Designer curitibana é vice-campeã de prêmio europeu para jovens inventores

Rafaella de Bona Gonçalves, que desenvolveu um projeto de absorventes biodegradáveis voltados à população em situação de rua, concorria com jovens do Reino Unido, Estados Unidos e Bélgica

A designer curitibana Rafaella de Bona Gonçalves ficou em segundo lugar no prêmio Jovens Inventores (Young Inventors), promovido pelo Escritório Europeu de Patentes (EPO), com o projeto de absorventes biodegradáveis voltados à população em situação de vulnerabilidade social. A premiação ocorreu nesta terça-feira (21), em Munique, na Alemanha. 

Além do troféu, Rafaella também recebeu 10 mil euros que, segundo a designer, serão investidos em maquinário para viabilizar uma produção em larga escala e posterior venda dos absorventes na base do “compre um, doe um”. 

“Rafaella de Bona Gonçalves demonstrou notável criatividade, determinação e compaixão no desenvolvimento de seus produtos para aliviar os problemas de pobreza menstrual entre grupos desfavorecidos no Brasil. Seu compromisso com a sustentabilidade vai ao longo da cadeia de valor, desde as matérias-primas até o marketing”, disse António Campinos, presidente do EPO.

A curitibana concorria com outros jovens dos Estados Unidos, Bélgica e Reino Unido na primeira edição do Young Inventors, que faz parte do European Inventor Award, um dos prêmios de inovação mais prestigiados da Europa. O júri foi composto por antigos finalistas do European Inventor Award.

Os finalistas do European Inventor Award 2022 na cerimônia de premiação. Foto: Escritório Europeu de Patentes

Eu faço parte

A primeira vez que Rafaella se deparou com o termo pobreza menstrual foi durante um curso de design que visava soluções para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Impactada pela realidade de muitas pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica que não têm acesso a itens de higiene pessoal, banheiro e água potável, Rafaella decidiu desenvolver absorventes biodegradáveis que pudessem ser um caminho para a dignidade menstrual dessa parcela da população.

O primeiro projeto, chamado “Maria”, foi um absorvente interno descartável totalmente biodegradável. A ideia era que o produto fosse um rolo, semelhante ao do papel higiênico, que desenrola folhas conectadas de material absorvente de fibra de banana em camadas, as quais poderiam ser arrancadas, desdobradas e enroladas em tampões de qualquer tamanho.

No entanto, depois de entender que o “Maria” precisava de adaptações, Rafaella optou por um absorvente multifuncional biodegradável projetado para ser de baixo custo e acessível por meio de modelos de negócios solidários. Este produto, batizado de “Eu faço parte”, pode ser usado como absorvente com tiras adesivas ou rasgado ao longo de perfurações para ser convertido em dois tampões, dependendo da preferência ou das circunstâncias pessoais de vida de cada usuário.

Sustentável, acessível e inclusivo

Segundo a designer, o objetivo do projeto é ser ambientalmente sustentável, estar disponível para todos que precisam e abarcar a diversidade de gênero. Os absorventes contêm fibra de bambu na primeira camada, fibra de banana, espuma de soja ou celulose de madeira na segunda e uma camada externa impermeável e biodegradável. Eles serão vendidos por meio do modelo “compre um, doe um”, que envolve a venda de um produto premium com um segundo sendo doado para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima