Em inauguração de casa de passagem, Greca critica atuação da Defensoria Pública junto à população de rua

Defensoria emitiu nota e disse que “realiza um trabalho notoriamente reconhecido em favor das pessoas que vivem em situação de rua”

Nesta sexta-feira (01) o prefeito Rafael Greca (DEM) alfinetou a Defensoria Pública do Estado (DPE) durante o discurso feito na inauguração de uma casa de passagem para pessoas em situação de rua em Curitiba.

A Casa de Passagem Padre Pio e o Centro de Referência Especializado para População de Rua (Centro Pop) ficam na Praça Solidariedade, no Rebouças, onde a prefeitura mantém um complexo com serviços.

Greca agradeceu às entidades religiosas de que atuam em parceria com a prefeitura e disse que era preciso que existisse a “verdadeira defensoria pública das mesas solidárias”.

Funcionários da prefeitura, vereadores e o defensor público Antônio Vitor Barbosa de Almeida acompanhavam o evento, entre outras autoridades.

As falas de Greca foram rebatidas pela DPE, por meio de nota assinada pela 1ª subdefensora pública-geral, doutora Olenka Lins e Silva.

O documento foi publicado no site oficial da defensoria e diz que o trabalho dos defensores e defensoras em favor da população em situação de rua é “notoriamente reconhecido em favor das pessoas que vivem em situação de rua, por meio de uma atuação integral e multidisciplinar que abrange vários setores, e especialmente por meio do Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH), órgão especializado ao qual compete propor e monitorar políticas públicas na área”.

Pessoa em situação de rua circula pelo centro de Curitiba | Foto: Tami Taketani/Plural.

O atrito ocorre porque a DPE pede à FAS que não faça remoções forçadas da população em situação de rua. Com o advento da pandemia, a defensoria apontou ainda que havia falta de banheiros públicos, acesso à água e outros equipamentos de proteção à população vulnerável, o que irritou o prefeito.

Em 2020 por exemplo, a prefeitura entrou com um recurso contra um pedido feito pela DPE e Defensoria Pública da União, deferido pela Justiça, que previa acesso gratuito aos sanitários. Para a prefeitura isso estimula a permanência das pessoas na rua.

Ao longo do discurso Greca afirmou que não existe o direito de condenar alguém a viver com bichos, ao falar das pessoas em situação de rua. As críticas do prefeito haviam sido publicadas no texto sobre a inauguração na página do município na internet, mas foram retiradas após a divulgação da nota da DPE.

A DPE esclareceu que “não incentiva essa população a permanecer nas ruas – o que se defende é que ela seja ouvida quando da proposição e execução de políticas públicas a ela direcionadas, que seja acolhida, e que a complexidade e vulnerabilidade de sua situação seja levada em conta para que uma mudança real e efetiva ocorra”.

A Casa de Passagem Padre Pio tem capacidade para atender diariamente até 110 pessoas, homens de 18 a 59 anos. O imóvel de 1.000 metros quadrados passou por uma ampla reforma, foi totalmente reestruturado, obra que custou mais de R$ 2 milhões.

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4 comentários em “Em inauguração de casa de passagem, Greca critica atuação da Defensoria Pública junto à população de rua”

  1. Concordo com o prefeito! Querer manter a pessoa na rua em situação de miséria é um absurdo. A defensoria deve ajudar a tirar estas pessoas da rua e nao estimular que morem nas praças

  2. O duro disto é ter aguentar mais dois anos com esse prefeito . Encheu a cidade de radar para angariar verbas , só fala asneira e tem uma péssima administração. Vai embora logo Sr Greca. Curitiba quer esquecer o senhor com seu ego inflamado.

  3. Prefeitura higienista, quer apenas “limpar” a cidade , não se importa de fato com essa população. Ainda bem que temos alguns órgãos que fazem frente a essas políticas. Parabéns à Defensoria Publica.

  4. Quem está com a barriga cheia não sente a fome do outro. Banheiros públicos é questão de saúde pública. Já vi pessoas em situação de ruas tomando banho em chafariz de praça pública em Curitiba.
    É constrangedor saber que o administrador da cidade trata pessoas como bichos, sem necessidades fisiológicas. Vejo que as estações de tubos também não tem banheiros, os cobradores que ali trabalham precisam recorrer ao comércio local. Cidade limpa é a que oferece estrutura de limpeza para quem vive nela.

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