Como escolher em quem votar para deputado(a)?

Cinco passos para escolher seus candidatos ou candidatas a Câmara Federal e Assembleia Legislativa

Falta pouco mais de um mês para a eleição de 2022 e é hora de começar a preencher a colinha com seus candidatos e candidatas a cinco cargos: presidente, governador ou governadora, senador ou senadora, deputado ou deputada federal e deputado ou deputada estadual. É provável que você já tenha decidido ou pelo menos discutido seus votos para presidente e governador(a), já que essa eleição acaba dominando a atenção de todos. Mas como é que decidimos nosso voto para o legislativo?

No Paraná, estão em disputa 30 vagas na Câmara Federal e 54 na Assembleia Legislativa. Em muitos sentidos, a eleição dos deputados e deputados da próxima legislatura é muito mais importante e complexa que a para o Executivo.

Eleger um corpo legislativo com maioria na base do governador ou governadora eleito/a é facilitar a vida do executivo, mas também ter quatro anos de pouca margem de manobra para usar a Assembleia como poder ponderador. Por outro lado, bancadas muito pequenas e sem poder de articulação podem ter sua efetividade prejudicada.

Além disso, na eleição para o legislativo é preciso saber que pouquíssimos eleitos se elegem com os próprios votos. Eles dependem dos votos na legenda e dos votos dos candidatos. Ou seja, seu voto pode eleger seu (ou sua) candidato(a), mas muito provavelmente irá ajudar a eleger outras pessoas. É fundamental ter isso em mente na hora de escolher em quem votar. Mas vamos ver cinco passos para escolher o seu ou sua candidato(a):

Passo 1: Eleger qual turma?

O Poder Legislativo produz as leis que deverão ser colocadas em prática pelo Executivo. Então antes de decidir um nome para colocar na sua colinha, é legal pensar, afinal, de que turma você é. Qual seu candidato(a) a governador(a)? Qual sua bandeira ou causa?

Para te ajudar, colocamos acima a atual configuração das bancadas paranaenses na Assembleia e na Câmara Federal. Hoje a grande maioria dos nossos deputados e deputadas estão na base do governo Bolsonaro e do governo Ratinho Junior e não devem mudar muito de posição mesmo que o titular do executivo não se reeleja, é improvável que essas turmas migrem para a base de um eventual governo Lula (ou Ciro) ou, no Paraná, um governo Requião.

Mas essas não são as únicas turmas a se considerar. Você pode ser da turma que quer um legislativo mais diverso, por exemplo. Aí é interessante conferir a lista de candidatas mulheres ou a de candidatos negros. Além disso temos o pessoal da pauta ambiental, os que professores, os sindicalistas.

Aqui o importante é saber que muito embora você possa votar em uma pessoa, você está comprando um pacote. Qual o pacote que vai com o seu/sua candidato/candidata?

Confira a lista de candidatos por legenda:

Passo 2: Qual a turma do(a) seu(sua) candidato(a)?

Essa fase exige um pouco de talento “stalker” da sua parte. Veja bem, você escolheu uma turma e quer escolher seu candidato ou candidata, certo? Vamos supor que a sua turma seja a dos ambientalistas. Você quer um parlamentar que tenha como pauta a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Perfeito.

Vamos super que a sua candidata é a Ana, cujo currículo contém um compromisso que você acha relevante na área. Mas a Ana é do Partido X. Será que a turma dela também é comprometida com essa agenda ambiental?

É que a Ana, se eleita, não será eleita só com os votos dela. Ou caso ela não seja eleita, é possível que os votos dela ajudem a eleger outra pessoa. A eleição para o legislativo é proporcional. O número de votos necessários para conseguir uma vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal é calculado dividindo o total de votos válidos pelo total de vagas.

A previsão para 2022 é que o quociente eleitoral fique entre 95 e 100 mil votos na Assembleia Legislativa do Paraná e 190 e 200 mil votos para a bancada do estado na Câmara Federal. Em 2018, apenas um dos 54 deputados(as) estaduais se elegeu com mais votos que o coeficiente eleitoral: Alexandre Khury, então no PSB. Na bancada paranaense na Câmara, foram só 3 dos 30 eleitos: Sargento Fahur (PSD), Felipe Francischini (União) e Gleisi Hoffmann (PT).

Na prática, votar numa eleição proporcional significa que você nunca está votando só no candidato escolhido, mas no pacote que ele representa. Então é bom verificar se nesse pacote não vai junto uma ou mais maçãs indesejáveis. Ou você pode mirar num ambientalista e eleger alguém que defende exatamente o contrário.

Passo 3: Analise a situação

O Poder Legislativo existe para colocar limites e fiscalizar o Poder Executivo. Então o ideal é levar isso em consideração ao decidir seu voto. Seu candidato será oposição ou situação na Assembleia ou Câmara? Ele fará parte de qual bancada? Terá aliados? Enfrentará oposição as suas ideias?

