Curitiba registra aumento de infecção que ataca gatos e pode ser transmitida a humanos

A doença pode atacar diversos animais, inclusive humanos, mas sua forma mais grave é encontrada nos gatos

Curitiba tem registrado aumento no número de casos de Esporotricose, uma micose subcutânea que surge quando o fungo do gênero Sporothrix entra no organismo, por meio de uma ferida na pele. A doença pode atacar diversos animais, inclusive humanos, mas sua forma mais grave é encontrada nos gatos. Os felinos, segundo informações da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), são os animais que têm maior risco de transmitir a doença para humanos. 

Ainda de acordo com a SBD, nos felinos, os sintomas mais comuns são as lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas profundas, geralmente com pus, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente. Em seres humanos, normalmente, a infecção é benigna e se limita apenas à pele, mas há casos em que ela se espalha por meio da corrente sanguínea e atinge ossos e órgãos internos.

A prefeitura de Curitiba não faz uma contagem unificada dos casos da doença, mas clínicas veterinárias e universidades que mantêm atendimento de saúde relatam aumento expressivo nos casos. 

Segundo o professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da PUC-PR, Marconi Rodrigues de Farias, o número de animais que apresentaram a patologia no hospital veterinário da universidade com o passar dos anos aumentou expressivamente: “Em 2015, os casos não eram nem computados, tínhamos um ou dois casos por ano. Em 2016, nós tivemos 14 casos. Esse ano, até agora, a gente teve cerca de 300 a 400 casos em felinos, um aumento muito significativo”, declara. 

O crescimento também foi percebido nos casos em humanos, diz Regielly Cognialli, doutoranda do Hospital das Clínicas que mapeia os casos da doença no local. “Estamos mapeando os casos de esporotricose humana atendidos no HC. Fizemos uma casuística dos últimos 10 anos: tivemos 175 casos e em 171 a transmissão foi zoonótica [por meio de animais]. Tivemos um aumento exponencial, 60% dos casos aconteceram de 2019 para cá. Desde a década de 90 a forma zoonótica já era conhecida. Agora está ocorrendo um surto no Brasil, mas ela já atingiu países limítrofes como a Argentina”, alerta.

Os especialistas identificaram a predominância da doença em determinadas áreas de Curitiba e região:os bairros Boa Vista, Barreirinha, CIC, Parolin, Sítio Cercado, Fazendinha e Campo Comprido; e a região de Almirante Tamandaré e Colombo.

O que fazer em caso de contaminação? 

Segundo a médica veterinária especializada em felinos Ana Paula Sabiao, apesar do alto número de casos, o tratamento não é complicado: “Uma vez que você observa um animal com feridas múltiplas pelo corpo que podem lembrar a esporotricose, a primeira coisa que deve ser feita é procurar um atendimento veterinário. É uma doença que tem cura na maioria dos casos e o tratamento é relativamente simples: clínico, em casa e com uso de medicação uma vez ao dia. Se o paciente descobre cedo é super tranquilo de tratar. Em casos mais graves podemos ter alguma dificuldade de fazer o tratamento pelo número de feridas no animal”, explica.

Em humanos, a doença não é considerada grave e tem cura. Porém, seu tratamento deve começar logo. De acordo com a SBD, são raros os registros de mortes e eles estão associados a pessoas com baixa imunidade. O tratamento medicamentoso, com acompanhamento médico, pode levar de três a seis meses

Como evitar?

Sabiao ressalta que a melhor forma de evitar a contaminação dos felinos é os deixando dentro de casa para que não contraiam não só a esporotricose como também outras doenças: “O lugar do gato é dentro de casa. Ele é um animal que estando fora do ambiente do lar, está sujeito a diversos problemas. A esporotricose é só mais um dos problemas que ele pode ter. Através de arranhadura ele pode adquirir outras várias doenças”, diz.  

Para os humanos, ainda de acordo com a SBD, no caso de o animal de estimação apresentar a doença, o ideal é que ele seja isolado e receba tratamento. É importante frisar que em caso de morte do animal com esporotricose, o corpo precisa ser cremado e não enterrado, para que o fungo não se espalhe pelo solo.

Por Jully Ana Mendes sob orientação de João Frey

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2 comentários em “Curitiba registra aumento de infecção que ataca gatos e pode ser transmitida a humanos”

  1. Gisele Pesquero Fernandes

    Parabéns pela reportagem e pelo belíssimo trabalho realizado pelos pesquisadores. O conhecimento é a melhor forma de enfrentarmos os problemas, principalmente os de utilidade pública. A ciência e a divulgação com liberdade de expressão caminhando juntas.

  2. Essa doença, é terrível e cruel. Meu amado gato Martín, não resistiu a ela. Fizemos o possível,mas a esporiotricose venceu.
    Depois de um tempo outro gato com essa doença ” caiu no meu colo” mas esse conseguiu vence- lá. Está curado.

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