As marchinhas contra Bolsonaro que ganharam o país

Família Passos grava vídeos semanais com músicas criticando o governo federal

O governo de Jair Bolsonaro (PSL) tinha apenas dez dias quando apareceu no YouTube uma marchinha chamada Talkey Talkey (A Culpa É do PT). No vídeo, que registrava improvisadamente num celular o grupo de três pessoas, a letra cantada tem trechos engraçados como “Nossa bandeira jamais será vermelha/Quem garantiu foi Jesus na goiabeira”.

Composta em menos de meia hora, segundo a família Passos, a música estourou. Hoje, só no canal do YouTube, são mais de 170 mil visualizações. Reni e Marília, que inventaram letra e música com a filha Ísis só por diversão, nem imaginavam que ia dar todo esse barulho. A música também acabou ganhando um concurso da CBN de marchinhas de carnaval.

Logo em seguida veio a ideia do que seria mais um sucesso. Uma crítica à Lava Jato que lembra os melhores jogos de palavras das marchas clássicas de carnaval. “O rapaz do Lava Jato me enganou/Lavou só o lado esquerdo do meu carro”, diz a letra.

Desde então, a família, já com o acréscimo da outra filha do casal, Lígia, tomou gosto pelas brincadeiras. São até duas marchinhas novas por semana, que fazem a felicidade de 30 mil inscritos no canal. Sem contar os que esbarram com as músicas nas redes sociais.

Marília, que passou décadas dando aulas de música e ensaiando corais, é a responsável pela composição musical. Nos vídeos, toca violão e canta, sempre com algum adereço compartilhado pelos outros membros da família. Reni, metalúrgico aposentado, faz a percussão.

As duas filhas, que sempre acompanharam a mãe e ensaiaram nos corais regidos por ela, fazem belas harmonias vocais. Também são responsáveis por ajudar na letra e na música.

Moradores de Curitiba desde sempre, os Passos dizem que não têm filiação partidária, mas evidentemente se incomodam com o governo bolsonarista, alvo da maior parte das críticas. “É um governo que não nos dá nenhuma alegria”, diz Marília.

Por enquanto, a atividade musical quase não dá remuneração para a trupe. “Tem uma quirerinha de patrocínio, parece”, diz a matriarca e compositora. Mas o que vale, diz ela, é a diversão.

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