Um pacote de quatro livros que chegou às livrarias neste mês de maio foi a inauguração silenciosa mas tremendamente eloquente de uma nova editora do país. Por causa da pandemia, não foi possível fazer festa ou aglomeração, como seria o caso para comemorar. O que importa, porém, é que os livros nasceram, e com eles nasceu a Fósforo.
A editora, com sede em São Paulo, estava planejada desde o ano passado, mas claro que o coronavírus estragou tudo. Agora, os três sócios acharam que não era mais o caso de esperar. “Resolvemos que o melhor era colocar os livros no mercado e começar a trabalhar de uma vez”, diz Rita Mattar, editora e uma das fundadoras da casa. “A festa fica para depois.”
Os quatro primeiros livros são bem variados: há um ensaio que mais parece romance; dois livros de contos; e uma não-ficção. Não é à toa: a ideia é que, ao invés do perfil de nicho, que tem sido o predileto de nove a cada dez novas editoras pequenas, a Fósforo siga no caminho da proverbial caixa de bombons de Forrest Gump – a cada mês pode vir uma coisa diferente.
“Acho que a nossa cara vai se estabelecer com o tempo”, diz Rita, que já passou por várias editoras, como Companhia das Letras-Penguin e Três Estrelas. “As pessoas perguntam qual é o nosso caminho e no momento é difícil responder. Temos uma ideia clara e ela vai ficar cada vez mais nítida para quem nos acompanhar.”
Dos quatro primeiros livros, dois são brasileiros. Um é “O 13 de Maio”, que reúne contos inéditos em livro publicados na época da abolição. Os textos do maranhense Astolfo Marques foram organizados por Matheus Gato.
O segundo livro nacional é do jornalista Marcelo Leite e trata de drogas psicodélicas. “Psiconautas: viagens com a ciência psicodélica brasileira” fala sobre pesquisas que revelam usos promissores de substâncias como o LSD e o ayahuasca em tratamentos medicinais.
Os dois livros estrangeiros são de países diferentes. Do clássico autor americano W.E.B. Du Bois vem “O Cometa”, um conto que é seguido por um segundo texto escrito cem anos depois por Saidiya Hartman. O centro do volume é a discussão sobre os negros americanos.
O último livro do pacote inicial é da francesa Annie Ernaux. “O Lugar”, um texto de apenas 72 páginas, é tido como obra inaugural da autora, que transita no limite entre ficção e ensaio.
A Fósforo tem raízes em outro projeto editorial, a Três Estrelas. Fernanda Diamant, conhecida como curadora da Flip, é viúva do jornalista Otavio Frias Filho, que comandou a redação da Folha de S.Paulo por anos, até a sua morte.
A Três Estrelas era parte do grupo, e publicava principalmente livros de não-ficção, alguns dos quais serão relançados agora na nova casa – que nada tem a ver com a Folha. O terceiro sócio é o advogado Luís Francisco Carvalho Filho.
A editora pretende lançar 24 livros ainda em 2021, uma meta ousada para uma iniciante, ainda mais tendo em vista o quadro econômico do país. “Mas a gente viu que na pandemia as pessoas até passaram a ler mais. Estamos otimistas e temos um belo catálogo. Vai dar certo”, diz Rita.
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