O ponto de partida do documentário “Smash His Camera” é uma exposição do fotógrafo Ron Galella (1931–2022) em um museu de Nova York. Isso porque o diretor Leon Gast se dá o trabalho de perguntar para especialistas da área se o trabalho de Galella merece mesmo estar num museu. As respostas variam entre um “sim” entusiasmado e uma bufada de desprezo.
Galella era um paparazzo. Talvez o mais famoso que já existiu em sua profissão. Certamente, é o único que ganhou um documentário sobre sua obra. E o filme é muito bom. Produzido em 2010, ele entrou há pouco no acervo da MUBI. Como todo documentário que se preza, esse tem ótimos personagens.
Ainda que você despreze o que os paparazzi fazem para ganhar a vida – e muita gente despreza, tanto no meio jornalístico quanto no artístico –, “Smash His Camera” tem chance de conquistar você pelas histórias pitorescas que narra. Para o bem e para o mal.
Smash His Camera
Uma parte substancial do filme fala sobre como Galella virou uma espécie de abutre em torno de Jacqueline Kennedy Onassis, perseguindo não só ela, mas também seus filhos, aonde quer que fossem. Os dois protagonizaram um cabo de guerra judicial, com processos dos dois lados, e fizeram a festa dos tabloides nos anos 1980.
Outro episódio famoso envolve o ator Marlon Brando. Quando viu Galella se aproximando, Brando orientou o amigo que estava com ele a manter uma expressão de indiferença, dizendo que isso frustraria o fotógrafo e, com sorte, ele iria embora. Mas Galella era famoso também pela persistência e acabou levando um sopapo de Brando. (Sim, o paparazzo processou o ator e ganhou. Mais tarde, reapareceu na cola de Brando, usando um capacete de futebol americano.)
A discussão sobre se o trabalho de Galella é fotojornalismo ou arte não terminou. Mas o documentário de Leon Gast consegue ser um belo exemplo das duas coisas.
Onde assistir
“Smash His Camera” está em cartaz na MUBI.
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