Torcedoras curitibanas cobram mais segurança em estádios

Vereadora Maria Letícia (PV) realizou reunião com torcedoras na Câmara e apresentou minuta de um projeto de lei que deve ser apresentado aos parlamentares

Nesta terça-feira (08) torcedoras de diversos clubes participaram de uma reunião promovida pelo mandato da vereadora Maria Letícia (PV) na Câmara de Curitiba para discutir a segurança feminina nos estádios de futebol. A ideia é criar um projeto de lei para dar mais segurança às mulheres nestes eventos esportivos.

A presença feminina nos estádios é grande. Prova disso foi o grande público nos jogos de Atheltico e Coritiba que tiveram presença apenas de mulheres e crianças, ocorridos no mês passado.

Ambos os clubes haviam sido punidos pela Justiça Desportiva do Paraná com perda de mando de campo. A pena foi revertida para jogos apenas com presença de mulheres e crianças até 12 anos, com entrada a custo de 1 quilo de alimento.

As torcedoras lotaram Arena da Baixada e Couto Pereira e o fato repercutiu em todo Brasil. O clima no estádio, segundo athleticanas e coxas-brancas ouvidas pelo Plural era bem diferente dos jogos com público amplo. De acordo com elas havia mais segurança.

Na Câmara

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP-PR) não tem levantamentos específicos de casos de assédio sexual contra mulheres em estádios.

A segurança em eventos esportivos é feita pela Polícia Militar (PM) e conta com a Delegacia Móvel de Atendimento a Futebol e Eventos (Demafe) da Polícia Civil (PC), que alega haver pouca demanda de denúncias de casos de assédio.

Por outro lado, torcedoras fizeram inúmeros relatos de dificuldade no atendimento e até mesmo na identificação de agressores nos estádios de Curitiba durante a reunião na Câmara.

Durante a conversa Maria Letícia apresentou a minuta de um projeto de Lei que deve ser apresentado ainda neste ano aos vereadores.

Entre outros pontos, a minuta indica a necessidade de mais agilidade no atendimento, de campanhas publicitárias de conscientização para torcedores e torcedoras sobre o que é assédio e como denunciar.

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“Também vamos chamar as autoridades para conversar. Órgãos de segurança, presidentes de torcidas organizadas, presidentes dos clubes de futebol de Curitiba. Não podemos fingir que assédio não existe”, disse a parlamentar.

Torcedoras do Athletico, Coritiba, Paraná Clube, Grêmio, Internacional, Palmeiras e Corinthians participaram da reunião, incluindo membras de organizadas.

Todas as participantes puderam falar sobre como é a segurança para as mulheres em estádio e também sugerir pontos a serem incluídos no projeto de lei. Uma nova reunião deve acontecer para ajustar os detalhes do texto.

Entre outras determinações, a minuta prevê instalação de placas nos estádios com os termos da lei e com as penas referentes aos atos de violência e importunação contra mulheres, bem como utilizar o sistema de áudio e vídeo dos estádios para informar quanto às atitudes que devem ser tomadas pela vítima para fazer valer seus direitos, como acontece no Mineirão, em Belo Horizonte.

Staff despreparado

Torcedoras também reclamaram que há despreparo das autoridades no atendimento de casos de importunação e assédio sexual nos estádios.

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Por essa razão o projeto de lei deve também orientar que sejam implantadas medidas de treinamento e capacitação para staff e colaboradores dos clubes para agir nestas situações, além do aumento no número de câmeras de segurança dentro e nas imediações dos estádios.

Fora de campo

Torcedoras também sugeriram acionamento da URBS para que a empresa disponibilize linhas exclusivas para mulheres em dias de jogos.

A Federação Paranaense também deve ser chamada para o debate, para que haja previsões de segurança às mulheres dentro dos regulamentos das competições.

Clubes

As mulheres também observaram que os próprios clubes devem promover campanhas de conscientização contra o assédio, inclusive voltada para homens.

O Plural questionou os clubes de Curitiba sobre os procedimentos adotados em casos de assédio ou importunação, além da existência de protocolos no atendimento das vítimas, mas nenhum deles respondeu até a publicação do texto.

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