O governador Ratinho Jr. (PSD) vem enfrentando nos últimos dias um aumento de pressão da sua base na Assembleia para que sejam nomeados logo os cargos de segundo e terceiro escalões. Os deputados pretendem emplacar seus aliados em posições estratégicas, e reclamam que o governo vem demorando demais em atender os pedidos.
Numa votação sem maior relevância nesta terça, deputados de cinco partidos com representação significativa deram um recado para o Palácio Iguaçu. O PSL, o PPS e o PP votaram contra o governo somente para deixar clara a insatisfação atual.
Tradicionalmente, os parlamentares que votam com o governo são chamados a indicar chefes de repartições nas áreas do estado em que são mais votados. Siretrans, chefias de núcleos de educação, regionais de todo tipo de secretaria entram na divisão do butim – com isso, os deputados ganham influência no governo e o Executivo consegue atrair mais votos para os projetos que considera importantes.
No caso do governo Ratinho, o acordo vai no mesmo sentido – não se trata de uma negativa do governo em fazer o mesmo tipo de acordo. Mas os deputados acham que as nomeações estão acontecendo num ritmo muito lento. Isso pode estar acontecendo porque o governo ainda não passou por nenhum teste no Legislativo, e não sabe com quais deputados pode de fato contar.
Nesta semana, os deputados do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, liderados pelo presidente da CCJ, Fernando Francischini, se reuniram e decidiram informar que podem deixar a base do governo Ratinho. Trata-se de uma questão delicada: o PSL hoje tem a maior bancada da Assembleia Legislativa, com oito dos 54 deputados. A saída poderia causar problemas reais para o governo.
Ninguém acha de fato que o partido vá passar para a oposição – a ideia é fazer pressão para que as nomeações aconteçam. O centro da pressão é o chefe da Casa Civil, Guto Silva (PSD), ele próprio deputado licenciado. Colegas irritados dizem que Guto teria nomeado os próprios aliados, mas não faria o mesmo pelos demais deputados.
Hoje Ratinho tem uma maioria esmagadora na Assembleia. A oposição se restringe a meia dúzia de deputados petistas ou ligados a Roberto Requião (MDB). É possível que a situação comece a mudar à medida que projetos mais polêmicos, como o fim das licenças-prêmio, cheguem para votação. Mas a falta de negociação, alertam os aliados, pode mudar esse quadro antecipadamente.
Eleito com o discurso de uma “nova política”, que aparentemente seria incompatível com esse tipo de loteamento, Ratinho terá de decidir até onde aceitará ceder em nome de manter a tropa unida.
Veja quais os governistas que votaram contra Ratinho nesta terça:
- Delegado Fernando (PSL)
- Do Carmo (PSL)
- Emerson Bacil (PSL)
- Fernando Francischini (PSL)
- Luiz Fernando Guerra (PSL)
- Ricardo Arruda (PSL)
- Subtenente Everton (PSL)
- Gilberto Ribeiro (PP)
- Luiz Carlos Martins (PP)
- Maria Victoria (PP)
- Cristina Silvestri (PPS)
- Douglas Fabrício (PPS)
- Boca Aberta Jr (Pros)
- Dr. Batista (PMN)