igreja antes de conseguir alugar outro lugar. “Mas o meu pai está desabrigado. Morava ele e minha mãe, minha mãe faleceu. Eles foram lá, destruíram a casinha, despejaram ele e segundo a prefeitura ele não tem direito à esse auxílio porque ele não é vulnerável”, lamenta.
Andreia Grein, que também morava na Prainha, perdeu todos os móveis durante a reintegração, incluindo geladeira e fogão. “A situação está complicada para a gente. A prefeitura falou do aluguel social, que ia pagar para todos, mas não pagou para todos”.
Algumas famílias foram levadas para o local temporário onde materiais de construção e muita sujeira (assista abaixo). De acordo com o Movimento Popular por Moradia (MPM) o abrigo não tem condições sanitárias e estruturais para receber os ex-moradores da Prainha.
A ocupação teve início em 2020, por conta da pandemia da Covid-19, que prejudicou muitos trabalhadores. Segundo a prefeitura de Pontal do Paraná em outubro deste ano havia 68 famílias no local, com 18 casas fechadas. O MPM aponta que ao menos 80 famílias viviam na ocupação. Do total levantado pela prefeitura, 50 famílias estão inscritas no Cadastro de Pretendentes à Habitação de Interesse social.
Conforme a prefeitura houve reunião, mas apenas quatro famílias optaram por receber aluguel social por seis meses e as demais concordaram em receber R$ 385,30 em até seis meses. Até agora foram pagos 30 benefícios.
Em nota a assessoria de imprensa informou que a prefeitura “segue prestando assistência através das secretarias municipais”.