Shopping Hauer vai desalojar maioria dos bares para dar lugar a complexo de clínicas

Apenas uma parte do centro de compras será afetada

*A matéria foi atualizada ao longo da manhã de quarta-feira (28).

O Shopping Hauer, que desde 2016 se fixou como ponto de encontro da noite e da gastronomia curitibana, vai virar um complexo de clínicas. Para dar lugar ao novo centro médico no Batel, a maioria dos bares e empreendimentos gastronômicos deverá deixar o local. O prazo, segundo um empresário ouvido pela reportagem, seria dia 1º de junho.

Pelo menos 13 estabelecimentos, entre uma hamburgueria, um bar de drinks e outros botecos serão afetados. São empreendimentos que ficam na Avenida do Batel e na Rua Coronel Dulcídio. Já pelo menos quatro empreendimentos, entre eles um wine bar, um bar japonês e uma lavanderia, que ficam na Rua Comendador Araújo e na esquina com a Coronel Dulcídio, não serão afetados pela mudança e devem permanecer no local.

O Shopping Hauer é atualmente controlado por duas propriedades. Uma delas vendeu a parte do imóvel sob seu controle para o Eco Medical Center, um complexo de consultórios multidisciplinares. A previsão é de que o novo centro seja inaugurado no segundo semestre de 2023. Até lá, o imóvel vai passar por uma grande reforma.

A informação sobre as negociações para transformar o shopping em complexo médico se espalhou nas últimas semanas e gerou mal-estar entre os donos de bares e restaurantes. Eles dizem que receberam a comunicação no começo deste mês e que foram pegos de surpresa.

“Peguei um financiamento de R$ 170 mil, inclusive para pagar o salário de oito funcionários no meio da pandemia, e estou fazendo uma reforma de R$ 50 mil para renovar o local. Se tivessem me avisado antes, eu não teria gastado esse dinheiro”, diz um empresário que não quer se identificar.

O presidente do Sindicato das Empresas de Gastronomia, Entretenimento e Similares de Curitiba (Sindiabrabar), Fábio Aguayo, afirmou que vai tentar ajudar donos de bares e restaurantes nas esferas administrativa e jurídica. “Muitos empresários fizeram investimentos, sofreram durante a pandemia, e não vão ter tempo de sobreviver nesse período. Vamos tentar ajudá-los. Uma coisa é certa: vai ser feito um novo empreendimento, mas não acaba o Shopping Hauer como um todo”, diz.

No ano passado, o Eco Medical Center firmou uma parceria com o Hospital IPO para a construção de um complexo médico no Água Verde com inauguração prevista para este ano. O investimento inicial foi de R$ 80 milhões. O dono do Eco Medical Center é também um dos sócios do IPO, mas a operação no Shopping Hauer é inteiramente do Eco Medical Center e não envolve o hospital.

Aglomerações podem ter motivado venda

O Shopping Hauer foi um dos pontos que mais registrou aglomerações desde o começo da pandemia. Em mais de uma ocasião, a Guarda Municipal dispersou centenas de pessoas que se reuniram no local sem respeitar o distanciamento social e o uso de máscara.

A aglomeração de pessoas na região motivou moradores do entorno a registrar reclamações, desde antes da pandemia. Em 4 de julho de 2018, o Ministério Público do Paraná instaurou procedimento administrativo relativo a perturbação do sossego e poluição sonora.

Em seguida, o MP abriu procedimentos individuais para cada um dos estabelecimentos a fim de verificar, separadamente, a regularidade das licenças urbanísticas e ambientais. Segundo o órgão, alguns empreendimentos tiveram alvará de localização e funcionamento cassado pela Secretaria Municipal do Urbanismo, já outros recorreram ao Tribunal de Justiça para garantir a continuidade de seu funcionamento.

Em nota, a Promotoria de Justiça informou que “devido ao tempo transcorrido desde o início das averiguações e por conta da pandemia de Covid-19, que resultou no fechamento de parte dos bares e restaurantes, foi expedido na semana passada um ofício à Ação Integrada de Fiscalização Urbana para que seja realizada fiscalização no local com o intuito de verificar quais estabelecimentos ainda permanecem em atividade”.

Nos bastidores, a especulação é de que a venda e a transformação do Shopping Hauer em complexo médico seria a forma mais eficiente para por fim a aglomerações de jovens que têm causados transtornos para moradores da região e o poder público. Uma situação agravada pela pandemia.

A reportagem não conseguiu contato com a administração do shopping.

*A primeira informação divulgada, de que o local seria transformado em hospital, foi corrigida: o espaço vai abrigar um complexo de consultórios médicos.

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8 comentários em “Shopping Hauer vai desalojar maioria dos bares para dar lugar a complexo de clínicas”

  1. Longe de mim me divertir com a desgraça alheia, mas um ponto que a matéria não aborda por razões de, sei lá, recorte temporal, é que o shopping, que é bastante antigo e que abrigava outras empresas, entre elas bares, sofreu um dramático processo de gentrificação a alguns anos atrás, ou seja, os bares que hoje sofrem pela expulsão expulsaram indiretamente outros comerciantes.

  2. Excelente matéria. Demorou para fechar aquele shopping nojento, com cheiro de urina, uso de drogas. Vai virar um hospital, um centro de cura, salvar vidas. Excelente notícia para o curitibano que não vai mais aguentar empresário que chora por lockdown, mas enche o bolso com o dinheiros dos alcoólatras mijadores

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