Por exemplo, uma candidata feminista irá certamente enfrentar forte oposição da bancada evangélica e a bancada da “bala” (policiais e outros representantes das forças de segurança). Na sua opinião é melhor um(a) parlamentar que é mais combativo(a) ou um que tem perfil negociador?

(Claro, extremamente difícil identificar isso em pessoas que não tem atuação anterior no legislativo. Mas um passado de articulação em projetos ou campanhas sociais pode ser um indicador).

Você pode procurar a ajuda de pessoas do setor para identificar potenciais candidatos. Se alguém se diz envolvido na causa das pessoas deficientes, por exemplo, as instituições do setor, os conselhos de direito vão conhecê-lo.

4) Analise seu(sua) escolhido(a)

Tem alguns nomes em vista? Que tal ir a eventos de campanha? Ler o material do/da candidato ou candidata? Acompanhar lives, redes sociais, etc. Verifique se a pessoa tem consistência no que diz, como ela se apresenta e que expectativas tem em relação ao cargo.

Outra informação importante é verificar se ele ou ela estão fazendo campanha (a ausência de ações de campanha é um forte indicador de candidaturas “laranja”, ou seja, que existem só para preencher espaço na chapa), se há recursos, pessoas envolvidas.

Por fim, verifique em quais condições seu candidato se torna viável. No caso da disputa de vaga para deputado federal, os candidatos eleitos em 2018 fizeram, em média, 107 mil votos. Em alguns partidos, essa média pode ser menor. Por exemplo, em 2018 a deputada federal Aline Sleutjes (PSL) se elegeu com apenas 33 mil votos graças a outros puxadores de voto do partido naquela ocasião.

No caso da Assembleia Legislativa, a média de votos dos eleitos em 2018 foi de 47 mil votos. Mas o eleito menos votos fez 21 mil votos. No PSL, por exemplo, o último eleito pela legenda, o deputado Missionário Arruda, fez 27 mil votos, bem menos que os quase 100 mil do quociente eleitoral.

Outro indicador é a estrutura que o partido está dando para os candidatos em termos de repasses dos recursos do fundo eleitoral, fornecimento de material de campanha, espaço, etc. Alguns partidos concentram todos os recursos em dois, três e até mesmo em um único candidato, deixando os demais pra lutar por conta própria. Como saber isso? Conferindo o comportamento passado do partido e as prestações de contas parciais dessa eleição.

5) Faça campanha

Até o dia 1o. de outubro (um dia antes do primeiro turno) todo mundo pode fazer campanha. E se você quer dar uma chance para seu candidato ou candidata, sua participação é essencial. Fazer campanha é mais do que chancelar o (a) escolhido(a), é se responsabilizar por ele. Por outro lado, como cada um tem um único voto, você precisa de outros para eleger alguém.

Mas o que você pode fazer como campanha?

  • mandar mensagens para conhecidos promovendo sua (seu) candidata (o)
  • declarar voto nas redes sociais
  • doar recursos para a campanha
  • organizar reuniões para apresentar sua (seu) candidata (o) a outros
  • colocar material de campanha na sua casa e/ou carro/moto, bicicleta
  • distribuir material de campanha
  • chamar candidatas e candidatos para conversar com seus grupos sociais no seu sindicato, igreja, clube social etc
  • não esqueça de promover o “Nome de urna” e o número do/a candidato/a

Lembre-se que promover uma candidata ou candidato é mostrar o que essa pessoa e seu grupo/coligação ou partido tem que a/o tornam interessante. Reconheça os desafios que essa pessoa irá enfrentar e a quem ela irá fazer oposição. Mas lembre-se que, muito embora ter inimigos em comum seja uma experiência unificadora, é mais produtivo fazer campanha a favor que contra.

Algumas estratégias eficientes de iniciar uma discussão produtiva sobre a eleição:

  • ter em mãos dados e informações sobre a causa e o impacto do legislativo na área
  • conhecer o histórico do assunto, especialmente no legislativo
  • iniciar a conversa pedindo que as pessoas falem sobre a experiência delas em relação ao tema e conduzir a conversa a partir daí
  • lembre-se que as pessoas gostam de ser ouvidas
  • se antecipe a críticas ou argumentos que possam surgir

E o que você não pode fazer?

  • caluniar candidatos ou candidatas (ou seja, acusá-los de crime sem provas). Lembre-se, boato não é fato
  • destruir ou danificar material de campanha de outros candidatos
  • compartilhar informação falsa sobre outros
  • fazer campanha no dia da eleição (nada de disparar aquela mensagem de whats geral no dia da eleição)
  • prometer brinde, presente ou vantagens em troca de votos
  • expor material de campanha em propriedade privada sem autorização
  • expor material de campanha em propriedade pública

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Como escolher em quem votar para deputado(a)?”

  1. Escolhe aquele que em teoria defende aquilo que vc achar certo. Na pratica não são os mais votados que se elegem. Então pelos menos escolha o que vc quer já que o sistema é contra a democracia.

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