Assembleia terá bancada feminina oficializada. É pouco, mas ajuda

São só cinco deputadas para 54 vagas. Agora, elas terão lugar na direção da Assembleia

Pela primeira vez, a Assembleia Legislativa do Paraná vai ter uma bancada feminina oficializada. As cinco deputadas estaduais formarão um grupo à parte, como se fossem um partido, e com isso passarão a ter direito obrigatoriamente a posições na Mesa Diretora. Hoje, a Mesa tem nove cargos, todos ocupados por homens. Como o único critério para ocupação das vagas é a proporcionalidade das bancadas, achou-se um mecanismo para que as mulheres tenham uma bancada que garanta também uma participação.

Hoje, dos 54 deputados estaduais do Paraná, são 49 homens e cinco mulheres – menos de 10%, quando na população as mulheres representam pouco mais da metade do total. Esse déficit tem várias origens, entre eles a pequena margem que as mulheres eleitas têm para ocupar posições mais relevantes nos Legislativos – no Paraná, por exemplo, jamais uma mulher foi eleita para presidir a Assembleia.

Na atual formação, as cinco componentes da bancada serão Cantora Mara Lima, Cristina Silvestri, Luciana Rafagnin, Mabel Canto e Maria Victória. A deputada Cristina Silvestri (Cidadania), uma das autoras do projeto, falou com o Plural sobre a ideia da bancada.

Qual a importância de existir uma bancada feminina?
Fortalecer e valorizar a participação feminina no Legislativo. Isso vai incentivar e encorajar mais mulheres a ingressarem na política.

As mulheres continuam sendo minoria absoluta no Legislativo e quase não se elegem para o Executivo. O que precisa mudar?
Temos muita coisa para mudar. A primeira é combater a violência política contras as mulheres. Tão difícil quanto se candidatar e se eleger é ocupar um cargo eletivo em um ambiente que ainda é muito machista. A criminalização da violência política de gênero, em 2021, foi um grande passo. Mas ainda temos que avançar muito até que possamos exercer nosso direito político em pé de igualdade com os homens.

Como será a ação da bancada? Existem pautas definidas?
Na prática, nós deputadas já nos posicionamos de forma conjuntas em diversas pautas, não apenas aquelas relacionadas à violência a mulher, mas também na área da saúde, direitos humanos, esporte, educação, agricultura, meio ambiente, entre outros. O olhar feminino sobre algumas pautas, com empatia e sororidade, é muito necessário. É assim que pretendemos continuar atuando, mas a partir de agora com um instrumento formal para votos e posicionamentos.

É comum que as mulheres eleitas para cargo não se vejam alinhadas com pautas feministas. Como a senhora vê isso?
É verdade que alguns assuntos feministas geram polêmica e dividem opiniões entre as mulheres. Na Assembleia Legislativa do Paraná, apesar das diferenças ideológicas e partidárias, não tivemos nenhum episódio em que isso ocorreu entre nós, deputadas. Por isso, acredito que uma bancada feminina, pluralista, a primeira supra-partidária da Casa, será muito produtiva, inclusive para darmos o exemplo.

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